

Avó da Semana: PATRÍCIA FERREIRA DE LIMA
22/04/2017
"Há muito pouca paciência para educar os filhos por isso os pais deixam-nos fazer tudo o que querem, para não se chatearem."
Nunca se maquilha, usa normalmente jeans e ténis e a sua loja preferida é a Promod e “não, a moda não ocupa um lugar importante na minha vida principalmente por falta de dinheiro!” afirma sorrindo Patrícia Ferreira de Lima, a nossa Avó desta semana ,que apesar disso, não dispensa o seu perfume, Rive Gauche da Yves Saint Laurent.
Divorciada, vive em Cascais e trabalha como recepcionista num consultório de dermatologia. “De resto faço muitas caminhadas pelo paredão com o meu cão, e adoro ir tomar um café com as minhas amigas e ‘pôr a escrita em dia’. Também gosto muito fotografia, o meu hobby, que me ocupa muito do meu tempo livre”
Esclarece desde já que detesta cozinhar, embora seja um bom garfo “Adoro comer. Gosto principalmente de cozinha portuguesa e italiana e o meu prato preferido é cozido à portuguesa.”
Mas, pelo contrário, se pudesse vivia a viajar “ A minha viagem de sonho é a Nova Iorque e a que mais gostei foi à Califórnia e à Flórida. Estive lá um mês com a minha irmã que vivia lá, e simplesmente adorei!”
Hoje, os livros já não são as viagens que costumavam: “Hoje em dia não consigo concentrar-me por isso leio muito menos do que lia. O último livro que li foi ‘O Ultimo Papa’ de Luís Miguel Rocha que achei bastante interessante mas de facto, o livro da minha vida foi “Viagem ao mundo da droga”. Li-o quando tinha 15 anos e marcou-me e perturbou-me muito.”
Quando comparada, a sua infância: “foi completamente diferente da dos meus netos” explica “fazíamos muito vida de rua, andávamos de bicicleta, íamos para o clube de ténis, muita praia, muitos amigos para falar, rir, muitas festas em casas particulares... Foi uma infância e uma adolescência privilegiadas! Agora é um perigo os miúdos andarem por aí sozinhos... passam os dias agarrados aos pc’s falam com os amigos online... tudo tão diferente!”
O olhar com que Patrícia olha para a geração dos seus filhos é de alguma desilusão: “há muito pouca paciência para educar os filhos por isso deixam-nos fazer tudo o que querem para não se chatearem. Também há pouco tempo para eles e mesmo quando há... é mais giro estar no face... uma tristeza! “
“É claro que eu tive sorte: não trabalhava por isso a minha vida girava a volta dos meus 4 filhos ,tinha todo o tempo do mundo para eles que só ‘saíram de casa’ quando entraram no primeiro ano da escola. Hoje a maior parte dos pais trabalha a tempo inteiro, como acontece com os meus filhos e noras, e as crianças vão desde muito pequenas para as creches e jardins infantis.”
“Por outro lado, nós, Avós, estamos muito mais presentes e ajudamos mais. Isso faz com que tenhamos uma relação mais próxima com os netos do que tínhamos com os nossos avós. Os meus avós paternos eram distantes e havia até um certo medo deles mas apesar de haver mais respeito, aprendi muito com os meus avós do lado da minha mãe que alinhavam connosco, levavam-nos a passear, brincavam...”
A Avó Patrícia tem 5 filhos: Filipa, Diogo, Carlota, Duarte e Francisca. Embora os três últimos ainda não tenham filhos, os três mais velhos já lhe deram 7 netos: o Vasco de 12 anos, o Patrick de 8, a Iris de 10 e a Bruna de 6 são filhos da Filipa, a mais velha; o Lourenço de 7 anos é filho do Diogo e o Denis de 11 anos e a Benedita de 5, são filhos da Carlota.
“A minha vida ficou mais completa com a vinda destes amores. Obrigaram-me a reorganizar as minhas prioridades. E talvez de uma forma um bocado estúpida, comecei a considerar os meus filhos mais adultos desde que eles foram pais.” Confessa a rir.
De facto, quando soube que ia ser Avó pela primeira vez, Patrícia ficou “extasiada!”. Acompanhou a gravidez da Filipa e quando o Vasco nasceu “foi uma alegria muito grande, como se fosse um parto mas sem dor. Adorei cada minuto e senti o mesmo com cada um dos meus netos”
“E tenho um prazer imenso com o meu papel de Avó – já tive a minha dose com os meus filhos. Só quando me é pedido é que dou a minha opinião mas sim, de vez em quando lá sai a frase ‘no meu tempo...’ Eles riem! ”
As palavras são poucas para a Avó Patrícia descrever os netos: “Os meus netos, a quem francamente dou mais liberdade do que os pais (ehehehe), são os seres mais maravilhosos do mundo: o Vasco é um miúdo calmo, responsável sensato e bonito... o Denis é ingénuo, ruidoso, decidido, simpático. A Íris é curiosa, enérgica, impaciente, "doida", divertida e amorosa, o Patrick é tímido, frenético e difícil, o Lourenço é doce, , , interessado, solitário e especial, a Bruna é simpática, , determinada, amorosa, , tranquila, e a Benedita é fácil atrevida, engraçada, alegre e doce. Não me esqueço de a ir buscar à Misericórdia, tinha ela 3 anos e ela fazer questão de trazer o meu cão à trela. Era lindo de se ver porque o cão é o dobro dela...tenho fotografias espectaculares dos dois! “
As novas tecnologias com que Patrícia tanto implica, “Não consigo tirar o Denis de casa para irmos à praia ou jogar ao que quer que seja porque tem sempre o nariz enfiado no pc!”, são um pau de dois bicos: “o Whatsapp foi o que de melhor se fez em tecnologia... os quatro filhos da Filipa vivem em Inglaterra e falamos regularmente por essa via. Claro que não é a mesma coisa que estar com eles porque estão sempre na palhaçada, quase não dá para me inteirar do dia a dia deles... e é evidente que a relação que tenho com os netos que vivem cá e com quem estou mais ou menos 3 vezes por semana tem que ser diferente! “
Ser Avó para Patrícia é como “ser uma segunda mãe porque ninguém, tirando dos pais, gosta mais deles do que nós!” Isto vale também para o Avô Henrique que é “um super avô principalmente para o Denis e a Benedita que vivem com ele. Acompanha-os em tudo e é quem passa todo o tempo do mundo com eles, é mais que pai deles!”
E apesar de achar que não conquistou nada de especialmente interessante na sua vida, casar com o homem de quem gostava e ter cinco filhos que adora e que são todos pessoas bem formadas é uma enorme conquista.
O seu maior medo é morrer “é um caminho muito solitário” e que os netos não gostem dela e o maior sonho que tem “é deixar os meus filhos orientados financeiramente e claro, ganhar o euromilhões com parte dos quais faria uma viagem à Eurodisney com os netos todos.”

Avó da Semana: MARIA DA GLÓRIA SEMEDO
05/01/2020
Estava a um milímetro de me apaixonar irreversivelmente pelo meu primeiro neto quando percebi que estava a sentir o mesmo que tinha sentido com meus filhos, ou seja, a mesma responsabilidade.
Confesso que hesitei antes de escrever este texto. Porque todas as Avós que têm dado o seu testemunho, são Avós muito dedicadas, que parece que, basicamente, vivem para os netos. Só duas Avós, até agora, disseram alguma coisa como “gosto muito dos meus netos mas não quero tomar conta de crianças.” E uma delas foi quase insultada!
Eu tenho quatro netos, o Marco, com 4 anos, o Martim com 2, a Mariana também com 2 e o Rui com um. Adoro-os. Adoro que os meus filhos os tragam cá a casa, o que fazem pelo menos uma vez por semana, adoro ir a casa deles e estar com eles. Mas... q.b.
É que sabem, eu não sou Mãe deles. Sim, eu sei que estão a pensar “ora, nem eu, e o que é que isso tem?”. Tem que a minha história de vida se calhar me fez reagir aos meus netos duma maneira um bocadinho diferente. Tem que responsabilidade é uma palavra que se colou a mim com supercola3 e eu não consigo sacudi-la das “minhas costas”.
Vou explicar: divorciei-me muito cedo e o meu marido desapareceu do mapa. Nunca me ajudou com coisa nenhuma e eu tive que me desembrulhar sozinha para criar os meus dois filhos. Foi difícil, muito difícil, posso assegurar-lhes. Felizmente tivemos um final feliz, eles e eu. Os dois, são homens de que qualquer Mãe se orgulharia, honestos, leais, trabalhadores, uns maridos exemplares e uns pais absolutamente irrepreensíveis. Às vezes, quando olho para eles pergunto-me como é que no meio de tanta complicação consegui – conseguimos – chegar a tão bom porto.
E, de alguma forma, o problema está aí: quando chegámos a esse bom porto eu suspirei de alívio e dei o meu trabalho por concluído.
E então vieram os netos. Não é possível, deixarmos de ficar extasiados com aqueles seres minúsculos nos nossos braços, quando eles ficam enrolados ao nosso colo, ou quando correm para nós a chamarem-nos “Vó”.
Estava a um milímetro de me apaixonar irreversivelmente quando percebi que estava a sentir mais ou menos o mesmo que tinha sentido com meus filhos,ou seja, a mesma responsabilidade.
Tenho lido, nos testemunhos que semanalmente são dados aqui, que ser Avó é óptimo porque é amor sem responsabilidade, mas não é assim que eu sinto. Eu sinto-me responsável. E sinto que já fiz o meu trabalho, que já me levantei às sete da manhã anos a fio porque essa era a hora a que eles acordavam e por isso aqui vamos nós para a escola ou para um parque qualquer andar de baloiço, ou que já deixei de ir passar fins-de-semana fora anos a fio porque não tinha com quem os deixar e quem é que quer ir passar um fim-de-semana com uma mulher e dois filhos?
O que eu sinto é que hoje conquistei uma liberdade– nunca voltei a casar– de que não quero abdicar. Não me apetece levantar-me cedo ao fim de semana, passar as manhãs de domingo nos parques a empurrar baloiços, nem deixar de ir para fora porque os meus filhos foram eles passar o fim-de-semana algures e deixaram os meus netos comigo. É a vez deles. Quando saio com os meus netos, um dos pais vai também.
Os meus filhos – e noras – sabem desta minha limitação e não me impõem os netos.
Mas também confesso que não vejo a hora dos meus netos serem “gente” com idade para saírem comigo, terem conversas de gente crescida, ou irmos ao cinema ver um filme que não seja de desenhos animados...

Avó da Semana: LUISA FREITAS
01/04/2017
"Todos os dias dou graças a Deus que as novas tecnologias existam porque me aproximam dos meus netos e filhos que vivem longe de mim."
O meu nome é Maria Luísa Freitas. Vivo no Funchal onde apenas o mais novo dos meus três filhos, vive também. O meu filho mais velho,vive em Barcelona e o do meio em Lisboa.
Os dois netos que tenho,o Alexandre que tem dois anos e o Gonçalo que tem apenas um mês e meio, ainda não têm qualquer noção do que são gadjets ou novas tecnologias, mas eu por mim todos os dias dou graças a Deus que elas existam porque como eles são filhos dos meus filhos mais velhos, isso significa que vivem longe de mim, e o skype, os computadores, os telemóveis com máquinas fotográficas incorporadas aproximam-nos muitíssimo: todos os dias eu falo com os meus filhos, eles mandam-me imensas fotografias e vídeos dos netos e assim eu sinto-me bem mais perto deles. Isto era impossível há poucos anos!
De ambas as vezes eu ui a primeira pessoa a saber que ia ser Avó o que me deixou especialmente contente e quando lhes peguei ao colo pela primeira vez e olhei para aquelas carinhas a emoção tomou conta de mim duma maneira inexplicável. Estava ali a continuação da minha família!
O Alexandre está na creche – o Gonçalo ainda está com a Mãe em licença de parto mas em princípio também irá para a creche – e a minha nora diz que ele gosta muito, que quando o vai buscar ele está sempre muito bem disposto. Hoje em dia as Mães já interiorizaram que o caminho dos filhos passa pelas creches e não ficam mais angustiadas como no meu tempo em que não era assim tão normal eles separarem-se de nós tão pequeninos.
É nas férias dele que eu me “vingo”: voo para Barcelona e não me canso da estar com ele. Na última vez, em Agosto, eu punha-o ao meu colo, cantava canções típicas da Madeira e assim que me calava ele metia-me as mãos na boca para eu continuar a cantar! É um miúdo muito interessado e adora livros. Tem já um biblioteca organizada em espanhol e em português.
O Gonçalo é muito parecido comigo e eu fico toda orgulhosa disso, mas com um mês e meio ainda só posso dizer que fico completamente babada com ele!
Confesso que sou vaidosa mas tenho um gosto requintado embora não exuberante, visto-me e pinto-me conforme as ocasiões e adoro ver como as minhas noras trazem os meus netos sempre muito bem vestidos e arranjados.
Na minha opinião uma Avó não substitui os pais na educação dos netos, nem isso me passaria pela cabeça, mas ajuda muito na formação dos netos nomeadamente na transmissão de valores importantes e tenho muita pena que eles vivam longe de mim, porque o elo entre Avós e netos é obviamente mais forte quando estamos presentes no dia a dia.
Gosto de dar presentes “para a vida” porque quero que um dia mais tarde eles saibam quem eu fui e me recordem com amor.

Avó da Semana: ISABEL DINIZ DA GAMA
19/03/2017
Foi para festejar os seus anos — em que, segundo a sua neta Madalena, ela merecia ter como convidado o George Clooney — que os netos lhe prepararam uma surpresa muito especial...
Ser Avó é especial e todos os domingos percebemos isso ao “ouvir falar” as Avós que partilham connosco os seus sentimentos em relação a um papel tão marcante na vida de qualquer neto.
Isabel Diniz da Gama é Assistente Social, vive em Lisboa, acabou de fazer 70 anos e não gosta de falar dela própria, por isso “arranjámos” quem o fizesse: os seu 12 netos.
Foi para festejar os seus anos — em que, segundo a sua neta Madalena, a sua neta mais velha, de 19 anos, ela merecia ter como convidado o George Clooney — que eles lhe prepararam uma surpresa muito especial, tão especial como a Avó é para eles: um livro em que a descrevem e ao que ela representa para eles. Por isso, esta semana, em vez de uma Avó a falar do netos, temos os netos a falar duma Avó. Porque não?
Muito “alegre e positiva, é como se fosse um arco-íris porque está sempre animada e nada a faz parar, não só na vida como também dentro do carro, a guiar - nem mesmo a polícia” diz Teresinha de 17 anos e Madalena acrescenta que se a Avó fosse um objecto seria “uma trotinete não e acho que não preciso de justificar porquê! (risos)!”
No entanto, por mais depressa que ande, a pontualidade não é, definitivamente, o seu forte, e ‘Vão sem mim que eu vou lá ter’ dos Deolinda, a sua banda preferida é, segundo o seu neto número 5, Pedro, de 12 anos, a música que mais condiz com ela: “porque a avó é muito distraída e preguiçosa.”.
Mas, na realidade nada disso tem importância porque “a sua não pontualidade ajudou-me a crescer e a perceber que a vida não se vive ao segundo” (Teresinha)
É provavelmente a alegria que a faz ter uma juventude de espírito notável: “Muitas vezes parece que tem 15 anos, que é uma sábia pessoa de 15 anos.” afirma Lourenço, de 15 anos, o seu terceiro neto, “Eu encaro-a mais como um amigo pois é alguém que eu tenho sempre a certeza que me vai perceber, neste caso até melhor do que eu mesmo me percebo!”
A sabedoria é uma característica que todos os netos lhe reconhecem: “Sempre que estou com a avó aprendo uma nova coisa” diz Vasco de 12 anos, o neto numero 4. “Se a Avó fosse uma cor seria branco porque dá para desenhar qualquer coisa. Todos os dias a Avó desenha uma coisa diferente com uma cor diferente na nossa vida “ declara Madalena, enquanto Tomás de 7 anos acha que se a Avó fosse um objecto seria um “livro, porque nos ensina muita coisa.” Já Teresinha agradece a Isabel “a força e a sabedoria que nos transmite e principalmente pelas sábias conversas que me ajudam a ultrapassar os obstáculos que Deus põe na minha vida.”
A disponibilidade para estar e ajudar os netos é outra das suas grandes qualidades, nomeadamente quanto ao seu neto mais novo, o Zé Maria de 3 anos: “a Avó vai-me buscar à escola muitas vezes.”, quanto ao Tomás: “A Avó é divertida e faz muitos programas connosco; gosta muito de jogar Catan.”, e quanto ao Pedro, “A avó ajuda-me sempre mesmo quando estou a fazer birras, a avó é como uma segunda mãe está sempre a ajudar-me.” Eduardo (Duda) tem 10 anos e é taxativo: “numa palavra, a Avó é disponível e isso é um dom muito especial que não é para todas as Avós!”
Mas que não se pense que Isabel Diniz da Gama, lá por andar sempre numa roda viva com todos estes netos, descura a sua aparência física. Adora apanhar sol e estar sempre bronzeada, como assegura Eduardo e segundo Sofia (Xuxu) a neta que se segue, “se a Avó fosse um objecto, seria um livro de dieta porque a Avó está sempre com a cena das dietas.”, o que é uma complicação porque também é gulosa, conforme nos contam Pedro: “A Avó é uma pessoa doce, muito simpática e gulosa como eu.”, e Tomás: “a Avó é muito doce e gulosa.”. Deve ser por isso que “a avó anda sempre com uma garrafa de chá” teoriza Vasco.
Seja como for a “Avó é como as girafas de papel que são giras e têm uma franja” explica a Maria de 3 anos ou “como os cavalos que são lindos!” diz António o seu antepenúltimo neto, com 4 anos. “É uma princesa.”, acrescenta Maria.
As palavras com que os netos a definem não cabem neste texto mas há mais algumas que não resistimos a reescrever:
“Se a Avó fosse uma cor seria amarelo porque é a cor da luz e a avó é quem me ilumina.”, afirma Pedro. Vasco e Eduardo são da mesma opinião mas porque o amarelo é a cor da alegria. Lourenço prefere o azul “porque é a cor do céu que é algo sem limites como a minha avozinha.”
Pedro está de acordo com Lourenço, uma vez que se a Avó fosse um sítio seria “o Universo porque em qualquer sítio que esteja a avó está no meu coração.” Aliás, para ele, ela seria um elefante pela mesma razão: “ porque ocupa um espaço muito grade no meu coração.”
Para Tomás a Avó podia perfeitamente ser “uma Hiena, porque a avó tem muitas pintas.”, e para Maria um “unicórnio porque são muito giros e eu gosto de animais”
Mas é António que dá a resposta mais engraçada à pergunta: e se a Avó fosse um objecto: seria “cão porque têm as caras iguais às pessoas”!
MAS NUMA PALAVRA A AVÓ É: muito LINDA porque dá bons abracinhos (António)

Avó da Semana: ANA FALCÃO
12/03/2017
“Não há tecnologia que substitua a presença e com as saudades a apertar, fui eu ao encontro das minhas netas...”
Conhecemo-nos há… tantos anos quantos temos de curso de enfermagem. Temos andando pela vida cruzando-nos de vez em quando e sempre foi como se nos tivéssemos visto ontem. Quando estamos juntas conversamos muito, desabafamos, contamos o que nos aconteceu durante o tempo em que não nos vimos, às vezes choramos, mas a maior parte das vezes rimos. Rimos muito. Diz-se que o riso nos rejuvenesce e no caso da minha amiga Ana Falcão, a nossa Avó desta semana, isso é absolutamente verdade. Com 60 anos, a Ana parece ter muitos menos.
Não por ter tido uma vida fácil, mas porque é uma sobrevivente: sobreviveu a um divórcio, a um cancro da mama, ao desemprego... e foi sempre à luta e sempre conseguiu dar a volta por cima.
A sua maior conquista são os três filhos, a Marta, o Filipe e o Frederico, mas hoje apaixonou-se perdidamente pelas suas netas, a Carminho de dois anos e meio e a Francisca de um.
Basta ler o que ela escreveu sobre o que é ser Avó delas:
“Difícil desafio escrever sobre ser avó, mas eu gosto de desafios e adoro ser avó, por isso, lá vai!
Quando a minha primeira neta, Carminho, nasceu, quando a envolvi nos meus braços e olhei para o meu filho, senti desde logo um prolongamento da minha vida. Foi um sentimento imenso de amor, de pertença e de felicidade. Talvez a minha óptima relação com uma das minhas avós me tenha ajudado a ter tanto amor por ela e pela Francisca que nasceu ano e meio depois e com quem senti exactamente o mesmo.
Os primeiros banhos, o vesti-la pela primeira vez, o ajudar a mãe em dar de mamar é indiscritível e não me chegam as palavras, ou antes, não há palavras para explicar o que senti, mas tentei gozar cada minuto ao máximo, nomeadamente porque como o meu filho e nora não vivem em Portugal, o tempo que tinha com as minhas netas seria sempre, por maior que fosse, curto demais.
Sempre sonhei ser uma avó, moderna, presente, com muito mimo para dar e ao mesmo tempo dar continuidade à forma como os pais as desejam educar. Como eu gostava de as ter sempre pertinho, de as levar à escola de brincar com elas e enchê-las todos os dias de beijinhos!
Mas a vida nem sempre é como gostamos, e na impossibilidade de estar sempre presente, tenho acompanhado a evolução e o crescimento das duas, pelo skype, - graças a Deus pelas novas tecnologias! - telefone e muitas fotografias.
Só que não há tecnologia que substitua a presença e com as saudades a apertar e o sentimento de que estava a perder tanta coisa no crescimento delas, acabei de concretizar o meu sonho, e fui eu ao encontro delas.
Que sensação espantosa, de amor imenso, ser recebida pela Carminho como se eu vivesse perto, e estivesse comigo frequentemente. A Francisca, mais pequenina, foi conquistada aos poucos e foram dias maravilhosos, de brincadeira e actividades juntas, de praia mas principalmente de descoberta e muita empatia de ambas as partes.
Aqueles abraçinhos apertados e beijinhos são de mais!
Tive que regressar, claro, mas vim com o coração cheio!
O meu maior desejo que sejam felizes e que eu as possa acompanhar durante muito, muito, tempo!”

Avó da Semana: SUZANA BESSA
05/03/2017
"Recordo-me muitas vezes de tudo de bom que significou a minha Avó em relação a mim e hoje eu tento ser para os meus netos o que a minha Avó foi comigo"
O meu nome é Suzana Bessa, tenho 64 anos, sou divorciada — apesar de ter tido sempre uma relação de amizade com o meu ex-marido que morreu já há 18 anos — e sou Psicóloga tendo trabalhado como Psicóloga Clínica no Hospital S. Francisco Xavier.
Até aos 10 anos vivi em África o que significou muita liberdade, muita brincadeira na rua com outras crianças, contacto direto com a natureza, um mundo perfeito.
Também acho que nessa altura – lá, mas também cá por uma questão de cultura – havia mais diálogo do que há hoje, embora uma espécie de diálogo diferente, mais respeitoso e distante. Acho que isso acontece porque hoje a tecnologia arrasta as crianças para brincarem sozinhas com um mundo virtual.
Com os meus netos, o Vasco de 12 anos e a Madalena de 9, eu converso muito. Eles passam a tarde comigo 3 a 4 vezes por semana, e após terem feito os trabalhos de casa, passeamos se o tempo estiver bom, jogamos cartas, e eles adoram ver fotografias antigas não só de quando eles eram bebés mas também de quando a minha filha, mãe deles, era criança.
E nas férias escolares eu mudo-me de armas e bagagens para casa da minha filha para ficar com eles e ela poder ir trabalhar.
Saber que ia ser Avó foi uma emoção enorme! Como é evidente acompanhei a gravidez da minha filha e não sei explicar o que senti quando eles nasceram. O que sei é que a minha vida deu uma volta de 180º desde que eles nasceram até porque foi comigo que eles ficaram até aos dois anos, altura em que foram para o jardim infantil. E o que também sei, é que para mim tem sido muito estimulante e gratificante.
No entanto, confesso que a primeira vez que fiquei sozinha com o Vasco, era ele bebé, não estava muito à vontade :)!
É claro que os meus netos são as crianças “mais” do mundo e são os dois lindos e especiais! O Vasco é independente, interessado, curioso e sensato e quer ser futebolista. Aliás o brinquedo preferido dele foi, desde sempre, uma bola. Também tem muito enraizado o conceito de família o que eu acho muito giro.
A Madalena é alegre, doce, decidida e simpática, faz ginástica acrobática e diz que eu sou um gato e a melhor e mais bonita Avó do Mundo.
Quanto a mim, Avó Suzana, como já estou reformada, costumo ir beber um café ou um sumo com umas amigas, a uma esplanada tranquila e com vista de mar e à tarde vou buscar os meus netos à escola.
Visto-me com conforto e sentido pratico, calças, camisolas ou blusas, botas de Inverno e mocassins no Verão. Uso normalmente argolas, um anel e pulseiras. As minhas lojas preferidas são a Massimo Dutti ou a Mango e a sapataria a Forever ou a Seaside. O meu penteado é cuidado e a maquilhagem tem um aspecto natural e gosto do perfume da Zara " Rose".
O meu maior medo é, com a idade, ficar incapacitada física ou intelectualmente e o meu sonho é voltar a ficar com a minha grande paixão de jovem.
E depois gosto de música, de ler romances e biografias — o meu livro preferido seja “Ma conception du Monde” de Bertrand Russell — de viajar, a minha cidade preferida é Paris, e adoro comida francesa e souffle de queijo. Gosto muito de fazer couve-flor com molho bechamel, fiambre e queijo gratinado no forno, acompanhada de beterrabas cozidas.
Mas gostar mesmo, gosto de ser Mãe e seguidamente de ser Avó.
Acho o papel de Avó muito importante na educação psicológica dos netos e na minha opinião, a Avó deve ajudar a educar os netos, principalmente quando se passa tanto tempo com eles como eu passo com os meus, mas não interfiro no espaço e na educação que a minha filha lhes dá, embora às vezes lhe dê alguns conselhos que ela segue ou não, como quiser.
Recordo-me muitas vezes de tudo de bom que significou a minha Avó em relação a mim e hoje eu tento ser para os meus netos o que a minha Avó foi comigo mas tenho um bocadinho de medo de os ver crescer neste mundo tão cheio de problemas, nomeadamente no que diz respeito às drogas e ao álcool com que os jovens hoje convivem lado a lado.
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Avó da semana: MANUELA CASTRO CORTEZ
26/02/2017
“Somos uma família muito unida e cúmplice recorremos uns aos outros quando precisamos ou temos alguma problema ou dúvida a resolver.”
“Ser Avó é ser novamente Mãe com outra idade, maturidade e experiência. Ser Avó é (possuir) algo de valor inestimável, é ser uma segunda Mãe para os netos, Amiga, Confidente e Professora.”
É assim que Manuela Castro Cortez, de 64 anos, residente no Porto, define a palavra Avó, um papel que se tornou essencial na sua vida. Uma vida profissionalmente activa, como tradutora e interprete de Francês e Inglês e mais tarde na área financeira na fábrica do Pai, e pessoalmente muito preenchida, com um casamento feliz, dois filhos, o Miguel António e o Filipe Manuel. Ambos são casados com duas Anas, embora por enquanto apenas o Miguel tenha dado netos a Manuela, o Gonçalo e o Gustavo, de 7 e 2 anos.
Hoje reformada, Manuela ocupa o seu tempo com actividades que sempre adorou: “Pratico natação, leio muito, principalmente romances e policiais e o meu livro preferidos é “Segue o coração” de Lesley Pearse. A música é indispensável na minha vida assim como a poesia e também escrevo, principalmente os meus pensamentos. Mas a minha atividade preferida é, sem qualquer dúvida, estar com os meus netos!”
O facto de estar reformada não quer dizer que Manuela se tenha descuidado na sua aparência: “A moda ocupa e sempre ocupou um lugar especial na minha vida. Gosto de me vestir bem, principalmente à noite, e sair da vulgaridade, e sou incapaz de sair de casa sem pôr batôn e perfume mas quanto a este vario muito, gosto dos da Dolce Gabbana e também dos da Estée Lauder.”, diz, sem qualquer embaraço ou falsa modéstia.
Com um estilo clássico, as suas cores preferidas são sóbrias mas “os acessórios são indispensáveis numa toillete, assim como uma maquilhagem e um penteado cuidados. O Corte Fiel e o Corte Inglês são as minhas lojas preferidas mas posso passar numa loja e ver qualquer coisa que goste e nesse caso, entro e compro.”
“A minha vida mudou muito e para melhor com o nascimento do Gonçalo e do Gustavo.”, afirma Manuela que acompanhou de perto a gravidez da nora. “Quando os meus netos nasceram foi uma felicidade sem igual e ficar com eles foi como se estivesse a ser Mãe outra vez!”
Isto, por si só, já quer dizer muito uma vez que para esta Avó, “ser Mãe foi a minha maior conquista!”
Tal como aconteceu com os seus Avós com quem teve bastante convivência, os seus netos estão com ela praticamente todos os dias, nomeadamente o Gustavo uma vez que é Manuela que toma conta dele enquanto os pais trabalham, assim como ficou com o Gonçalo antes dele ir para o jardim infantil, com três anos.
E, tal como a sua infância da qual Manuela tem muitas recordações felizes, “brincava com o meu irmão às coisas normais da época, correr, jogar a bola, a dar de bicicleta, fazer casinhas...”, está convicta que os seus netos guardarão boas lembranças da sua. Pelo menos tanto ela como o marido, ele também “um Avô muito babado, esforçamo-nos por isso. Estamos com eles diariamente. Fazemos muitas palhaçadas, brincadeiras, vemos televisão juntos, jogamos dominó... Acompanhamos o Gonçalo aos desportos que ele pratica, hóquei e natação...”
O seu maior medo em relação aos netos é o que o futuro lhes reserva mas pensa que isso é comum a todas as Avós, assim como a todos os pais: “Educamos para a responsabilidade, respeito transmitimos-lhes valores e esperamos que isso baste para que os nossos filhos singrem na vida. O facto é que se a minha educação foi muito mais rígida, a dos meus filhos foi muito mais solta e eles aí estão! Tenho esperança que também a dos meus netos, que é muito actual e inclui como é lógico todas as novas tecnologias mas também os valores que os pais lhes transmitem, sejam suficientes.”
Seja como for “o meus netos são umas crianças bem educadas, doces, enérgicos, divertidos e alegres que não me dão problemas nem aos pais.”
Por outro lado “somos uma família muito unida e cúmplice recorremos uns aos outros quando precisamos ou temos alguma problema ou dúvida a resolver.” completa Manuela.
E a Avó Manuela tem todos os dias uma história nova para contar aos netos, uma história inventada, adaptada de qualquer outra que tenha lido, ou mesmo uma história tradicional. Ao Gonçalo as histórias serviam para adormecer, ao Gustavo “canto muitas vezes canções.... principalmente “Tonto de ti” dos Azeitonas, que ele gosta muito.” conta a Avó Manuela com um sorriso.
A inspiração vai provavelmente aos muitos livros que leu ou, quem sabe, às viagens que sempre que podia, não deixava de fazer se bem que “Nova Iorque pela diversidade, pela mentalidade aberta e sofisticada foi claramente a minha viagem preferida. E hoje se me perguntassem gostaria de ir à Áustria porque é um país de grande cultura musical, palácios e imponência histórica.”
Enquanto isso não deixa de sonhar. “Não consigo dizer qual é o meu maior sonho porque continuo a sonhar todos os dias.”
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Avó da Semana: MADALENA SIMÕES ALVES
19/02/2017
“Ser Avó é uma grande dádiva de Deus e da vida”
“A minha infância foi muito diferente da dos meus netos: vivi em plena ditadura, sem acesso a coisas que para eles hoje são banais. A vida era difícil e como os meus pais não eram abastados qualquer brinquedo para mim era muito importante.”, conta Madalena Simões Alves, viúva, de 66 anos.
“Mas”, acrescenta, “acho que tive uma educação muito boa para a época, os meus pais transmitiram-me valores morais que consegui transmitir aos meus filhos que são frequentemente elogiados – com grande orgulho meu – e que por sua vez compartilham com os meus netos que considero crianças fora de série.”
Os dois netos de Madalena, Carolina de 16 anos e Gabriel de 12, filhos do seu filho, Bruno – a Suzana, sua outra filha não tem ainda filhos – têm uma relação muito aberta com a Avó: “Eles têm muito à vontade comigo e a abordagem de qualquer assunto surge com muita naturalidade. É uma relação muito diferente da que eu tinha com os meus avós com quem havia, além de muito respeito, uma certa cerimónia ou algo parecido.”
“Recebi a notícia que ia ser Avó com um misto de alegria e nervosismo.”, declara Madalena “Mas acompanhei de perto a gravidez da minha nora que já não tinha Mãe e quando eles nasceram... bem é uma felicidade indiscutível e indescritível!”
Madalena confessa que a sua relação com o seu filho e a sua nora mudou desde que eles foram pais: “De certa forma dou-lhes mais crédito? É como se fosse a confirmação que cresceram, que saíram definitivamente debaixo da minha asa. Mas se há uma coisa que eu sei é que eles são pais seguros, esclarecidos e cultos, embora gostem da minha opinião em certos assuntos.”
Também há uma certeza que a Avó Madalena tem, é que os netos, “são a grande razão da minha existência! A minha vida mudou muito com o nascimento deles. Comecei a viver muito em função deles, sobretudo pela preocupação constante referente à diabetes tipo 1 que infelizmente herdaram do pai e do meu marido. Esse é o meu maior medo em relação a eles.”
As novas tecnologias são, na opinião de Madalena, um pau de dois bicos: “Se os pais não se opuserem criando outras ocupações como o desporto e cultura ao vivo as crianças vivem amarradas aos telemóveis ou computadores o que é lamentável, mas por outro lado, permite-nos comunicar sempre que queremos, através do messenger e skype se, como é hoje em dia o meu caso, vivemos mais longe.”
“Com o falecimento do meu marido – que era um avô sempre presente e adorava os netos – vim viver para Lisboa com a minha filha e o meu filho e os meus netos ficaram em Santarém, mas visitamo-nos com frequência e as férias e o Natal são passados comigo.”, explica a Avó desta semana que descreve os netos sem poupar nas palavras:
“A Carolina é calma, doce, curiosa, simpática, muito inteligente, determinada, muito bondosa e amiga dos animais. Está sempre no quadro de honra, elogiada por professores e amigos e é perfeita em tudo o que faz o que de certa forma nos assusta um pouco. E é linda. Anda nas Guias, joga Basquetebol, faz teatro e ballet. Tem um boneco de pano que a acompanha desde quase bebé que tem uma história e um nome muito pessoal!
O Gabriel é diferente da irmã. É muito vivo mas tímido, muito amoroso mas muito sensível, muito esperto mas não é tão bom aluno, só quer e brincadeira e é lindíssimo como se poderá comprovar pela fotografia! Não são apenas olhos de Avó! O meu neto tem um ursinho que ainda o acompanha de noite e, tal como a boneca da irmã tem a sua história e o seu nome!”
Ir à Eurodisney com eles é o programa que mais gostaria de fazer com os netos, mas enquanto isso não acontece “passeamos, vamos às compras, ou visitamos locais interessantes como da última vez que vieram a Lisboa e fomos ao museu da marioneta. Às vezes cozinhamos juntos, normalmente panquecas que eles adoram!” descreve.
Com um estilo elegante mas confortável e moderno, a Avó Madalena afirma que “a moda não ocupa um lugar especial na minha vida. Procuro seguir algumas tendências, sem exageros, sem andar desactualizada mas sem fazer figuras ridículas.”, por isso não tem uma loja preferida, “prefiro procurar o que me agrada e é viável para as minhas possibilidades.”
Gosta de ler romances, policiais e História, prefere a gastronomia portuguesa “mas gosto de experimentar de tudo“ e “viajei muito em vida do meu marido e conheço cidades maravilhosas como Veneza, mas adorei Bruges.” Aliás o seu casamento de 43 anos foi, nas suas palavras, a sua maior conquista!
Madalena Simões Alves termina a nossa entrevista referindo que ser Avó é “Uma grande dádiva de Deus e da vida.” e que de certa forma deseduca os netos uma vez que “tenho tendência de dar aos meus netos o que não dei aos meus filhos principalmente por falta de tempo.”
O seu maior sonho? Ver os meus netos bem encaminhados na vida.”
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Avó da Semana; YASMIM CAMAL
12/02/2017
" Ser avó é completamente diferente de ser mãe e estar neste papel é tão intenso que o queremos viver tal como é!"
Soube que ia ser avó pela primeira vez pelo skype, porque o meu filho Mauro, vive em Inglaterra", conta Yasmim Camal, avó de cinco netos, entre os seis e o ano." Tínhamos 48 anos, tanto eu como o meu marido, que ainda era vivo na altura, e ficámos tão emocionados que o tempo pareceu suspenso durante um longo momento após o que nos abraçámos sem parar, como se estivéssemos também a abraçar os nossos filho e nora, do outro lado do ecrã.
Lembro-me que da primeira vez que fiquei com a minha neta, tinha ela 15 dias, foi quase como uma continuação de ser mãe, não senti qualquer espécie de medo, ainda por cima o meu marido estava comigo o que me dava segurança. E ela portou-se que nem um anjinho. Nem acredito que hoje tem seis anos!!
Logo a seguir à Mathilda veio o Tomás, agora com cinco anos, filho da minha filha, Sibila. Com ele foi tudo diferente, a Sibila está em Portugal, fomos as duas fazer o teste e a emoção foi quase incontrolável, tão boa como foi com a Mathilda. Aliás as emoções foram sempre fortes com todos e cada um dos meus netos: o Sebastião e o Vicente ambos com três anos e o Francisco com 1 ano.
Ser avó é completamente diferente de ser mãe e estar neste papel é tão intenso que o queremos viver tal como é, e tanto a minha nora Sarah, como o meu genro Rowan, que têm uma relação muito cúmplice comigo, acham que o papel da avó é muito importante por isso dão-me espaço para ser uma avó muito presente.
Os meus três netos, filhos da Sibila, vivem mesmo ao meu lado e eu faço questão de os ir buscar ao colégio todos os dias e, aos fins-de-semana, dormem imensas vezes em minha casa.
Mas com os meus netos “ingleses” também tenho uma relação muito próxima. Não sinto o facto de estarem longe porque estamos constantemente a falar por skype, conto-lhes histórias, falamos sobre a escola de cada um deles. Além disso vou todos os meses a Inglaterra, pelo que a nossa relação é igualzinha à que tenho com os de cá.
Quando estou com eles tudo é um programa e todos os programas são fantásticos, desde cantarmos a ouvir música no carro, todos aos gritos, até irem comigo à minha aula de zumba verem-me dançar.
A Mathilda e o Tomás já são um bocadinho mais velhos por isso já dá para fazer alguns programas diferentes: no Natal passado fomos ver o Principezinho e foi o máximo! Também vou imensas vezes com eles ver o nosso Benfica jogar ao estádio da Luz...e eles adoram!
E é muito giro ver a relação entre os primos: como passamos o mês de Agosto todos juntos, em Portugal, no Algarve, parece que sempre viveram sempre juntos de tal maneira se dão bem.
Uma coisa que eu adoraria fazer com eles era levá-los a um país tropical, talvez mesmo a Moçambique, para verem a terra onde a avó nasceu, mas ainda são muito pequenos. Talvez mais tarde, quando tiverem idade para gozarem uma viagem assim.

Avó da Semana: DEOLINDA FERNANDES
05/01/2020
"Por muito diferente que seja a educação hoje em dia, quando pais e Avós são bem educados, as crianças acabam por sê-lo também."
Deolinda Fernandes, viúva, tem 66 anos e é natural do Lugar do Pinheiro, Póvoa de Lanhoso.
Tinha apenas 46 anos quando, pela primeira vez, foi Avó de uma rapariguinha, a Neuza, que hoje tem 20 anos, um presente da sua filha Sandra Cristina de 43 anos, que passados uns anos lhe deu mais um neto, o Luís, de 11 anos.
Também, o seu filho mais velho, o Duarte Nuno de 46 anos lhe deu dois netos, o Tiago de 13 anos e a Bárbara de 7.
A Neuza e o Luís vivem com a Avó Deolinda “para que a Mãe deles possa ir trabalhar. Para mim isso é muito bom. Eu adoro ser Avó, para mim é uma honra!”
No entanto, os seus dois outros netos, “filhos do Luís, com muita pena minha, vejo-os pouco porque vivem longe, em Lisboa. O Natal por exemplo é passado ora em minha casa em Chaves, ora em Santarém em casa da Avó materna deles.”
A Avó Deolinda mostra-se muitíssimo orgulhosa dos seus netos. embora os descreva concisamente: “A minha neta Neuza é muito organizada e o Luís adora fazer coleções. Pelo seu lado, o Tiago é um miúdo muito responsável e gosta muito de construções e a Bárbara é muito independente e já toca muito bem violoncelo que anda a aprender desde os cinco anos.”
Deolinda está actualmente reformada mas continua como sempre fez, a cuidar de si própria e da sua imagem, sendo “incapaz de sair de casa sem maquilhagem e sem umas gotas do seu perfume favorito, Chanel nº5” e a vestir-se “bem mas duma maneira prática.”
Dos seus gostos faz parte viajar e “conheço vários países mas o meu preferido foi Itália/Vaticano principalmente porque estive com o Papa João Paulo II, no Vaticano"
Um bom romance é o seu género de leitura preferido se bem que, como qualquer pessoa que gosta realmente de ler, ‘tudo’ é a palavra que lhe vem à cabeça quando lhe perguntam se gosta de ler.
Na sua opinião: “a educação dos meus filhos foi muito diferente da que os netos agora têm mas por muito diferente que seja, quando pais e Avós são bem educados, as crianças acabam por sê-lo também e aceitam castigos ou sermões sem ficarem, com se diz hoje em dia ‘traumatizados’. Mas de facto é aos Pais que cabe educar e não aos Avós, por isso...”
Também na sua opinião, os gadjets não devem ser centrais na educação das crianças e é com esta apreciação que termina a nossa entrevista: “É impossível proibir às crianças jogarem nos computadores ou telemóveis que os há por todo o lado, mas devemos ter algumas regras em relação a isso, de maneira a que eles se habituem também a brincar com outro tipo de brinquedos e a conviver com quem estar com eles em vez de estarem sempre com o nariz enfiado nos gadjets!”

Avó da Semana: ADRIANA MENDES DA SILVA
05/01/2020
“Se faz o favor, obrigada, com licença, são três expressões que aprendi, ensinei aos meus filhos e estes transmitem aos meus netos".
No Porto há uma rua chamada Mestre Mendes da Silva, um dos derradeiros pintores da arte boémia, aquela arte que vem para a rua beber a sua inspiração, e a sua pintura naturalista e emotiva transformou-o no grande pintor da cidade Invicta. A nossa Avó desta semana, Adriana Mercedes Ferreira Mendes da Silva é uma das orgulhosas filhas deste conceituado artista.
Os seus dois irmãos, muito mais velhos que ela, tal como o pai, estavam ligados às artes e foram fundamentais na sua (e da sua irmã) descoberta da beleza e importância do que nos rodeia, assim como a importância da música na nossa vida. Foi assim que Adriana optou por estudar Artes e mais tarde por partilhar esse saber como professora de História e Cultura das Artes do Ensino Secundário, tendo terminado a sua carreira na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis no Porto.
Hoje em dia, vive na Granja, Concelho de vila Nova de Gaia, perto do mar, com o seu segundo marido, Victor Dinis, que embora não pretenda substituir-se ao Avô verdadeiro que morreu repentinamente há uns anos, apoia incondicionalmente os três netos de Adriana, tendo com eles uma relação de grande proximidade e cumplicidade, estando presente, nas suas brincadeiras, ao seu lado quando estão doentes, e alegrando-os quando estão tristes.
João Pedro de 11 anos e Constança de 3 são filhos de António Pedro, o filho mais velho de Adriana, Pedro Miguel de 8 anos é filho de Suzana Maria a sua filha mais nova e nossa Avó ainda tem esperança que, também o seu filho do meio, João Miguel, lhe dê um ou mais netos.
“Um sentimento de alegria e esperança incomensuráveis!”, é como Adriana descreve a forma como recebeu a notícia de que ia ser Avó em qualquer uma das três vezes, mas revela que lhe custou um bocadinho pôr-se no lugar de “apenas” Avó e não interferir ou influenciar as decisões dos filhos em relação aos netos: “Por mais que se queira, penso ser difícil não o fazer. Tento, mas nem sempre consigo.”, sorri Adriana. “Mas claro, Avó é Avó, Mãe é Mãe. São incomparáveis. Ocupam lugares completamente diferentes. Ser Avó é ser (ou pelo menos tentar) o Anjo da Guarda dos netos mas confesso que o futuro deles me deixa apreensiva...”
No entanto acredita que não existem diferenças assinaláveis entre a educação que hoje os pais dão aos filhos e a que deu aos seus próprios filhos: “Se faz o favor, obrigada, com licença, são três expressões que aprendi, ensinei aos meus filhos e estes transmitem aos meus netos. Honestidade, respeito, independência, são sentimentos que, entre outros, os meus filhos também conhecem bem.”, afirma.
E mais. Ao contrário do que é habitual: “Não penso que as brincadeiras atualmente sejam mais solitárias, que as crianças estejam completamente viciadas em gadjets ou televisão. Dependem, na minha ótica claro está, mais da maneira de ser de cada uma, se são mais ou menos extrovertidas. É que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e cada época é vivida de uma maneira diferente.”
Sempre que possível a Avó Adriana está com os netos: “O meu neto, Pedro Miguel filho da Suzana passa os seus interregnos escolares e férias grandes. comigo, na minha casa. Os do meu filho mais velho, uma vez que moram mais longe e têm a avó materna mais perto, passam menos tempo cá em casa, mas sempre que mostrem vontade, cá estou para os receber com amor, carinho e atenção.”
O orgulho nos netos está patente na voz de Adriana quando fala deles:
“O João Pedro, é um menino, calado, responsável, bom aluno, joga futebol, na equipa de Oliveira do Bairro. Gosta do contacto direto com a natureza e adora "carpinteirar". A Constança, “o meu raio de sol”, é muito extrovertida, muito feminina e independente. Curiosamente todas as suas bonecas se chamam Inês.. O Pedro Miguel, é, alegre, adora jogar futebol, andar de bicicleta, brincar no computador, adora visitar lugares históricos e tem curiosidade em perceber tudo o que o rodeia. Por exemplo, sabe de cor todas as capitais da Europa e a Enciclopédia é um dos seus livros favoritos.”
Pelo seu lado, os netos da Avó Adriana também se orgulham desta Avó que gosta de estar sempre bem arranjada: “O meu estilo é prático, confortável elegante e moderno e a minha marca preferida é a Purificacion Garcia que encontro no Corte Inglês. Também dificilmente saio sem maquilhagem que gosto que seja o mais natural possível. E claro trato da minha pele, se bem que varie a marca dos cosméticos Atualmente uso a marca Lierac e Chanel nº 5 como perfume.”
Adriana já realizou a sua viagem de sonho: um cruzeiro às ilhas mediterrâneas e o seu país preferido é Itália se bem que a viagem que mais gostou tenha sido ao Egipto “porque o seu mistério fascina-me. Quando aterrei no aeroporto do Cairo e pisei solo egípcio, senti-me envolvida por séculos e séculos de história. Foi uma sensação única e inesquecível. Pura e simplesmente, não dá para explicar, mas que senti, senti. Tudo no Egipto, me deixou extasiada, curiosa. Intriga-me a técnica usada na construção dos seus monumentos, as suas aldeias de ruas de terra batida, os talhos com a carne completamente exposta, ao pó, a anarquia do transito, os cemitérios utilizados como espaços onde se amontoam famílias. Os reclames colocados nas fachadas, de uma maneira caótica. Os prédios inacabados, porque o espaço vai sendo aumentado ao ritmo do aumento da família. A belíssima e imponente barragem do Assuão. Enfim o próprio "AR". Foi realmente a viagem que até hoje mais me marcou.
Actualmente ocupa os seus tempos livres a ler, que adora, referindo "A minha alma não está à venda", de Bernadette Devlin, como o livro da sua vida, ou passeando na praia, mas essencialmente a apoiar os seus filhos no que eles precisarem.

Avô da Semana: FERNANDO FÉLIX
01/01/2020
"Para mim, ser Avô é ajudar os meus netos a serem pessoas melhores."
A vida é uma coisa perfeita. Um círculo diria eu, que o acho que é a figura geométrica perfeita. De pequenos passamos a jovens, depois a adultos, casamos temos filhos que nos enchem a casa de amor, energia, de tagarelice, confusão... que um dia, mais ou menos paulatinamente, vão desaparecendo conforme eles próprios vão construindo as suas próprias famílias. Mas é nessa altura que o círculo se completa, ao voltarmos a ouvir o choro dos bebés, as correrias pela casa, com a casa a voltar a encher-se de energia de novo.
Confesso que para mim foi uma surpresa, que não estava à espera de um sentimento tão intenso em relação aos meus netos. Nem sei bem dar um nome a esse sentimento, é amor, claro, mas um amor tão diferente do que eu sinto pelos meus filhos... se calhar tem e ver com a idade... a Lúcia, a minha mulher, (que está a espreitar por cima do meu ombro enquanto eu escrevo este texto) diz que a idade nos traz sabedoria mas eu acho que ser sábio não tem nada a ver com sentimentos. E como não vou conseguir nomear o que sinto pelos meus netos, talvez o melhor seja dar exemplos:
Quando o Luís nasceu e eu fui ver a minha filha Maria Inês à maternidade e quando peguei no meu neto, o nó na garganta que sentia de cada vez que os meus filhos nasciam, estava lá, mas de uma forma diferente como se... acho que tem a ver com aquela ideia atávica com que nós homens crescemos, da nossa continuidade, da preservação dos nossos genes, do nosso nome. É estúpido? Pois, se calhar é... O sentimento repetiu-se como nascimento da minha neta Isabel.
Por outro lado acho que os netos nos rejuvenescem se quisermos conversar com eles do que lhes interessa, ao obrigar-nos a ficar a par de uma série de actualidades,. Por mim já fiz um “curso intensivo” de gadjets com o meu filho Pedro e comprei um smartphone para ir treinando — se bem que passe a vida a pedir ao Pedro para me desatar os nós que eu ato no telefone e ele bufe o tempo todo com a minha lentidão a apreender conceitos que para ele são lineares.
E quem diria que eu conseguiria ver umas 76 vezes a “Idade do gelo” ao lado dos meus netos e continuar a divertir-me com os comentários que eles fazem? E com as fúrias que eles tem comigo porque, como já sei de cor todas as falas, às vezes não resisto a dizê-las primeiro e nenhum dos dois acha a menor graça?
Ou que conseguiria ir com o Luís comprar o presente de anos a uma loja de brinquedos electrónicos (wath else?) e vê-lo mexer alucinadamente nos botões de todos os jogos, em pânico que os estrague e eu tenha que os pagar, mas sem resistir a sorrir com a felicidade dele — e quase a rosnar ao vendedor que me pede encarecidamente que controle a criança?
Não ter que os educar – embora ache que há regras que são imprescindíveis – nem ter a responsabilidade de os criar e por outro lado ter já adquirido com a idade, serenidade e paciência, deixa-nos libertos para gozarmos todas as coisas boas que advém de ter uma criança por perto.
No fundo, acho que a minha missão como Avô é estar pronto para “estar” realmente com eles, aconselhá-los, ajudá-los, fazê-los ver o que fizeram de bem ou mal.
Em resumo, para mim, ser Avô é ajudá-los a ser pessoas melhores.

Avó da Semana: ANA OLIVEIRA PEGADO
15/01/2017
"Para além de avó babada, defino-me como a mulher mais feliz do mundo pois para além de ter uma família linda, tenho o privilégio de deixar nos meus netos as pegadas do meu imenso amor"
Chamo-me Ana de Oliveira Pegado, tenho 61 anos, casei, no dia em que fiz 20 anos, com o Vasco Pegado já fez 41 anos (mais 4 namoro) e formamos um casal de avós babados.
Como muitas avós da minha idade tive uma vida profissional muita intensa, trabalhando em Multinacionais, onde o cargo de Secretária de Administração que desempenhava, me obrigava a horários “loucos” , pelo que se não fosse a ajuda de familiares, criar o meu filho teria sido uma tarefa bem difícil. Também para ele a avó foi muito importante e ele recorda-a com muita ternura.
Quando me reformei, colaborei em regime de voluntariado com a Junta de Freguesia de Carnide onde dei aulas de informática na Academia Sénior e hoje continuo a fazer voluntariado na Refood de Carnide uma vez por semana.
Tanto o meu marido como eu, temos a sorte de estar reformados, o que nos dá a possibilidade de desfrutar do crescimento dos nossos netos, a Matilde de 9 anos e o Guilherme de 6, com muito mais assiduidade do que se estivéssemos ainda a trabalhar. Assim e embora a minha morada oficial seja Lisboa, temos uma casa na zona da Ericeira para podermos estar mais perto deles, pois é aí que eles moram com os pais. Somos lisboetas apenas de domingo a terça feira, de quarta a sábado vamos para a nossa segunda casa, para podermos estar presentes nas suas atividades extra escolares e dar-lhes apoio nos trabalhos de casa.
A possibilidade de acompanhar o desenvolvimento dos netos dá-me uma enorme realização e deixa-me vivenciar experiências, que em relação ao meu filho, só vivi narradas pela avó.
Julgo ser um avó “upgrade”, que adora roupa bonita, sapatos/botas (como todas as mulheres), continuo tendo muito atenção ao meu aspeto físico e intelectual, de modo a sentir-me integrada e apta não só para eles como para mim própria. Não dispenso a minha ginástica, os meus cremes hidratantes, os meus perfumes (quentes de preferência), Embora goste de me vestir de um modo contemporâneo, acho que um toque de sofisticação dá sempre um brilho especial à vida. Gosto de roupa brilhante e misturas de estilo. No que diz respeito ao calçado, as botas são a minha perdição.
Estes gostos ainda que sem uma influência consciente, já passaram para a Matilde, que adora, vestidos, brilhos, botas, acessórios e tudo o que a transforme numa menina a 100%. E tal como eu, não obstante a sua pouca idade, é bem informada sobre as modas e a roupa é algo que ela escolhe com critério de ótimo gosto.
Talvez por ver que uso maquilhagem e que capricho mais quando há algum evento especial, ela já me pergunta se pode dar “um toquinho de maquilhagem” quando vamos a uma festa ou saída pois trata-se de um momento, por alguma razão diferente
Quando a Matilde nasceu eu ainda trabalhava e saber que ia ser avó foi das maiores alegrias da minha vida. Sempre tive o secreto desejo de que fosse uma neta menina, acho que para poder prolongar o tempo em que brincava com bonecas, mas até à hora de nascer, nunca se percebeu o que viria a ser. Ela nasceu no dia em que eu faço oficialmente anos e foi o melhor presente de aniversário que eu podia ter tido e toda a gente diz que ela é parecida comigo. Lembro-me que fui ao estrangeiro perto da data prevista para o nascimento e disse à minha nora que “o meu primeiro neto não se atreveria a nascer sem eu estar presente”.
Os meus netos são duas criaturinhas adoráveis, com personalidades completamente diferentes nas suas personalidades e manifestações de afeto. Temos um neto extremamente doce e uma neta politicamente correta, dá beijinhos só QB. O irmão vem a correr do nada e sufoca-nos de abraços e beijos.
Quando soube que ia ser avó pela segunda vez, redobrei de alegria e comecei a acalentar a ideia de que pudesse ser um menino, para me avivar a memória do que foi ser mãe de um rapazinho. E o Gui é a fotocópia viva do pai
O Guilherme adora, comer e come qualquer tipo de comida, a Matilde é gourmet e não gosta de comer (até nisso é parecida comigo) acho que os posso adjetivar da seguinte maneira: A Matilde é delicada, calma, interessada, simpática, impaciente, vaidosa, criativa… O Gui é doce, enérgico, muito simpático, determinado, curioso (sempre ávido de aprender mais e mais), atrevido, divertido e completamente “doido”. Ambos praticam desporto, o Guilherme joga futebol e a Matilde pratica ginástica acrobática.
Com eles por perto nunca há monotonia e, embora eu os adore, costumo dizer que sou uma avó do “antigamente”, uma vez que acho que a disciplina não é inimiga do amor. Sou adepta de uma educação com regras, que, ainda que possam ser mais flexíveis, têm que existir. Na casa dos avós existem normas que eles aceitam umas vezes melhor, outras nem por isso. Acho que os miúdos hoje em dia passam demasiado tempo com “gadgets” e embora concorde que tem que ter esse conhecimento pois são as ferramentas do futuro, tento que leiam, façam puzzles, plasticina, legos, adoram jogar dominó, monopólio, jogo da glória… e como a nossa disponibilidade quando estamos com eles é total, fazemos estes programinhas de família. Temos também os nossos segredos e as nossas cumplicidades que fazem da casa dos avós um lugar especial.
Quando eram bebés eu inventei umas canções de ninar para cada um deles, que lhes cantava por vezes ao telefone e ainda hoje eles pedem para cantar. Eu adoro e fico completamente babada.
Estão habituados a passar férias connosco e com os pais normalmente no Algarve e em Ponte de Lima, e no Inverno fazemos, uma incursão à Serra de Estrela. Só agora é que nos estamos a aventurar passar férias só com eles, pois como são muito ligados aos pais, por vezes é notória a tristeza e a saudade, apesar de adorarem estar connosco. Adoram vir a Lisboa para fazermos programinhas diferentes e o simples fato de nós morarmos num prédio já é uma aventura deliciosa andarem de elevador, uma vez que a casa deles é térrea.
Eles próprios fazem a lista dos lugares que querem visitar connosco e recordam com bastante clareza episódios dos nos nossos passeios, o que é extremamente gratificante.
Em pleno Inverno, e como moramos ao pé da praia, vamos fazer pinos, rodas, pontes e desenhos na areia, por vezes acabamos um pouco sujos e molhados mas são aventuras que eles não dispensam e a mim me enchem de ternura.
O meu marido e eu costumamos viajar para o estrangeiro, um hobby que adoramos e que tentamos fazer com alguma regularidade, e embora eles sejam sempre muito curiosos sobre o país que visitámos e sobre o que tinha de diferente de Portugal, acho que ainda não estão suficientemente crescidos para irem connosco. No entanto e é uma promessa feita, num próximo cruzeiro eles irão também.
Sem dúvida alguma que eles são hoje para nós a nossa maior alegria e o nosso maior medo… sem querer ser saudosista acho que a vida de hoje não está preparada para as crianças, a violência, a insegurança, a incerteza do amanhã são fantasmas que na época em que o meu filho era pequeno não me assolavam. Costumo dizer que tenho que aproveitar bem os dias pois hoje posso e quero estar com eles, amanhã a vida muda, a idade avança e os interesses deles também, por isso temos que viver cada dia como se fosse o último.
Enfim eu acho que avó é uma mulher que se revê na experiencia de mãe com o aparecimento dos seus netos e que tem todo o prazer em colmatar aquilo em que acha que falhou enquanto mãe. Eu recordo que, com o meu filho Hugo, o tempo útil de família era regido pela frase está na hora de….tomar banho… vestir… comer… dormir, era tudo cronometrado pelo relógio, pois a nossa vida profissional assim o exigia.
Como avó os horários ficam mais flexíveis, o tempo e a paciência para explicar as regras é maior. A avó tem a preocupação de por em prática tudo aquilo que em teoria sempre soube e que por razões, por vezes alheias à sua vontade, não conseguiu. A família é a coisa mais importante da vida e esta tem que ser vivida com todo o amor.
Para além de avó babada, defino-me como a mulher mais feliz do mundo pois para além de ter uma família linda, tenho o privilégio de deixar nos meus netos as pegadas do meu imenso amor.

Avó da semana: ISABEL COELHO ALVES
08/01/2017
“A minha vida mudou imenso desde que os meus netos nasceram porque eles passaram a ser a minha prioridade.”
Nativa de Sagitário, Isabel Maria Coelho Alves, acabou de fazer 66 anos, é divorciada, e o seu estilo é claramente clássico e confortável “Gosto de moda, claro, sou mulher (risos) mas só a uso se me sentir bem com ela. Não me faz sentido usar seja o que for apenas porque é moda.”, declara.
E como para ela, é importante sentir-se bem, raramente sai de casa sem se maquilhar e pôr perfume: “Vario bastante mas neste momento uso um perfume da Burberry.”, esclarece a nossa Avó desta semana que nos revela que comer é um dos seus prazeres: “A cozinha portuguesa e italiana são as minhas preferidas mas gosto mais de peixe do que de carne. E hoje em dia adoro petiscar.”
Os livros, confessa, até são a sua praia, “mas como não tenho tempo para tudo acabo por ler mais jornais, o Público, o Expresso e o Observador e revistas, a Veja e a Visão.” E quando falamos de viagens é clara: “Se bem que agora viaje muito pouco, quando o faço prefiro cidades com história de ir a um bom teatro, a museus, ou a exposições. Paris, Roma e Nova York são as cidades que eu gosto mais.”
“A minha infância foi muito feliz.”, lembra-se Isabel, “ Recordo com muitas saudades as minhas duas avós, ambas ótimas, e os programas que fazíamos com elas, desde idas ao cinema ou à ópera até às touradas. Mas ao mesmo tempo eram pessoas a quem tínhamos muito respeito e consideração, e nem pensar em ser mal educados com qualquer familiar mais velho! Eu fui criada com fortes princípios morais em que “ser” era mais importante do que “ter”, e tentei transmiti-los aos meus filhos que por sua vez os transmitem aos meus netos.”
A Avó Isabel tem 3 filhos, o Duarte a Vera e o Carlos, e 5 netos: o Felipe de 11 anos, a Ana de 9 e o Nuno de 5 são filhos do Duarte, e o Duarte de 6 anos e a Marta de 3, são filhos da Vera.
“Recebi a notícia que ia ser Avó com a maior alegria do Mundo e cada dia que passava essa alegria aumentava! Da primeira e de todas as outras vezes! Acompanhei de perto as gravidezes da minha filha e da minha nora – que também se chama Vera. Fui com elas ao médico algumas vezes e presenciei com muita emoção, algumas ecografias!” conta Isabel comovida.
E quando os netos nasceram: “tive, com todos, o mesmo sentimento, um amor incondicional.”
Para a Avó Isabel ser Avó “é uma experiência maravilhosa é a melhor coisa do mundo, é voltar a ser criança outro vez, é resgatar um tempo que já tinha passado há muito, é dormir com eles, brincar com eles, é ficar babada com tudo o que eles fazem, é ser permissiva, fazer programas que eles escolhem, fazer férias com eles, é um amor profundo!”
E, na sua opinião, a máxima ‘os pais educam, os avós deseducam’ é um bocadinho verdade. O papel principal dos avós não é educar e eu assumo que sou até um pouco permissiva, mas obviamente temos que impor limites e algumas regras, mas para mim não é fácil!” ri Isabel que afirma que “a minha vida mudou imenso desde que os meus netos nasceram porque eles passaram a ser a minha prioridade. Dedico-lhes imenso tempo e tenho uma relação muito próxima com todos, tanto com os filhos do Duarte, que vivem em Lisboa, como os da Vera, que moram perto de mim.”
Na descrição dos netos, Isabel não poupa palavras: “O Felipe é inteligente, interessado, adora ler e é barra a matemática. A Ana é doce, cheia de charme, divertida, , e a maior em todos os desportos que decide fazer desde ténis a sky na neve ou aquático! Diz que o dia da semana que mais gosta ‘é o dia em que a Avó me vem buscar à escola’ o que me deixou muito feliz. O Nuno é calmo, às vezes tem uns ataques de mau feitio e tem um dom especial para a música. O Duarte é, afetivo, e determinado e tem muito jeito para os números. A melhor frase dele é: ‘Avó, és a mais bonita do meu amor’. Finalmente a Marta é também enérgica, muito mandona, dá ordens em toda a gente mas é muito engraçada.”
“Confesso que me preocupa o mundo que os meus netos irão enfrentar, mas por outro lado acho que os meus filhos gerem muito bem a educação deles.” assegura Isabel para quem os pais dos dias de hoje trabalham demasiado e quem sofre com isso são os filhos: “por isso o papel das Avós é tão importante! No meu tempo mesmo as maes que trabalhavam, tinham, de alguma forma, mais tempo para os filhos, mas hoje em dia é muito raro uma mãe que não trabalhe!”
Isabel fez o bacharelato no ISLA e após trabalhar uns anos num banco, emigrou para França e mais tarde para o Brasil onde “trabalhava em part-time para poder dedicar-me mais aos meus filhos. E valeu a pena porque eles – e a seguir os meus netos – são a minha maior conquista!”

Avó da Semana: MARGARIDA FONSECA
01/01/2017
"Entendo hoje que o “mimar” enquanto avó não está associado ao dar
mas sim ao estar!"
Quando nasceu o meu filho mais velho, o primeiro neto da minha mãe, ela dizia que ser avó era muito bom porque se podia mimar os netos… os pais lá estariam para os educar!
Eu fui avó pela primeira vez há um ano e meio. No momento em que peguei naquele maravilhoso ser acabado de nascer, senti que algo dentro de mim aconteceu. Fui invadida por uma onda de energia amorosa por aquela bebé com quem me conectei de imediato! Envolvida nos meus braços, sentia um enorme abraço sobre o meu, como se eu própria estivesse a ser abraçada…ou mesmo abençoada!
Um momento que fica para a vida.
Tal como quando nasceu o meu filho? Não…uma sensação muito diferente e não comparável.
A minha neta nasceu em Madrid e vive em Espanha com os pais. No início senti a angústia da distância que comecei por gerir com visitas e estadias mais ou menos prolongadas e espaçadas no tempo.
Sinto, ou quero acreditar que sinto, que fomos contraindo uma ligação que nos tornou cúmplices nos momentos que fomos partilhando juntas ao longo dos meses.
Desde sempre sinto, ou quero acreditar que sinto, que ela me reconhece, que sabe que sou a avó e que sente o meu amor incondicional.
Entendo hoje o que a minha mãe dizia, que avó era para “mimar”.
Entendo hoje que o “mimar” enquanto avó não está associado ao dar mas sim ao estar!
É mimar com uma ternura infinita que me permite enquanto avó, estar presente.
Estar 100% presente em cada momento, em cada sorriso, em cada cantiga de embalar, em cada mudança de fralda, em cada chapinhar no banho, em cada pantomina das “doidas andam as galinhas”, em cada brincadeira de escondida “cucu”, em cada sorriso, em cada lagrima, em cada gesto, em cada descoberta no parque ou na página de um livro…
Há um mês nasceu a minha segunda neta do meu segundo filho!
Revivi as sensações como se fosse a primeira vez e sei que cada um dos meus sentidos vai estar desperto para um crescimento de amor, de alegria, de amizade, de valores. E o tempo da minha presença não se vai dividir em dois, mas sim multiplicar em 200%.
Queira Deus que muitos mais venham para que possa multiplicar infinitamente a energia que o estado de ser avó me concede!
Bem hajam meus filhos, minha filha, minhas noras, minhas netas nascidas e os que estão para vir! Cá estarei para vos abraçar a todos. Toda eu por inteiro enquanto mãe e enquanto avó!

Avô da Semana: JORGE ROSA SANTOS
25/12/2016
Nunca poderia recusar à Mafalda o pedido para escrever um breve artigo no seu “site” dedicado aos avôs. Um complemento do anteriormente criado, no qual periodicamente uma avó é convidada a exprimir os sentimentos despertados pela sua condição de avó.
Faço-o com uma enorme satisfação em nome de uma amizade que perdura há muitos anos, e dos valores que me foram transmitidos e que procurei sempre incutir nos meus filhos.
Nos tempos actuais, caracterizados pela crise do conceito e do estatuto da instituição família como pilar da nossa sociedade, é bom que alguém lembre o seu papel como factor fundamental para o desenvolvimento equilibrado, harmonioso e sempre integrado da criança e para a estabilidade dos princípios éticos, sociais e biológicos que caracterizam a pessoa, no seio da sociedade.
Nunca será demais, enaltecer os valores da decência, do carácter, do respeito, da honradez, da honestidade, da integridade, da coerência, da sensatez, da idoneidade, da prudência, da perseverança, da lealdade, da equidade, da solidariedade, da autenticidade, do orgulho, da pertença e da exatidão.
Também não será demais lembrar a necessidade de manter o equilíbrio entre os direitos e deveres, equilíbrio fundamental à estabilidade da pessoa.
O direito à vida contraposto ao dever de não atentar contra a própria vida e a dos outros, o direito à liberdade exigindo o dever de não exercer censura, o direito à propriedade opondo-se ao dever de a proteger e de não roubar, o direito à verdade exigindo a obrigatoriedade de não mentir, o direito ao trabalho contrapondo-se ao dever de trabalhar, o direito à urbanidade exigindo o dever de não tratar mal os outros.
Todos estes valores e princípios são em grande parte resultantes do ordenamento da nossa sociedade tendo como base fundamental a família.
Todos estes pensamentos surgiram na fase que antecedeu o nascimento do meu mais recente neto, o que ocorreu durante a presente semana.
Tratou-se do décimo primeiro, mas a ansiedade que deveria desaparecer ou acalmar com o hábito, parece que pelo contrário se acentua, tonando-nos cada vez mais inquietos e temerosos.
São horas de espera e de justificada esperança, mas também de grande ansiedade consequência dos receios que permanentemente se colocam nestes momentos.
O momento em que ele nasce, depois de nos apercebermos da sua perfeição, transporta-nos para um estado de enorme emoção e alegria, e de gratidão e espiritualidade.
Emoção e alegria ao ver a família alargar-se com reforço do seu núcleo central, e ao sentir a enorme satisfação dos pais, avós, irmãos, familiares e amigos.
Gratidão e espiritualidade ao percecionar o milagre da criação da vida, encarnado na perfeição de um neto e na dádiva divina que o momento encerra.
Pela décima primeira vez tive a enorme felicidade de ser avô, e desta vez nasceu um rapagão que vai fazer perpetuar um dos nomes familiares de várias gerações.
Jorge tal como o avô e o pai!
A vida modifica-nos muito e se por um lado tendemos a uma maior compreensão na relativização dos acontecimentos com que nos deparamos diariamente, por outro tornamo-nos progressivamente mais emocionáveis e sensíveis perante estes episódios.
Também a idade dá-nos a enorme vantagem de podermos exteriorizar as nossas emoções sem qualquer constrangimento.
Podemos rir abertamente.
Podemos verter uma lágrima e chorar.
Podemos deixar de estar submissos aos códigos sociais, por vezes cáusticos e injustos.
A idade ensina-nos tudo isso, sem que no entanto, as nossas emoções se modifiquem ou venham alterar a expressão dos nossos sentimentos.
Ser pela décima primeira vez avô, agora um rapaz que irá perpetuar um nome, transporta-nos para um patamar nunca antes imaginado.
Rimos e choramos, confundindo-se o nosso estado num turbilhão de emoções.
Uma enorme satisfação, um imenso orgulho, um reconhecimento pela bênção recebida, mas também o medo de poder não corresponder a tudo o que gostaríamos de poder dar.
Receio do escassear do tempo em que teremos a disponibilidade física e psíquica de poder dar e também receber.
Ter o prazer incalculável de poder dar tudo o que pretendemos e saber receber, sem nada exigir em troca.
Isto é ser Avô.

Avó da Semana: MARIA JOÃO D'OREY DA CAMARA
18/12/2016
"Ainda hoje, com mais de 80 anos, a minha Mãe é mais moderna que algumas das minhas amigas"
A minha Mãe anda muito triste comigo porque eu entrevisto toda a gente para ser Avó da semana no meu blog, menos ela. Ela que é Avó de 26 netos!
Por isso este domingo, o último antes do Natal, que me desculpem as Avós que já me responderam à entrevista e estão à espera de sair, a Avó da semana é a minha Mãe, Maria João d’Orey da Camara. Não sai no próprio domingo de Natal porque nesse dia vamos ter o testemunho do primeiro AVÔ da semana.
Não a entrevistei. Não preciso, como calculam. Sei a fantástica pessoa que ela é a e a maravilhosa Avó que os netos idolatram.
A minha Mãe é uma pessoa conservadora e clássica, que se veste onde calha, desde que se sinta confortável, raramente se pinta e usa o mesmo perfume há séculos: Musk.
E é — sempre foi — uma pessoa moderna, no melhor sentido da palavra. Sempre pudemos falar com ela de tudo, o que não acontecia com muitas das mães das minhas amigas. Verdade seja dita: era a mais nova de todas elas: começou a ter filhos aos 21 anos. Mas ainda hoje, que já ultrapassou os 80 anos consegue ser mais moderna do que algumas das minhas amigas!
Adora ler e passou esse vício a todos os filhos, e gostava muito de ir passar uns dias fora. Se era em Istambul (e a isso chamava viajar) ou no Algarve em casa da minha irmã Carmo (e a isso chamava passar uns dias em casa da Carmo) era indiferente. Arejava. Também passou esse vício aos filhos.
Foi Avó pela primeira vez aos 46 anos, da Mathilde, filha da minha irmã Ana. Mal soube, desatou a fazer casaquinhos de todos os feitios e cores (acho que nessa altura ainda não se sabia o sexo antes do nascimento do bebé), e foi ao baú das roupas de bebé tirar os cueiros com que vestiu todos os filhos, compridíssimos, com fitas de cetim azuis ou cor de rosa, os babetes bordados e outras peças do enxoval de bebé que não me lembro agora, mas que tinham com certeza rendas, folhos, fitas e coisas nesse género.
Como o meu cunhado (inglês) quis que a filha nascesse em Inglaterra, a minha Mãe seguiu a Ana e a sua barriga enorme, para terras de Sua Majestade para poder estar com ela e com o bebé que aí vinha, mais ou menos 5 minutos após o nascimento. Era o que faltava não ser a primeira pessoa a seguir aos pais, a ver a neta. Repartiu a honra com a outra avó que também tinha voado para Londres, mas vá lá, isso é compreensível.
A seguir da Mathilde esperou uns cinco anos pelo neto seguinte, o Zé Diogo, e com ele abriu-se uma torneira: todos os anos vinha um (quando não dois) até perfazer a bonita conta de 26 netos o último dos quais, o Domingos, tem apenas 3 anos.
A Avó João diverte-se genuinamente com os netos, tenham eles a idade que tiverem. Acho que é por isso que todos eles a adoram.
Era capaz de estar horas a ajudar um neto a pôr carrinhos em fila no braço duma cadeira e a seguir atirá-los ao chão, ou a jardinar com eles. Arrependeu-se mil vezes e mil vezes voltou a levá-los às compras de supermercado onde lhe baralhavam completamente a lista “porque Avó, isto é muito melhor do que aquilo!”, e sempre que eles queriam fazer um teatro (para ela) o guarda roupa era fornecido pela Avó.
Mas também teve direito a tardes dos ditos teatros em que, tirando o guarda roupa, o encenador, o realizador, e os actores eram os netos, jantares à luz das velas cozinhados e servidos por eles, arraiais com marchas, arcos e balões (a Avó João faz anos a 24 de Junho), coreografias impecavelmente ensaiadas do grupo mundialmente conhecido “Rosa Choque”, constituído por 4 das suas netas, a concursos de “globos de barro” e outros que não tenho presentes de momento...
Hoje a Avó João vive em Lisboa e a campainha da porta toca invariavelmente duas ou três vezes por dia (se calhar estou a exagerar mas senão é, é perto disso). Os netos passam lá para lhe dar um beijinho, para almoçar ou jantar com ela, ou para jogarem um jogo qualquer que um deles acabou de comprar ou uma cartada.
Declaração final: Espero conseguir construir uma relação com os meus netos igual à que a minha Mãe tem com os dela.

Avó da semana: VERA MARIA ARANHA OLIVEIRA MONTEIRO
11/12/2016
“Saber que ia ser Avó foi a melhor notícia que pude receber”
“Gosto de ver os meus netos vestidos de uma maneira clássica, mas também acho engraçado quando estão mais desportivos... desde que não estejam trapalhões!” afirma Vera Maria Brito Aranha Oliveira Monteiro. Esta elegante Avó de 64 anos vive numa quinta a 30 km de Lisboa e faz questão de estar sempre impecável: calças e camisolas de linhas clássicas e cores sóbrias que encontra nas suas lojas preferidas, a Zara, a Uterque, a Massimo Dutti, e o El Corte Inglês (Purification Garcia, Carolina Herrera ). “Mas misturo muito peças baratas com mais caras.” acrescenta.
O mesmo acontece quando falamos de maquilhagem: “Raramente me pinto mas para tratar a pele uso desde Nívea a Yves Sain Laurent.” declara sorrindo. Quanto aos seus perfumes favoritos são, Pleasures da Estée Lauder e Aqua Allegoria da Guerlain.
A sua atividade profissional passou pela imobiliária e também por fazer traduções, mas hoje em dia apenas dá uma ajuda nuns apartamentos que aluga a estrangeiros, tratando de tudo o que é preciso para os manter impecáveis e prontos a alugar.
A atividade desportiva foi coisa que nunca a atraiu “fiz ski na neve vários anos mas agora já ‘arrumei as botas’”, mas adora viajar e a Europa é o seu destino preferido nomeadamente Londres onde, por acaso, vive o seu filho, João Maria, o que faz com que viaje para essa cidade várias vezes por ano.
A nossa Avó desta semana é casada com António, um Avô "babado", que apesar de “não mudar fraldas nem dar biberons, brinca muito e conta muitas histórias aos nossos cinco netos.”, como conta Vera.
Para além do filho, o casal tem uma filha, Vera. Ambos são casados e ambos deram aos pais o melhor presente do mundo: os netos.
Saber que ia ser Avó “Foi a melhor notícia que pude receber. Ser Avó é tão bom que é quase indescritível! “ afirma Vera com uma convicção inabalável.
“O meu neto mais velho, o Francisco Maria nasceu em Londres onde os pais vivem e eu tive o privilégio de ficar com ele logo em pequenino, para a minha nora, a Ana, ir trabalhar e foi como se tivesse tido os meus bebés ontem . Pior foi, ao fim de quinze dias, trazê-lo para Portugal” conta “porque além do bebé há toda uma enorme parafernália de coisas que temos que trazer, mas enfim, lá se passou, e correu tudo bem!”
Depois do Francisco, agora com 8 anos, nasceu o Salvador Maria de 7 e o Frederico Maria de 2, todos filhos do João Maria. A Vera deu aos pais as netas, Maria Francisca de 3 anos e Vera Maria de 1 ano e meio.Tal como a Avó, todos os netos são "Maria".
“Cada neto que nasce a alegria renova-se.”, diz a Avó Vera que se comove quando os descreve: “O Francisco é calmo, interessado, sensato e amoroso. O Salvador é enérgico, simpático e ruidoso e o Frederico é muito alegre, engraçado mas a sua principal característica é ser simpatiquíssimo! A Francisca é tímida, engraçada, curiosa e decidida e a Vera Maria é uma criança calma, doce e bonita.”
Ao contrário da Avó, os netos de Vera são grandes adeptos de desporto e praticam ténis, aikidô, rugby, e os dois mais velhos já fazem ski na neve por isso “não têm muito tempo para brincar com gadgets... até porque os pais também não são grandes adeptos das redes sociais. Em minha casa também não têm muita hipótese, quando cá vêm passar fins de semana ou alguns dias, nas férias. Aqui as actividades são mais relacionadas com o campo, damos grandes passeios, a Francisca adora andar com o Avô à procura de caracóis e no Verão passamos bastante tempo na piscina...”
Mesmo com os netos que vivem em Londres a Avó Vera tem “uma relação muito próxima e aberta, uma vez que os pais os trazem a Portugal imensas vezes e eu e o Avô também lá vamos muito. O relacionamento é quase como se vivessem perto. Quanto às minhas netas, vivem ao nosso lado, por isso é fácil estar com elas, mas nós temos muito cuidado para não invadirmos o espaço da minha filha/genro.”
Vera respeita escrupulosamente as regras e o tipo de educação que os pais dos netos lhes dão. Não os enche de presentes por exemplo, fora das ocasiões festivas “um presentinho aqui e ali...mas é tudo” e faz questão de perguntar sempre aos pais, antes de lhes dar os presentes de anos e Natal, não vá acharem que o que está a pensar dar, não é ainda adequado como aconteceu este ano: ela queria dar-lhes um ‘kindle’ e o filho achou que o Francisco e o Salvador ainda não tinham idade. Como as crianças já tinham conversado com a Avó sobre o assunto, estavam à espera ansiosamente do presente. Avó e pai inventaram que o vendedor se tinha recusado a vender o ‘brinquedo’ sob o pretexto que eles ainda não terem idade. "O Francisco ficou furioso: ‘O homem da loja deve ser muito, muito estúpido! Mas não faz mal, a Avó dá-nos outra coisa!’ Mal sabem eles que que o homem da loja é o Pai deles!” conclui Vera divertida.
o...

Avó da Semana: MARGARIDA ESPAÑA
04/12/2016
Ser Avó foi/é a segunda melhor coisa que me aconteceu!
A primeira foi/é ser Mãe!
O meu nome é Margarida España, tenho 59 anos e sou viúva. Vivo em Lisboa e sou médica, cirurgiã pediatra no Hospital D. Estefânia, ainda no activo!
Tenho uma vida tranquila, faço algumas caminhadas, dou uns passeios de bicicleta, gosto de música, de ler, e de fazer trabalhos de mãos (tricot, crochet, petit point).
E sou Mãe de três filhos e Avó de quatro netos, o último dos quais nasceu ontem!
O meu filho mais velho, o Nuno, tem dois filhos, o António, que tem quatro anos, uma criança doce, muito inteligente, muito preocupado com o próximo e um grande companheiro da Avó! Brincamos muito, mas também temos conversas "sérias" que eu adoro, pois permitem-me conhecê-lo melhor e orientá-lo no sentido do que considero serem os pilares da sua formação como ser humano. É muito brincalhão, divertido e tem uma imensa paixão pelo Pai Nuno e pelo Sporting!
O outro filho do Nuno é o Tomás que tem dois anos. É uma força da natureza. Mexe em tudo, estraga bastante, mas é um doce! Muito curioso, tem uma imensa vontade de aprender! Começa a brincar bastante com o irmão, com quem se zanga com frequência, mas são inseparáveis!
O meu filho do meio, o Francisco, também tem dois filhos, mas infelizmente vejo-os pouco, porque vivem em Silicone Valey, perto de S. Francisco, na Califórnia.
A mais velha chama-se Matilde e fez ontem 18 meses! É uma menina linda, muito desenvolvida para a idade e que pelo facto de ouvir diariamente duas línguas, diz as palavras na língua que lhe é mais fácil! Normalmente escolhe dizê-las em inglês, mas por exemplo água, diz em português e só percebe na nossa língua, de tal forma que os pais tiveram que explicar no infantário que quando ela pedisse “água” era “water” que ela queria! Adora livros e histórias!!!! O mais novo chama-se Francisco e nasceu ontem, dia de Acção de Graças! Nasceu grande, com 4,100 kgs e 46 cms! É lindo, muito querido mas ainda só o vi pelo FaceTime. Abençoadas tecnologias que nos permitem, embora à distância, gozar destes momentos maravilhosos!!!
Tento ser uma Avó presente! Vejo com frequência os netos que vivem em Lisboa! Infelizmente o mesmo não é verdade com os que vivem fora..... Mas embora não seja igual, tento falar com a Matilde frequentemente e é uma imensa alegria quando ela me chama do lado de lá " Bó"!!!!!
A minha filha mais nova, a Sara, ainda é solteira!
Ser Avó foi/é a segunda melhor coisa que me aconteceu! A primeira foi/é ser Mãe!
Para mim são funções complementares!
Ser Avó é a extensão da continuidade! É ajudar a crescer esses seres maravilhosos que tanto têm de nós, de uma forma mais doce, mais madura e mais experiente, do que aconteceu com os filhos! É ser o apoio, a orientadora, a educadora, a cúmplice dos netos, sem ter a parte mais desgastante do dia a dia.
Mas ser Avó é também ter um papel de apoio e experiência em relação aos Pais!
No fundo acho que é ter o melhor de dois mundos!

Avó da Semana: MARIA ALICE SILVA
27/11/2016
“Os meus netos são uma bênção de Deus”
“Cem Anos de Solidão” é o livro da vida de Maria Alice Silva, de 68 anos, enfermeira reformada, que nos revela que para além das suas leituras — história e ficção —, “agora que tenho mais tempo também me entretenho a bordar, a fazer crochet e tricot. Aliás, muitas das camisolas dos meus netos forma feitas por mim!” acrescenta orgulhosa esta Avó de 3 netos, Maria João de 11 anos, João Miguel de 5 e Ana Mafalda de 3.
Alice é casada, vive em Vila Nova de Gaia e tem um estilo muito próprio em que o conforto e o sentido prático estão sempre em 1º lugar, embora não dispense a elegância e a beleza, que encontra nas suas lojas preferidas, a Marques Soares, o Cortefiel, Tifosi, e a Lewis. “A marca de cosméticos que gosto é a Lancome e a maquilhagem faz parte de mim, assim como o meu perfume Womaniti, La Vie Est Belle”
Durante a sua infância “com dificuldades mas muito feliz” as brincadeiras eram muito diferentes das, das crianças de hoje: “Jogava à macaca, saltava à corda, brincava ás casinhas... hoje eles são mais gadjets, computadores, telemóveis...” explica.
Quando o filho, José Miguel, lhe disse que ia ser avó, “o mundo parou! A Maria João, foi um bebé muito desejado e eu acompanhei a par e passo, a gravidez e o nascimento. Não faltei a uma única consulta ou a qualquer exame complementar. Também assisti ao nascimento que, embora muito sofrido, foi lindo!”
O mesmo se passou com o João Miguel, também ele filho de José Miguel, mas a sua terceira neta, filha da sua filha Maria Alexandra, “nasceu na Suíça onde vivem os pais e por isso, embora tenha acompanhado sempre a minha filha com todas as novas tecnologias, com muita pena minha, não assisti ao nascimento.”
“Ser Avó é esquecer o tempo, estar sempre disponível para os netos, e para mim, que sou muito protetora, tem sido muito gratificante.”, explica Maria Alice que guarda muito boas recordações das suas próprias Avós “com quem costumava ficar todas as tarde uma vez que os meus pais trabalhavam. A minha avó Lina que estava sempre comigo, era de facto, especial.”
A grande diferença entre a educação que os pais dão hoje e a que ela própria deu aos filhos é, na sua opinião, a liberdade e o tempo que os pais (não) têm para eles: “ Os meus filhos tiveram sempre muito amor e eu eduquei-os para serem honestos e respeitarem os outros. E, apesar de trabalhar, em tinha tempo para eles. Os meus netos tem muito amor, mas, hoje a vida profissional requer mais das pessoas por isso os pais estão mais ausentes. Felizmente têm os avós!”
E esta Avó é muito empenhada: “Os meus netos estão muitas vezes comigo e com o Avô, sempre que me pedem vou buscá-los à escola ou levá-los à piscina. Vamos, lanchar, ao cinema... e conversamos muito sobre os mais variados temas.”
No momento de descrever os netos, Alice é pródiga nas palavras: “A Maria João é nervosa, independente, decidida, impaciente e amorosa e eficiente em tudo o que faz. Quer ser médica pediatra e adora bolsas e caixinhas, tem mil e uma! Nisso é igual à avó.”, conta com um sorriso. Quanto ao João Miguel adora animais e é curioso, doce, simpático, decidido, “doido” divertido, fácil e especial. Já a Ana Mafalda “é serena, tímida, doce, delicada e amorosa.”
Se bem que o sonho da Avó Alice seja levá-los à Disneylandia, enquanto não se concretiza, tem o Verão em que as crianças vão sempre passar uns dias com ela, a Ovar, onde tem uma casa de férias, “e nesses dias estou por conta deles. Eles é que mandam! Fazemos bolos juntos, eu faço uma série de vezes o jantar preferido deles, panados com arroz branco passeamos, muito vamos à praia... e claro eu conto-lhes as suas histórias preferidas, ‘O Gato das Botas’ e ‘No Mundo das Princesas’.”
E Alice termina a nossa entrevista, como a começou, a falar de livros, revelando desta vez que as histórias que ela própria gostava em criança, eram as Aventuras do Cinco, cujos livros leu todos.

Avó da Semana: RITA BOBONE SPÚLVEDA
20/11/2016
"Preocupa-me o mundo em que os meus netos viverão, tão sem valores humanos, com tanta miséria, tanta guerra."
Com um estilo elegante e moderno, Rita Bobone Sepúlveda, a nossa Avó desta semana, não sai de casa sem estar arranjada: "Pinto- me sempre, pelo menos rímel e blush. Até para ir ao supermercado! Sou fã da Kiko ou qualquer marca low price, mas claro, as boas marcas são sempre bem vindas, se oferecidas! Também não tenho uma loja de roupa preferida, compro onde calha e onde encontro qualquer coisa que goste, que seja em conta e que me fique minimamente bem."
Porém, os perfumes são indispensáveis na sua vida e neles, não se importa de gastar mais dinheiro: “No dia a dia uso o Light Blue da Dolce & Gabana. Para casamentos e baptizados o ‘Escalade à Portofino’ da Dior.”
Rita trabalhou 30 anos como secretária de Direção e Administração com vários tipos de funções, “mas quando tinha 50 anos deixei de trabalhar, para poder acompanhar mais o meu marido. O que não tinha maneira de saber, era que dois anos depois ficaria viúva. Em plena crise, já não consegui arranjar trabalho. Não foi fácil e só agora as coisas estão a começar a endireitar-se… Seja como for, hoje em dia sou mais ou menos a bombeira de serviço dos meus filhos, uma vez que o meu entretém principal é acudir-lhes quando eles precisam.”, conta.
Mãe de quatro filhos, o Nuno, o Vasco a Vera e o Luís e Avó de seis netos, tem todos a viver perto de si, em Santarém: a Carmo de 14 anos a Rosarinho de 11, e o Luis de 7, são filhos do Nuno; a Teresa de 9 anos, a Vera de 7 e o Vasco de 2, são filhos do Vasco. “Mas espero vir a ter mais, uma vez que a Vera ainda não tem filhos e o Luís está para casar, para o ano…”
Tinha 49 anos quando foi avó pela primeira vez: “O Luís tinha apenas 12 anos por isso ainda me lembrava bem do que era ter bebés em casa, mas, claro, fiquei muito emocionada. E quando nasceram foi... enfim, eu sabia que era diferente ser Mãe de ser Avó, mas é uma sensação inexplicável: por um lado um neto é um bocadinho de nós, por outro não é nosso filho... É um misto de sensações mas o sentimento é sempre o mesmo, seja o primeiro seja o sexto.”
No entanto, como foi verificando ao longo dos anos, as relações entre Avós e netos, hoje, são muito diferentes do que acontecia quando ela própria era neta: “Eu fazia toda a cerimónia com os meus avós e os meus netos não fazem nenhuma comigo...até de menos, eu acho!!! . Eu sou uma Avó bastante presente e disponível para eles, ao contrário da minha avó paterna que, como tinha dezenas de netos nos ligava muito pouco. A minha Avó materna de quem tenho as melhores recordações, era quem nos dava mimos e tinha sempre em casa o que nós gostávamos. Talvez por isso, eu mantenha esse habito de ter o que cada um dos meus netos gosta e de combinarmos cada semana o que vai ser o almoço da semana seguinte de maneira a agradar a todos.”, declara a Avó Rita que tem sempre na dispensa “mimos que eles não têm em casa: bolachas, ou batatas fritas, porcarias portanto !!!!”
Mas, mesmo adorando os netos, a Avó Rita é daquelas Avós que não deseduca “uma transgressão ou outra, vá lá...”; pelo contrário, acha que os Avós devem educar sempre que se justifique ou caso os Pais não estejam presentes, até porque “muito sinceramente acho que os pais de hoje não educam muito os filhos a pretexto de terem têm pouco tempo com eles, de estarem cansados, uns e outros.”,
Também acha que dar presentes por tudo e por nada, não faz sentido: “Dou presentes aos meus netos nos anos deles e no Natal e esporadicamente se houver alguma razão, de resto não, não dou. Normalmente compro livros e brinquedos didáticos mas tento pensar em coisas que eles gostem. Às mais velhas compro roupas claro!”
Ter a sua família reunida é, para ela, muito importante, por isso muitos domingos organiza almoços de família, se bem que odeie cozinhar “mas quando tem que ser, dizem que até nem cozinho mal...” e todos os anos escolhem um fim de semana para passarem juntos: “As crianças levam o ano inteiro a querer saber aonde vai ser e o que vamos fazer. É sempre muito divertido e todos adoramos. Normalmente tem sido à volta de barragens para fazerem sky.”
E desde sempre vai buscar os netos, primeiro aos infantários para irem a sua casa lanchar e depois, a partir da primária, para almoçarem “a meu pedido, não por ser preciso, ou dar jeito. Acho que eles, tal como eu, acham estes momentos importantes e o que é facto é que, atualmente, me aparecem espontaneamente, para me visitar.” Explica visivelmente orgulhosa da relação que foi construindo com os netos.
Para ela, ser Avó, “é ser acima de tudo um porto de abrigo. Alguém que os netos sabem que podem sempre contar para desabafar, para boleias, para os fretes de ir com eles aos torneios de trampolins sempre que os Pais não podem, ir pôr, ir buscar, sempre que necessário.”
Para terminar a nossa entrevista, Rita não esconde que sente alguma ansiedade em relação ao futuro dos seus netos: “O meu maior medo em relação a eles, é este nosso mundo que caminha tão sem valores humanos, com tanta miséria, tanta guerra. Preocupa-me o mundo em que viverão, mas enfim, o futuro a Deus pertence e eu espero poder ajudá-los, transmitindo-lhes valores estruturais, a fazer frente às dificuldades do futuro.

Avó da Semana: ANA MARIA BERLESE
13/11/2016
"Deixo de fazer qualquer coisa para atender a uma necessidade
dos meus netos."
O meu nome é Ana Maria Gomes Berlese, moro em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Sou casada e tenho dois filhos, uma nora, um genro e dois netos lindos de morrer, a Cecília, que eu recebi de presente da minha filha Alessandra e do meu genro Fermyno e o Augusto que foi um presente do meu filho Rodrigo e da minha nora Cláudia.
Sou uma Avó que gosta muito de se relacionar com a família e com os amigos. Gosto de festas, de me cuidar, vou na academia, procuro estar sempre arrumada. Tenho como hobby viajar, ler e realizo também um trabalho voluntário junto a mulheres toxicodependentes.
Sempre trabalhei fora, como professora numa escola pública e, quando completei o tempo de serviço, aos 44 anos, aposentei-me. Como estava bem jovem e com muita energia iniciei uma nova carreira como consultora de empresa na área de Relações Humanas, pois tenho o curso de Pedagogia e especialização nesta área. No entanto, quando minha neta nasceu, eu parei de trabalhar pois resolvi que era hora de fechar um ciclo começar outro, com mais tempo para mim e para a minha família mas principalmente para me ser possível acompanhar de muito perto o desenvolvimento dos meus netos e participar ativamente da sua vida. E tem sido óptimo!!
Sou também uma pessoa católica, muito religiosa, tenho muita fé e procuro passar esta fé para os meus netos de forma tranquila e alegre pois a alegria é a tônica dos nossos momentos.
Acredito ter construído com a minha neta, Cecília uma relação de amor, carinho, confiança e de liberdade. Nos quatro primeiros anos dela, tivemos uma convivência quase diária, que foi a base do nosso relacionamento. Quando ia completar cinco anos, ela mudou-se com seus pais, para Portugal. Todos os anos, vou visitá-los e este ano passei com ela três meses durante as suas férias escolares. Cecília é uma menina pré-adolescente (como ela gosta de se intitular, pois completou nove anos) muito linda, inteligente e comunicativa (dizem que ela herdou esta característica de mim). É carinhosa, estudiosa, faz muitos amigos e gosta muito de praticar patinação.
Apesar de termos um oceano nos separando, nosso relacionamento continua forte e íntimo. Quando estamos juntas, conversamos, brincamos, jogamos, assistimos filmes, passeamos, fazemos lanches etc. Tenho a certeza que minha neta sabe que pode contar comigo para tudo o que ela quiser e o que precisar. Sempre que estou com ela, ou me comunicando com ela via meios eletrônicos, interesso-me por tudo que ela faz ou diz.
O Augusto é um menino lindo de cinco anos, muito alegre, comunicativo, inteligente, ativo e carinhoso e eu participo de sua vida intensamente. Moramos perto, aqui em Porto Alegre e sou eu quem o leva muitas vezes para as atividades de laser, desporto e educação. Também temos nossos momentos de brincadeira e eu, que nunca fui desportista, hoje até me arrisco jogando futebol, um desporto que ele gosta muito e do qual sabe tudo, com ele e seus amigos,.
Eu procuro construir com ele uma relação de amor e sei que ele confia em mim e sabe que pode contar comigo em tudo.
Avó é para amar, brincar, fazer todas as vontades dos netos. A Avó só deve dizer ‘não” quando a criança quiser fazer algo que possa se machucar. O relacionamento de uma Avó com seus netos deve ter muita leveza, e é por isso que é tão delicioso.
Realiza-me muito estar com eles e participar de suas conquistas, de suas escolhas, de seus momentos. Deixo de fazer qualquer coisa para atender a uma necessidade de meus netos. E escrevo-lhes cartas, crónicas sobre a vida, que eles receberão no futuro, em que falo do que eu penso da vida, dos meus valores e os incentivo a lutarem pelo que desejam. Relembro-lhes também o que vivemos juntos.
Eles estão e estarão sempre em primeiro lugar em minha vida e também na vida do Avô, meu marido, que é meu parceiro para tudo.

Avó da Semana: MARIA ISABEL MONTEZ DA SILVEIRA
06/11/2016
“Quando começamos a interrogar o milagre da vida e o seu sentido, quando vemos aquele micro ser tão agitado (a dar aos braços e ás pernas) no seu oceano de conforto, dá que pensar.”
Soube que ía ser avó.
Feliz, ainda não sei, apenas pressinto que tenho que fazer a ponte entre o passado e o futuro, tarefa que ainda não estou preparada, porque o passado é muito recente e o futuro ainda longe. ou não, a vida corre tão veloz que passado, presente e futuro acabam por ser uma linha contínua.
É difícil envolvermo-nos emocionalmente com quem ainda não se conhece…mas a ideia que nos vamos perpetuar no futuro, dÁ-nos força. mas ao mesmo tempo, é mais uma fonte de preocupação, a necessidade de nos mantermos á distância, de (não) intervir mesmo quando a experiência assim (não) nos aconselha.
Um dia de cada vez.
Ainda me lembro do primeiro dia de escola da minha filha, cara bolachuda, cabelo á tijela, olhos no chão para não encarar a porta de entrada. tinha 5 anos e os olhos marejados de lagrimas. uma mão tímida acenava e, sem muita convicção, desaparecia pela mão da professora.
O tempo passa a correr porque nós também traçamos objetivos á distância; quando nascem os filhos queremos que andem, que vão para a escola, para a universidade, que se soltem do ninho dos pais...mas a vigilância continua sempre: é como dormir sempre com um olho aberto e outro fechado.
E cansa.
E quando achamos que está tudo calmo lá vêm mais preocupações.
A ideia do recomeçar a amar incondicionalmente com esta idade, assusta. Os sentimentos já estavam escalonados e arrumados nas respetivas prateleiras.
Reorganizar prioridades é que se faz durante toda a vida. e as prioridades de ontem já não são as de hoje nem as da amanhã. e tudo aquilo que achávamos importante de repente deixa de o ser.
Fui ver o meu “projeto de neto(a)”.
No seu habitat normal até parece composto, mas quando olhamos para a régua e medimos 42 mm, assusta. será que cabe tudo ali dentro? Às vezes o excesso de informação confunde as mentes mais elaboradas.
Quando começamos a interrogar o milagre da vida e o seu sentido, quando vemos aquele micro ser tão agitado (a dar aos braços e ás pernas) no seu oceano de conforto, dá que pensar.
A gravidez da rita vai a meio. no final da semana já se sabe se é menino ou menina. Informação útil apenas para quem não quer um enxoval bicolor: branco e amarelo porque em rigor como não dá para trocar, tanto faz!
O tempo corre rápido, ainda me lembro das minhas gravidezes, não tão ansiosas porque a informação era pouca e não dava para especular. o google é o inimigo de muita gente, principalmente de quem sempre teve acesso às ditas “novas tecnologias”.
Mistério resolvido: é um menino, venham de la os babygrows às riscas azuis.
Provavelmente não vou ser uma boa avó. talvez mais uma mãe madura. não que tenha nada contra, até porque as rugas estão cá, cada uma espelhando as tristezas da vida ou simplesmente o passar dos anos.
Tomás foi o nome escolhido pelos pais.
Acho que a única coisa que não lhe vou fazer é ensinar a tabuada. chato…..
E quanto a falar de sexo tem o pai o avô e o tio. menos mal.
A gravidez da Rita corre lentamente para o meu gosto e para o dela. sete meses chegavam perfeitamente, argumenta, cansada do peso, das noites mal dormidas, dos movimentos emperrados onde a lei da gravidade teima em fazer-se valer.
mas sinto-a feliz e isso é bom.
Nasceu ás 15h 24m do dia 20 de agosto de 2014, Tomas Montez da Silveira Falcão.
Nome pomposo a que vai com certeza corresponder uma personalidade forte e gentil.
Já não me lembrava como os bebes podem ser tão pequeninos.. frageis mas ao mesmo tempo com uma capacidade de adaptação inigualável.. sair do conforto do ventre da mãe onde respirar, comer dormir e brincar era feito num t0 á medida, para um mundo sem tamanho.
A tela em branco começou a ganhar forma.
Primeiro de forma audível com o choro de quem foi arrancado ao berço materno, depois surgiram as feições com promessas de parecenças com o pai ou com a mãe ou com ele próprio.
decididamente tem o nariz arrebitado da mãe.
O sr. tomás está reguila. más noites, muito inquieto, rabugento para desespero da mãe que achava muito provavelmente que ter um filho é vesti-lo a condizer e mostrar aos amigos e conhecidos.
Tem ficado uma noite ou outra comigo mas…a natureza é generosa por isso não nos permite ser mães depois dos 50…já não há costas para pegar ao colo e as noites mal dormidas custam a recuperar.
Aos 7 meses já se sabe o que fazer ás mãos e aos pés e sobretudo o que fazer com tudo ao mesmo. Está a ficar com uma personalidade muito forte, vulgo teimoso. já não fica sentado onde o pomos, nem sempre quer ficar na cadeira da papa…mas esta um fôfô. É unanime é um Montez da Silveira de gema.
Mas quem resiste aquele sorriso maroto, aqueles olhos grandes que tudo vê? Ninguem. por isso é tão perigoso e fácil “estragar” uma criança.
Elas basta existirem. nós temos que estabelecer fronteiras e limites assentes na razoabilidade e bom senso que já por si são conceitos muito vagos.
Julgo ter feito um bom trabalho com a mãe e com o tio. vamos ver o senhor que se segue.
Para já entrou para um colegio para aprender a relacionar-se com outras crianças e a ter alguma disciplina. depois….depois….
No fim de semana de 10/11 finalmente andou sozinho.
As aventuras das distancias pequenas resultaram…nada como ganhar confiança.
Agora não há limites. não chega andar; há que se pôr em bicos de pés e esticar o braço…super homem ..me aguardem!
Uma sala cheia de brinquedos, coloridos, barulhentos, estimuladores dos sentidos que muitos blogs e empresas apregoam a preços inimagináveis….sentado no chão a dar o resto do iogurte á cadela….entretido e de olhar brilhante com o que estava a fazer.
Afinal ser bebe é tão fácil.
Nestes Dois anos Tomás, meu neto mudaste a minha vida para melhor.

Avó da Semana: AÍSA SACOOR
29/10/2016
Eu estava de oito meses, não podia vir de avião para Portugal, na África do Sul ainda vigorava o Apartheid e não seria atendida se fosse para lá, e em Moçambique ficaram muito poucos médicos e enfermeiros de maneira que as clinicas fecharam...Quando entrei em trabalho de parto deixaram-me à espera demasiado tempo...
Nascida em Bombaím e criada em Moçambique, Aisa Sacoor casou cedo, aos 18 anos e teve 4 filhos, a Sheila, a Soraia, a Samira e “o meu bebé, o Faisal”, “O Faisal foi uma herança do 25 de Abril. Eu estava de oito meses, não podia vir de avião para Portugal, na África do Sul ainda vigorava o Apartheid e não seria atendida se fosse para lá, e em Moçambique ficaram muito poucos médicos e enfermeiros de maneira que as clinicas fecharam, só o Hospital Central estava a funcionar mas com muito pouco pessoal. Quando entrei em trabalho de parto deixaram-me à espera demasiado tempo... o bebé tinha duas voltas do cordão umbilical à volta do pescoço e esteve tempo demais sem oxigenar o cérebro, de maneira que acabou por nascer com uma incapacidade de 90%...” conta com um sorriso que mostra que está em paz com a vida.
Assim que pôde, mudou-se de armas e bagagens para Londres
onde esteve dois anos e só em 1977 veio para Portugal. “Tinha 32 anos e decidi tirar o curso de enfermagem, que sempre me apaixonou.”
A Cirurgia Cardio-Toráxica foi a especialidade escolhida por Aísa para trabalhar. Passou pelo Hospital de Santa Maria e, passados uns anos, foi convidada para ir abrir o Bloco dessa mesma especialidade no Hospital da Cruz Vermelha de onde partiu para Clinica Mooning Sight em Joanesburgo, “Fui porque o meu marido foi trabalhar para lá. O Faisal foi comigo, mas as minhas filhas estavam em Portugal e a separação custava-me muito. Além disso o meu casamento estava a desmoronar-se, portanto acabei por optar por voltar para cá.” relata Aísa.
Mas ainda não estava escrito que podia parar. Um dia, a sua filha mais velha, Sheila, que entretanto casara e vivia em Nova Iorque, telefonou-lhe a contar que estava grávida de gémeos: “O que senti foi uma grande surpresa porque não estava nada à espera. E a seguir ansiedade porque era uma gravidez de risco. Acabei por ir para NY dar-lhe apoio até que o perigo passou.”, conta Aísa que tinha, à época, 43 anos.
Os gémeos, Daniel e Nuno, actualmente com 23 anos, vieram nascer a Portugal “Assisti ao parto mas até os ver cá fora e ter a certeza que estava tudo bem com eles, não fiquei descansada. E depois senti um enorme alívio e uma grande alegria.”, recorda.
A chegada dos outros netos foi mais tranquila: “Felizmente foram planeados mas, para dizer a verdade, tão próximos dos gémeos que nem deu tempo para recuperar.”
Só que, como entretanto tinha voltado a trabalhar, não podia dar às filhas o apoio que queria: “O pior é que eu tinha ciúmes dos Avós paternos porque as crianças tinham uma ligação maior com eles do que comigo!” confessa sorrindo esta Avó que aproveitava todos os fins-de-semana para os “roubar” às outras Avós: “As minhas filhas que foram criadas com muito rigor e disciplina, ficavam furiosas comigo porque, pelo contrário, eu fazia tudo o que os meus netos queriam!” conta.
Quando hoje vemos os seus 5 netos, percebemos que a Avó Aísa não os estragou com mimo: o Daniel está a acabar engenharia aeroespacial e é muito pacato e correcto ao contrário do Nuno que está a fazer engenharia mecânica, adora paródia e acha a que vida é para ser vivida dia após dia, amanhã logo se vê. O Ricardo, o terceiro filho da Sheila, tem 16 anos e é muito brincalhão e bem disposto, mas ao mesmo tempo muito responsável “Tem a mania que as raparigas caem todas por ele!” diz Aísa com uma gargalhada.
O Diogo, filho da Soraia, tem 22 anos e está a estudar Medicina nos Estados Unidos: “O Diogo é muito bem disposto. Como vive há 3 anos sozinho é muito independente e responsável.”. Ao contrário dos primos, o Bernardo de 21 anos, filho da Samira, e que também estuda medicina, é muito introvertido “Só depois de conhecer bem as pessoas é que dá conversa.” explica Aísa visivelmente orgulhosa da sua prole.
A família faz o possível por se reunir todos os domingos ao almoço: “É o dia da Família mas só nas férias é que conseguimos estar todos. Temos uma casa no Baleal e guardamos sempre uma semana de Agosto para passarmos juntos. Vem o Diogo dos Estados Unidos, vem a Sheila de onde quer que esteja colocada, porque ela é diplomata e está sempre por aí, no mundo. ”
Em boa forma física, a nossa Avó desta semana adora praticar desporto: “Faço hidroginástica 3 dias por semana, e nos outros dias faço pilates que faz bem às costas e yoga que me relaxa. É importante para mim sentir-me fisicamente bem até porque sou muito vaidosa e gosto de estar bonita.”, declara Aísa cuja loja favorita a Loja das Meias e que não passa sem os seus cremes da Yves Rocher e o seu perfume Light Blue da Dolce Gabana. Mas, termina, “não resisto a uma mariscada e gosto, como boa indiana que sou, de comida bastante condimentada.”

Avó da Semana: RITA BRITO DE SOUSA
22/10/2016
“O papel de avó também passa por dar a nossa opinião e uso com frequência a frase ‘no meu tempo’.”
Rita Brito de Sousa, a nossa Avó desta semana, é divorciada, mãe de três filhos, o Ricardo, a Maria e a Madalena e é Avó do Zé Maria, de 8 meses.
Elegante e clássica, trabalha como Secretária de Administração e gosta de seguir as tendências mas privilegia acima de tudo o conforto o que se revela ao fim de semana, em que o seu estilo é mais cool, misturando roupa desportiva com casual.
“No dia-a-dia tenho mais cuidado com a minha aparência, uso uma base, um anti olheiras, rímel, blush e baton. Ao fim de semana basta-me anti-olheiras e baton . A maquilhagem mais completa é quando a ocasião o exige.”, explica.
Mas seja durante a semana, seja ao fim de semana, esta Avó sem Nós, faz questão de se sentir bem consigo própria e parte desse bem estar passa pela hidroginástica e pelo pilates que pratica, “e que me ajuda a manter a forma.”
Tem a sorte de viver na sua cidade favorita: Lisboa, mas adora viajar e um dia espera poder fazer a sua viagem de sonho, à Austrália.
E apesar de gostar de ler, “não leio muitos livros. Os que leio devoro-os como aconteceu com o último que li, ‘Diário de uma Avó Galinha’, que uma amiga me ofereceu quando soube que eu ia ser avó. Encheu-me o coração! E não, não tenho um livro da minha vida... se calhar ainda não o li...”
“O meu maior medo em relação ao meu neto é que ele não seja feliz.”, afirma Rita enquanto se esforça por definir o que é para ela, ser Avó: “É muito gratificante, é vermo-nos refletidos nos nossos filhos e os nossos filhos nos nossos netos. É uma bênção que Deus nos dá. No meu caso, Deus levou-me os Pais cedo demais mas compensou-me com um neto lindo. Os netos são a garantia da nossa continuidade.”
Como é uma Avó recente, não tem ainda “grandes histórias com o Zé Maria, a não ser de fraldas, xixis, cocós e muita brincadeira, mas já temos um amor incondicional que será se Deus quiser para a vida.”
Por outro lado consegue defini-lo com bastante precisão: “O Zé Maria é uma criança calma e doce, muito simpático e alegre e absolutamente lindo!” afirma, visivelmente orgulhosa do neto que, tem a certeza que, como qualquer Avó babada, acabará por deseducar: “Uma avó é uma avó tem um papel diferente de uma mãe e sim, de vez em quando vou deseducá-lo... ou pelo menos não o vou ‘educar’!” admite, calmamente.
Rita soube que ia ser Avó pelo telefone: “A minha filha Maria ligou-me e eu estava a jantar por isso disse-lhe que lhe devolvia a chamada a seguir mas nunca mais me lembrei. Só por volta da meia noite é que me lembrei e lhe liguei. Foi nessa altura que soube que ia ser avó! Fiquei num entusiasmo tal que só adormeci lá pelas 4 da manhã… queria contar ao mundo inteiro mas não eram horas de telefonar a ninguém….”
Quando o seu neto nasceu foi “diferente de tudo o que já senti até hoje, uma emoção tremenda que se sente, não se explica...” , e conta, com os olhos a brilhar de contentamento, que o primeiro banho do Zé Maria foi ela que lhe deu, ainda no Hospital: “Eu adoro bebés principalmente recém nascidos, portanto estava completamente à vontade e ri-me imenso com as instruções muito convictas da enfermeira que devia ter vinte e poucos anos...”
Rita tenta não se impor nem impor a sua presença em casa da filha, apesar de, sabe Deus o que lhe apetece ir todos os dias encher o neto de mimo: “Por principio, tento não invadir o espaço dos outros e em relação aos meus filhos faço o mesmo. De qualquer maneira a minha filha e o meu genro nunca me fizeram sentir uma “invasora”, pelo contrário.” declara.
O que não quer dizer que não dê a sua opinião quando acha que a deve dar: “Tento não interferir, mas dou a minha opinião. O papel de avó também passa por isso e uso com frequência a frase ‘no meu tempo’ não para apontar o dedo mas para tentar mostrar que existem outras opiniões/alternativas válidas!” esclarece esta Avó que pensa que, apesar da relação mais fechada que ela tinha com os Avós, “o amor que se sente é seguramente o mesmo!”.
Pelo contrário, a educação que os pais de hoje, dão aos filhos, “é muito semelhante à que nós, na minha geração, lhes demos. A grande mudança dá-se da geração dos meus pais, para a minha. A geração dos meus filhos educa mais ou menos como na minha geração, fazendo as devidas ‘atualizações’.”
Uma dessas atualizações tem a ver, no seu entender, com as novas tecnologias e a dependência, não só das crianças como também dos pais, de tudo o que é Internet e redes sociais: “Acho que as crianças de hoje deviam brincar mais ao ar livre. Passam o dia nos colégios e depois quando chegam a casa, ficam horas em frente aos computadores ou a jogar nos tablets.“
Se bem que, confessa, “as tecnologias que às vezes criticamos, ajudam-nos a encurtar distâncias. O Zé Maria vive em Alcochete e todos os fins de semana vou lá vê-lo, mas durante a semana ligo em face time para o ver e ouvir! É o máximo…”
A creche é uma realidade na vida do seu neto porque “Graças a Deus toda a gente trabalha, por isso era inevitável, mas ao princípio cortou-me o coração saber que ele ia para a creche, tão pequenino. A minha filha também estava um bocadinho ansiosa mas o facto de não haver alternativas acabou por nos ajudar a aceitar melhor e como o meu neto é muito sociável e bem disposto, corre tudo bem. Ele é um bebe feliz!” conclui Rita que termina assim a nossa entrevista, determinada a ver o lado positivo das coisas!

Avó da Semana: MARY GUTIERREZ PESSOA
15/10/2016
“Ao principio sentia-me muito culpada por não dar atenção ao meu neto, mas hoje em dia já descomplexei.”
Nasceu espanhola mas vive em Portugal há tanto tempo que se considera “só uns 32% espanhola. De resto sou completamente portuguesa!” afirma sorrindo, com um sotaque que nunca perdeu.
Com 57 anos, Mary Gutierrez, deisgner de interiores, é casada com o portuense David Pessoa, e avó de Francisco, “mi Paquito”, de quase 2 anos e a sua vida profissional, “é uma correria, mas ainda bem porque demorei muito tempo e investi muito na minha profissão para agora me queixar que tenho trabalho a mais!”
Quem às vezes se queixava era Patrícia, a filha de 25 anos de Mary, “porque eu não dava tanta atenção ao Paquito como a avó paterna, mas ela não trabalha e eu não paro de trabalhar! Adoro o meu neto mas pura e simplesmente não consigo chegar a todo o lado. Ao principio sentia-me muito culpada mas hoje em dia já descomplexei. E a Patrícia também acabou por perceber que eu sou nova e não posso – nem quero! – fazer o papel de Avó como as Avós de antigamente.”
Ser jovem é ‘um assunto’ para esta Avó: “Sou um bocado obcecada com isso. Detesto a ideia de envelhecer. Detesto a ideia de ficar cheia de rugas, de ter dores cada vez que me mexo, de poder ficar dependente! Sei que é inevitável, mas aquilo que eu puder fazer para atrasar todos esses momentos, vou fazer!”, confessa sem qualquer pudor.
“Acho que tem a ver com a minha avó, que era muito amarga. Ficou acamada muito nova e vivia a queixar-se e a culpar tudo e todos pela sua desgraça. Marcou-me muito.”
A dieta é uma constante na vida de Mary que nos revela que já fez algumas cirurgias plásticas: “Já fiz um lift facial e arranjei os olhos. Felizmente tenho muito cuidado com o que como por isso não preciso de fazer uma lipoaspiração, mas se algum dia achar que preciso, faço e pronto!”
La Prairie é a marca de cosméticos que Mary mais gosta: “Nem sempre pude usar esta marca porque é muito cara e nessa altura usava os produtos da Estée Lauder que – ri – também não são exactamente baratos.”
Por outro lado, embora goste de se vestir bem, não liga nenhuma a marcas: “Não me faz sentido gastar um ordenado mínimo numas calças ou numa carteira. Gosto de roupa bem cortada e de bons tecidos mas acho que o segredo de nos vestirmos bem tem mais a ver com bom gosto do que com marcas caras. Gosto de pensar que tenho um estilo hippie-chic que se presta a misturar. peças baratas com caras tecidos fluidos que não me apertem e ao mesmo tempo simples..”, explica apontado para as calças largas de seda conjugadas com uma simples t-shirt branca e um enorme lenço de franjas.
À pergunta ‘Como ocupa os tempos livres’ Mary dá uma gargalhada: “Tempo livre é coisa que não existe na minha vida! Dantes lia muito, mas desde que comprei um tablet, estou constantemente a navegar na net e normalmente pesquiso coisa que têm a ver com a minha profissão. Quando o largo é para ficar esticada no sofá a ver um filme ou uma série na televisão, que, hoje em dia, é o que me descansa.”
E se tem pavor de andar de avião “só em trabalho”, adora viajar de carro ou de comboio: “O meu lado aventureiro revela-se aqui: quando viajamos, o meu marido e eu, nunca marcamos um hotel. Normalmente temos uma meta, mas se não chegarmos lá, tanto faz, o facto de não termos nada marcado dá-nos a liberdade de parar onde nos apetece. E tem graça que a minha filha faz exactamente o mesmo com o meu genro e agora com o meu neto.”
Com esta quase obsessão com a juventude, o anúncio que ia ser Avó “foi um choque! Não sei porquê, eu achava que a minha filha, depois de casar, ia deixar passar um tempo até ficar grávida, por isso quando ela me disse que ia ser mãe eu fiquei em transe. Podia disfarçar e dizer que fiquei radiante, que foi a maior alegria da minha vida, mas a verdade é que me custou assumir!”, conta. “Acho que guardei toda a emoção para quando o Paquito nasceu. Foi... inexplicável. Ainda hoje sinto um nó na garganta quando penso na primeira vez que lhe peguei ao colo.”
O que não quer dizer, como afirmou no principio da nossa entrevista, que “passe a vida a olhar para ele! A Patrícia sabe que pode contar comigo e com o pai para o que for preciso mas também sabe que eu sou da opinião, são os pais que têm que tomar conta dos filhos, não os Avós.”
Mas quando chega a hora de descrever neto, os olhos da Avó Mary brilham de alegria: “É uma criança linda, doce, muito traquina e como qualquer miúdo que começou ainda agora a descobrir a vida, ocupa muito espaço e quer que lhe demos toda a atenção.”
Por isso quando está com o neto a Avó Mary é a Avó mais Assumida do mundo: “O Paquito merece que eu me dedique completamente quando estou com ele e só consigo fazer isso se não tiver mil e uma coisas na cabeça. Prefiro estar menos vezes e estar a cem por cento, do que estar todos os dias e não ter disponibilidade mental para ele.”, finaliza.

Avó da Semana: KIKA D'OREY GUIMARÃES
09/02/2020
Sim, os pais educam e as Avós deseducam: “Quando estou com as minhas netas é para as gozar, não para as educar!"
Kika d’Orey Guimarães, era fisioterapeuta no IPO antes ter decidido abrir uma loja de roupa para crianças. Hoje, 25 anos depois e a despeito das múltiplas modas que vêm e vão, a Nós e Tranças em Campo de Ourique, mantém o seu estilo intemporal e mantém-se firme no roteiro de todas as mães e Avós lisboetas que gostam de ver os filhos bem vestidos.
Com 61 anos, Kika, praticamente não se maquilha: “Trato da pele com bons cremes, normalmente da Christian Dior, uso sempre perfume, o Aromatics da Clinique, mas não tenho paciência para muito mais. Só quando tenho um jantar mais formal, um casamento ou esse género de festas, é que me pinto.”
Também a sua maneira de se vestir é descomplicada e o conforto e o sentido prático estão em primeiro lugar: “Gosto imenso da Zara porque tem roupa para todos os gostos, e compro lá muito do que visto. Mas também gosto de “chinesar” e encontro muitas vezes peças giras que misturo com outras melhores e fazem um figurão.” confessa, divertida.
Viajar e ler são a sua forma preferida de ocupar o tempo livre: “Adorei todas as viagens que fiz, excepto Cuba, que odiei!” afirma. E acrescenta: “Se puder, o meu próximo destino é a Tailandia.”
Quanto aos livros Kika prefere ler romances ou livros ‘espirituais’. Daí a sua escolha do livro que mais a marcou: ‘Vamos falar de amor’, de Maria José Costa Félix.
Esta, é uma Avó que não se coíbe de afirmar que tem o prazer do paladar: “Gosto de comer e gosto imenso de cozinhar, especialmente quando convido alguém para almoçar ou jantar. Dá-me imenso prazer ter pessoas em casa e que elas gostem do que cozinho para elas.” No entanto, também é simples no prato que gosta mais: “Bifes com batatas fritas!”
Kika é avó de 3 netas, a Mariana e a Luisinha, filhas da sua filha, Filipa, e a Leonor, filha do seu filho Sebastião.
“A Mariana é uma criança muito eficiente, diplomata e responsável. Aqui há uns dias, fomos as duas ao supermercado. Como estou com problemas num joelho, na volta ela insistiu que queria levar o saco com um melão de 5 kilos, porque a Avó não podia fazer força! Ela tem 5 anos!”, conta deliciada.
Quando fala na Luisinha, de 3 anos, os olhos da Avó Kika brilham de divertimento: “Sabe o que ela responde quando lhe perguntam o nome? ‘Surpresa’!!!” diz com uma gargalhada.
E a Leonor? “É calma e com um feitio muito fácil. No dia seguinte à primeira noite que ela dormiu sem a xuxa, fui com ela para o Toys’r’us comprar o que lhe apeteceu. Não tem explicação o que foi a excitação. Acho que foi o melhor fim de semana da vida dela!”
Para esta Avó é um programa ir com as 3 netas, sem os pais, para a sua casa de campo, perto de Santarém. “Queria imenso ser avó e cada vez me divirto mais com elas. Passeamos, vamos para a cozinha fazer bolos, ensino-as a fazer tricot, que é o meu principal e acho que único, hobby, vemos desenhos animados juntas, adoro os comentários e as perguntas que elas fazem... Só há uma coisa que eu não faço: não lhes leio histórias. À segunda palavra já estou a bocejar. Detesto!”
E sim, Kika acha que é verdade que os pais educam e as Avós deseducam: “Quando estou com as minhas netas é para as gozar, não para as educar! E não estou com elas tanto tempo que tenha que impor regras! Educar compete aos pais deles, e, pelo menos teoricamente, nós educámo-los também para eles serem também capazes de educar os nossos netos!”
O que não quer dizer que a Avó Kika se demita de interferir: “Sempre que me pedem opinião e eu a dou, estou a interferir.”, explica ao mesmo tempo que é ‘atacada’ pelas três netas que acabaram de chegar e de nos ‘obrigar’ a terminar a nossa entrevista.

Avó da Semana: MARIA ISABEL FERREIRA (MARIA VERSOS)
01/10/2016
"Os meus filhos têm como prioridade a felicidade e o bem estar dos filhos e conseguem organizar-se para ter tempo para os meus netos. Mas isto é um privilégio que nem todos os pais têm.”
Maria Isabel Jesus Ferreira, tem 66 anos, e é Mãe de 2 filhos Débora que lhe deu dois netos, Carolina de 14 anos e João Maria de 7, e Nuno, pai de Henrique de 4 anos e de Maria Leonor de 2.
O ambiente em que vive é muito importante para esta Avó. Aos 26 anos mudou-se de Lisboa para o Algarve, “após a minha filha ter chegado a casa, na carrinha do colégio, a dormir. Ela tinha 3 anos e eu achei que tinha que lhe dar uma vida mais saudável e mais do meu tempo. Essa escolha coincidiu com a bendita revolução de Abril e Lisboa passou da capital dum Império, a capital de coisa nenhuma, gerida por loucos. No Algarve, para além do clima agradável, consegui ter a minha filha e mais tarde o meu filho, num colégio a 5 minutos de casa, a praia ali aos pés e tempo de sobra para passar com eles.”
E há 8 anos mudou-se, de armas e bagagens, com o marido, Délio Domingos, para Pemba, Moçambique onde construíram um lodge: Chuiba Bay Lodge, Chuiba. (www.chuibabaylodge.com)
“Fui eu que o desenhei e quando digo construímos é mesmo construímos! Na prática andámos com os locais na obra, com cimento até aos cabelos, montámos portadas e portas, fizemos canalização e circuitos eléctricos, montámos as estruturas de madeira dos telhados, importadas de Bali em peças - a necessidade faz o artista - construímos as piscinas e fizemos e fazemos os jardins.”
Mas valeu a pena porque é um local absolutamente maravilhoso, onde “na teoria sou gerente, mas na prática, sou pau para toda a obra (risos).. Supervisiono a cozinha, o serviço de lavandaria e quartos. Sou "relações públicas", não apenas na relação com os nossos hóspedes mas também com as autoridades - a nível institucional - Presidente de Câmara, Director de Turismo, Governador, Ministros de Turismo, Transporte, Ambiente, do Mar, etc...”
Viver ali é como se o resto do mundo não existisse. “Para nos ligar com o resto do mundo, valem-nos os hóspedes — geralmente pessoas muitíssimo interessantes dos mais variados pontos do globo, que não encontraríamos nunca numa vida normal na Europa — e a internet — até livros e revistas adquiro pelo Ibooks.”, refere Maria.
No entanto, afirma que: “vivo onde gostaria de viver. Já corri mundo e acho que os melhores lugares para se viver são Moçambique e Portugal, sobretudo o Algarve, a duas horas de Lisboa e de qualquer capital Europeia.“
Com um estilo ‘smart casual’, em que predominam os brancos, cor linho natural, o castanho e o preto, “cores que me ligam à terra e me dão paz e tranquilidade”, Maria usa e abusa das sedas e dos linhos – até porque é alérgica a fibras. “Descobri também que não consigo usar peças feitas de tecidos de cores fortes, misturadas. Tenho alguns vestidos de verão lindíssimos que passado uma hora tenho que despir - a sensação de desconforto que sinto é indescritível. As cores fortes uso-as nos sacos de tecidos tropicais ou pochetes.”
Quando vivia na Europa as suas marcas preferidas eram Max Mara, Maximo Dutti, Ralph Lauren. eventualmente a Burberries. “A Lanidor tem agora roupa de que gosto bastante e também gosto da Zara.”
“Seja como for, necessito e faço questão de estar sempre elegante, embora com um estilo descontraído, não apenas pelos hóspedes, mas para me sentir bem comigo própria. E, apesar de, como estamos sempre bronzeados, não ser necessária muita maquilhagem, todos os dias uso um bom baton (absolutamente essencial com este sol) e uma sombra neutra. É muito fácil nestas paragens desleixarmo-nos e deixarmos de cuidar de nós. O comum é ver-se mulheres europeias com roupas largas e sem qualquer estilo ou elegância, tipo trapos, e flip flops, cabelos maltratados e unhas com aspecto desleixado. Por vezes tenho a sensação que cheguei de Marte, tal a diferença entre a minha postura diária e a geral. Mas não consigo nivelar-me por baixo...”
Quanto ao perfume, não tem uma marca preferida: “Os perfumes mudam e eu escolho.... neste momento uso Eau de Sisley, que adoro.”
Maria aproveita as viagens ao estrangeiro para comprar roupa porque em Pemba não existe uma única loja: “Existem umas coisas, uns buracos com roupa horrível de acrílico, a que chamam lojas e também as "barracas" com calamidades - roupa doada a Moçambique e que aparece à venda por todo o país.”
Se bem que hoje em dia já não tenha muita paciência para viajar, ainda assim vai dizendo que gostaria de percorrer os países do Sul de África (Moçambique e Africa do Sul uma vez mais, Botswana, Namibia, Swazilandia, Zimbabwe, Malawi, Zambia) em 4x4, “mais um mês no Laos ou no Tibete para tentar o "controle da mente", muito wild (a minha mente) para meu gosto.”, diz, com um sorriso.
Em lugar de viajar, a nossa Avó desta semana, prefere ler e são muitos os autores que gosta, desde Vasco de Graça Moura e David Mourão Ferreira a Gabriel Garcia Marquez e Mia Couto. "O ensaio da cegueira" de Saramago foi sem dúvida o livro que mais a marcou: “Existem infelizmente, no presente, tantos paralelos à vivência descrita meste livro - comparo-o, por exemplo, com a crise de Ébola na Libéria - assistir ao noticiário sobre esta crise era reviver "live" a escrita do Ensaio sobre a Cegueira. Impressionante!”
A chegada da primeira neta foi inesperada. “É sempre uma imensa felicidade o nascimento de mais uma criança na família apesar do sentimento de preocupação e muita ansiedade até saber que tudo correu bem. E pegar numa criança após o nascimento é uma sensação única, de quase estado de graça, sentindo ao mesmo tempo que temos ao colo um diamante raro, tão frágil que quase temos medo que se quebre.” afirma.
E vivendo 'do outro lado do mundo', confessa que tem um grande sentido de culpa por não poder estar perto deles e contribuir para a sua formação e crescimento. “Queria tanto ensinar-lhes muitas coisas, contar-lhes muitas histórias, passear com eles, viajar com eles. No entanto, tenho filhos tipo pai e mãe galinha, que adoram "viver" os filhos e duvido que me deixassem muito espaço para realizar os meus ambiciosos planos.”, ri Maria que confessa que já interferiu algumas vezes, “em coisas que acho importantes, como sugerir a substituição da empregada doméstica por outra mais capaz (o que fizeram) ou para habituar um dos meus netos a ir para a cama às 20h00 em vez de às 22h00 ou 23h00”
O skype e o facetime são indispensáveis para manter o contacto com a sua família: “Eu ligo muitas vezes para os meus filhos, durante o dia, para falarmos sobre outros assuntos ou saber como estão. Ao fim da tarde eles ligam-me para eu falar com as crianças.”
Mas o tempo que passam juntos é aproveitado ao segundo, tanto pela Avó como pelos netos e a Avó Maria esforça-se para que fiquem recordações especiais de cada momento: “Aqui em Moçambique jantamos à luz de velas à volta da piscina, ao som de tambores e dançarinas macuas dançando à volta duma fogueira, vamos de barco ver baleias e/ou golfinhos na baía de Pemba, visitamos a aldeia Macua local onde crianças bem felizes brincam com nada... um grande exemplo de como o consumismo das sociedades ditas ‘evoluídas’ não contribui para a felicidade, temos um tempo de contar histórias, com eles sentados a balançar-se nos hammocks suspensos das casuarinas da praia e dispostos em círculo â minha volta, já plantei um embondeiro com cada neto, ao qual damos depois o seu nome... e muito mais! Em Portugal a minha neta Carolina escolheu-me para ir à escola, contar uma história a toda a aula, numa ocasião especial e o meu neto Henrique – de 4 anos –, levou-me a uma festa na piscina onde faz natação, onde as crianças levam as mães e juntos fazem jogos dentro de água - corridas, saltos para cima de colchões e muitas outras coisas fáceis para uma "mãe" de sessenta e muitos anos. Também já re-decorei o quarto da Carolina com ela e tantas, tantas coisas mais...”
De longe a Avó Maria observa com alguma angústia que a vida hoje em dia é mais acelerada e é muito mais difícil arranjar tempo, pelo que a maioria dos pais “não têm tempo para estar com os filhos (decerto que não por escolha própria) ou chegam a casa tão stressados que não têm paciência para as crianças, substituindo muitas vezes a companhia e acompanhamento que lhes deveriam fazer, por gadgets como tablets e televisões e dedicando, eles mesmo, muito tempo a navegar nas redes sociais. Felizmente os meus filhos têm como prioridade a felicidade e o bem estar dos filhos e conseguem organizar-se para ter tempo para os meus netos.”
E conclui: “Mas isto é um privilégio que nem todos os pais têm.”

Avó da Semana: MAFALDA MACHADO CRUZ
24/09/2016
“Nunca vi nenhum dos meus avós sentado no chão”
“Os meus netos querem sempre colo todos ao mesmo tempo; quando um está ao meu colo os outros começam-se a aproximar e a tentar tirar o que já lá está. Acho que é para marcar terreno porque se sentam um bocadinho e logo a seguir vão brincar. A não ser quando estão com sono. Nessa altura, adoram vir para o meu colo para eu lhes fazer cafuné até adormeceram. Como as mães deles. Ainda hoje as minhas três filhas, a Marta, a Maria e a Mafaldinha, adoram pôr a cabeça no meu colo e dizem ‘mãe quero cafuné?” É com estas palavras que Mafalda Machado Cruz, de 60 anos e avó de 4 netos, começa a nossa entrevista.
Secretária de administração, ocupa o tempo livre a ler, que adora, a ouvir música ou a ver um filme. O seu livro preferido é o Principezinho de Antoine de Saint Exupéry: “Li-o em pequena e fui-o lendo várias vezes ao longo da vida e é extraordinário que cada vez que o leio o interpreto de maneira diferente. É um livro para todas as idades.”, afirma.
Por outro lado, odeia cozinhar e não liga nenhuma aos prazeres do paladar: “Só cozinho por obrigação. Tenho de comprar uma bimby para a pôr a cozinhar por mim!”
A Avó Mafalda tem uma opinião muito segura sobre as diferenças entre as relações Avós-netos: “Nunca vi nenhum dos meus avós sentado no chão… O distanciamento entre avós e netos era muito maior nessa altura. Os meus netos estão muito à vontade comigo, sento-me ou deito-me no chão a brincar com eles e devem achar que eu sou de borracha porque saltam para cima de mim, de qualquer maneira, qualquer dia partem-me. Mas é divertido, há uma interacção muito grande entre nós.”
Também o distanciamento entre os seus pais e esta Avó e ela e as suas filhas, era muito maior, o que, obviamente, se reflete no tipo de educação que se dava/dá: “A vida era muito diferente quando eu era pequena. Éramos mais irmãos, as casas eram maiores e havia empregados só para tomarem conta das crianças, portanto não estávamos sempre em cima dos nossos pais como agora as crianças estão. Nós nunca brincávamos na sala, por exemplo. Mas os princípios que os meus pais me transmitiram, e eu passei às minhas filhas são os que agora as vejo a passar aos filhos delas.”
E isso é importante uma vez que a nossa Avó desta semana pensa que os pais é que devem educar os filhos da maneira que acharem melhor e que tanto as suas filhas como os genros estão perfeitamente aptos para desempenhar bem o seu papel: “Há idades para tudo, há uma para ser mãe e há outra para ser Avó. Eu não critico, nem nunca aponto o dedo à maneira como eles educam os filhos. Se me perguntarem a minha opinião, dou-a mas não uso a frase “no meu tempo” se bem que por vezes lhes diga como agia com elas, ou como os meus pais agiram comigo numa determinada situação”
Quando se lembra como foi quando o primeiro neto de cada uma das filhas nasceu, ainda franze a testa vagamente perplexa: “Foi uma sensação estranha, vê-las ali deitadas com um recém-nascido ao colo. O tempo tinha passado tão depressa. Ainda há tão pouco tempo eram os meus bebés e agora eram elas que tinham um bebé. Depois, quando tiveram o segundo já me tinha convencido que elas já eram mães.” conta.
E na sua visão de Avó, os seus netos, Tomás de 5 anos e Francisco de 2 anos e meio – filhos da Marta, Vasco de 4 anos e António de 2 anos, filhos da Maria, são todos, “bonitos, amorosos, alegres, divertidos, especiais e cheios de qualidades e nenhum defeito.”, afirma, a rir.
O inverso também é com certeza verdadeiro, não é possível que os netos não pensem que esta Avó, que se veste nas mesmas lojas que as filhas, a Zara e a Mango, e desce ao nível deles quando é hora de brincar, não seja a Avó perfeita.
Como vivem perto, está frequentemente com eles e de vez em quando, se os netos lhe pedem ou se ela acha que merecem, leva-lhes um presente que gosta comprar na Imaginarium das Amoreiras, ou na Babycool de Campo de Ourique que tem coisas muito giras.
Nas férias – única altura em que dispensa a base e o batom clarinho que usa no dia-a-dia – passa sempre alguns dias com os netos e como férias é não ter obrigações, não tem nada muito programado. Quem às vezes, inventa programas são os netos: “Um dia estava sentada no sofá e reparei que os 4 estavam todos juntos a falar baixinho. De repente vieram todos a correr na minha direcção e atiraram-se para cima de mim aos gritos “moche à avó”. Os mais pequenos nem sabiam o que era moche mas vieram também levados pelo mais velho, e no meio da confusão lá fui parar ao chão com eles todos por cima.”
As brincadeiras com os netos são basicamente o único desporto da Avó Mafalda que para além disso não pratica nenhum, “não gosto de desporto, apenas ando muito a pé.” Mas adora escrever, o seu único hobby.
Hoje em dia também já não viaja tanto como viajava, nem lhe apetece!
A viagem que mais a marcou, foi — imagine-se — a de finalistas do liceu que completou em Angola, onde nasceu. Mas convenhamos que nem todos os finalistas, mesmo da Faculdade, têm uma viagem como a que ela, para finalizar a entrevista, nos descreve:
“Foi no navio Angola, que era meio carga, meio passageiros, portanto nós ocupámos todos os lugares dos passageiros pelo que o barco ficou por nossa conta. Andávamos por todo o lado, desde a casa das máquinas, à ponte de comando do navio, íamos para a proa do barco, mesmo na pontinha e abríamos os braços a imaginar que voávamos (tal e qual a cena que depois se viu no filme Titanic), fazíamos o que queríamos e ninguém nos chateava. Saímos de Luanda, e fomos parando nos vários portos, Lobito, Moçamedes, Capetown, Durban, Lourenço Marques, Nampula, onde nos metemos numa camioneta que nos levou a passar um dia na Ilha de Moçambique, que é uma beleza. Lembro-me de quando atravessámos a ponte para chegar à ilha olhar para baixo e ver os corais de todas as cores, lindos! De Porto Amélia voltámos para Luanda, parando outra vez em todos os portos. É impressionante atravessar o Cabo da Boa Esperança e ver a junção dos dois oceanos, Atlântico mais escuro e o Índico mais turquesa. Foi uma viagem que durou o mês de Março todo, pois era o mês em que, em Luanda, tínhamos as férias grandes."

Avó da Semana: MARIA DAS GRAÇAS RISSO DE OLIVEIRA
17/09/2016
"Chego atrasada, mas não chego feia."
O meu nome é Maria das Graças Risso de Oliveira mas a maior parte das pessoas trata-me por Gracinha. Vivo no Rio de Janeiro, em Niterói, com o meu marido de quem tenho dois filhos, que me deram um neto cada um: o Lucas, de 11 anos e o Arthur, de 5.
Prefiro nem comentar o que ocorreu quando recebi a notícia de que ia ser avó! Só posso dizer que, literalmente, sentei no meio fio e chorei.
Quando nasceram, tanto um como o outro, foi evidentemente uma grande alegria mas nunca passou pela minha cabeça invadir o espaço dos meus filhos. O pai do meu neto e minha nora gostam muito de mim, porque não me veem como sogra, e sim como amiga. Quando vou na casa do meu filho, sou visita (minha filha é separada e mora comigo) e jamais disse a qualquer deles que no meu tempo se faziam as coisas desta ou daquela maneira. O meu tempo já era!! (risos)
No entanto, percebo muitas diferenças entre a educação que me deram ou que eu dei aos meus filhos, e a que eles dão aos meus netos, principalmente no que diz respeito à disciplina. Mas, se bem que não pretenda nem educar nem deseducar, quando tenho alguma coisa a dizer, converso com os meus netos e juntos resolvemos os “problemas” que possam haver. A minha relação com eles é amistosa — ao contrário do que acontecia com a minha avó com quem, os meus irmãos e eu, tínhamos a pior relação possível! — assim como a do Avô que os adora (babado é mesmo só por mim!).
O Lucas, meu neto mais velho, mora comigo. É lindo e muito inteligente (excepcional para mais) mas muito difícil; tenho a impressão, que age como toda criança que, como ele, tenha um QI altíssimo.
O Arthur vive perto de nós e é um anjo louro de olhos azuis, meigo, tímido e muito agarrado com os pais.
As “avós assumidas”, que me desculpem porque o que vou dizer agora, as vai com certeza chocar: nunca fiquei com os meus netos quando eram bebés, porque não gosto de tomar conta de criança. Também não passo férias com eles. Gosto muito de viajar mas viajo, sempre eu e meu marido, não gostamos de viajar com filhos ou netos.
E a propósito de viagens, a que mais me marcou, foi a Turquia mas amo Paris, Barcelona, Nova York e Las Vegas. Antes de parar de viajar, gostaria de ir ao Japão, a minha viagem de sonho.
Também adoro ler — O meu livro de cabeceira é ”Cartas a um jovem poeta” de Rainer Maria Rilker. E ler é precisamente o único hobby que tenho, uma vez que entre o trabalho e a prática de desporto — faço três horas de exercícios físicos por dia, além de correr seis quilômetros, cinco vezes na semana — não me sobra muito tempo. . O meu marido diz que tenho corpo de miss. Já viu, que ele baba por mim!(mais risos)
Há ainda uma parte da minha vida que me ainda me dá um prazer especial, a que está ligada à Moda. Antes de fazer a faculdade de Direito, fiz Estilismo. Nessa altura fazia roupas de tricô rústico, misturado com camurça e couro. Recebia encomendas de Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, só para citar alguns. Parei por causa da situação do país nos anos 90, quando Collor confiscou o dinheiro dos brasileiros. Mesmo assim, ainda dou assessoria de moda, apesar de, após ter-me formado em Direito, o meu trabalho ser mesmo no Tribunal de Justiça.
A estética é muito importante para mim e adoro coisas bonitas! Porém, não se pode dizer que tenha um estilo marcado quanto à minha maneira de vestir. Conforme as ocasiões gosto de me vestir duma forma clássica e elegante, cores sóbrias, cortes direitos. Noutras puxo mais pelo lado prático e confortável e noutras ainda gosto de modelos glamorosos, com peças que são o último grito da moda, maquilhagem mais carregada e acessórios evidentes. Também não tenho uma loja preferida, compro na loja que gostar da roupa, desde que seja de bom padrão. Os sapatos, esses sim, acho importante que, para além de bonitos, sejam confortáveis por isso são de boas griffes.
E é claro que só saio de casa muito bem arrumada e maquilhada! Sou muito vaidosa e estou sempre impecável. Meu lema é: chego atrasada, mas não chego feia.

Avó da Semana: VERÓNICA ALBUQUERQUE RUFINO
10/09/2016
“Quando os meus netos nasceram senti uma profunda gratidão e uma imensa alegria, tal como, quando nasceram meus Filhos…"
“Não há comparação possível entre a relação que eu partilhei com os meus avós e a que os meus netos têm comigo! Nasci no seio de uma família tradicional, com valores morais muito fortes, de dignidade e firmeza e os meus Avós eram distantes e cerimoniosos. No entanto serão com certeza alguns dos valores que me foram passados, que passarei aos meus netos, acrescidos de muita alegria e carinho, tal como fiz com meus filhos.”
É com esta convicta declaração que Verónica Albuquerque Rufino, a nossa Avó desta semana, começa a sua agradável entrevista à “Avós sem Nós”.
Com dois netos, a Clara com dois anos e o Francisco com apenas um mês, conta, comovida como soube que ia ser Avó pela primeira vez: “Estava a entrar para a Missa Dominical, em Santo António do Estoril, quando minha filha, que me aguardava, me disse. Foi um enorme presente de ALEGRIA.”,.
E fica ainda com um nó na garganta quando se lembra do dia em que a neta nasceu: “Senti uma profunda gratidão e uma imensa alegria, tal como, quando nasceram meus Filhos… como diz, uma amiga minha, ‘o passado é a memória do futuro.’”
Verónica foi sempre muito activa e dedicou grande parte da sua vida a causas sociais, nomeadamente à Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama, da qual foi Mentora/ Fundadora e Presidente, na sequência do seu trabalho como Coordenadora no Serviço de Medicina Física e Reabilitação do IOPFG de Lisboa: "Fazer voluntariado foi sempre uma coisa natural, mas penso que todos os voluntários sentem o mesmo.", explica, ao falar dos 15 anos que consagrou a esta 'actividade.
Neste momento está reformada mas nem por isso é menos dinâmica: vai ao ginásio todos os dias e está integrada em Grupos Culturais e de Lazer, uma vez que a Arte em geral e a música clássica em particular, são uma paixão antiga. “Também gosto muitíssimo de ler e os livros são os meus ‘Castelos’. Não tenho apenas um livro preferido, mas ‘O Caminho menos percorrido’ de M. Scott; ‘A Amizade’ de São Tomás de Aquino e ‘O Homem que se tornou Deus’ Gerald Messadié, são alguns dos livros que não dispenso ter por perto.”, afirma.
E não pára por aqui: “Sou cinéfila. No Inverno, vou semanalmente ao cinema, com um grupo de amigos. Para mim há filmes intemporais: Bem-Hur; E Tudo o Vento Levou; O silêncio dos inocentes; Lawrence da Arábia, entre outros igualmente marcantes.”
Muito coquete, apesar de se pintar duma forma discreta, apenas com rímel castanho e um baton claro, Verónica afirma que “de cara lavada, apenas na praia e no ginásio.”
O seu gosto quanto a perfumes recai em fragrâncias frutadas ou florais como ‘Pleasures’ de Estée Lauder e ‘Rose 4 Reines’ de L´Occitane, e “a minha roupa é adequada às circunstâncias, mas acho que me encaixo num estilo contemporâneo: elegante, prático, confortável e moderno. Agora, tenho loucura por sapatos que tanto podem ser da Scarpin, da Helio, da Aldo ou até da Feira, desde que sejam de qualidade, elegantes e confortáveis.”
Divorciada, a sua relação com o seu ex-marido é de amizade: “Partilhamos ideias sobre os nossos dois filhos, a Mafalda e o José Maria que têm uma diferença de 14 anos entre si, e fazemo-lo igualmente sobre os netos, ambos filhos da Mafalda. Encontramo-nos sempre nas datas emblemáticas, Aniversários, Natal, Páscoa, Nascimentos ou quando as circunstâncias o exigem. Ele foi/é um óptimo Pai e será com certeza um óptimo Avô, uma vez que é tão babado com os netos quanto eu.” declara.
Netos que lhe proporcionam todos os dias novas emoções como aconteceu quando ficou pela primeira vez que ficou com a Clara: “Foi muito emocionante, foi um reviver de memórias felizes como Mãe.”
Hoje, a neta, uma criança doce, alegre, curiosa e bonita, já tem dois anos e a sua Avó criou algumas rotinas, de forma a tê-la por perto: “No Inverno de quinze em quinze dias assistimos à Missa dominical juntos, seguida de almoço. No Verão um dia na praia e jantar à beira-mar. Igualmente, um fim de semana por mês, cá em casa e para além disso, passamos em família, em casa de meus pais na Beira, alguns dias no Verão e nas épocas festivas, Natal e Páscoa. É muito gratificante.”
Nos dias que passam juntos, a Avó Verónica, afirma que não deseduca os netos, “nem interfiro na educação que os Pais lhes dão. Quero e posso dar continuidade a essa educação, recheada de muita alegria e doçura para que, mais tarde, exista uma grande cumplicidade entre nós.”
Apesar disso – ou será por causa disso? — não deixa de lhes dar oferecer pequenos ‘mimos’ embora garanta que “só nas épocas festivas, ofereço presentes, normalmente vestuário que compro por exemplo, na Natura Pura, na Chicco, no C&A. Gosto de os ver vestidos de uma forma confortável e bonita.”
Para grande contentamento da Avó, Clara, partilha com ela a paixão pelo mar e pela dança. “Sempre que vem cá a casa e me vê a cantarolar e dançaricar enquanto acabo o jantar ou o almoço, imita-me e dança feliz.”
Já o seu gosto pelo Mar começou um dia, na Praia Grande, em que Avó e neta se distraíram a fazer castelos e piscinas à beira-mar, “Veio uma onda mais atrevida e voltou-a do avesso. Não chorou mas estava atónita! Rapidamente, peguei-lhe ao colo, sentei-a de novo na areia e bati muitas, palmas, dizendo: “ palminhas, palminhas para a Clara…’xiribitatta, lailaialaia, parabéns, parabéns, que mergulho tão bom’… Ela começou a rir e hoje, pede: ‘Vó paia, quello megulho’”
E o que é ser Avó, na opinião de Verónica?
“É ser de novo Mãe, sem as responsabilidades e encargos de uma Mãe. É apenas e só, desfrutar desse amor, dessa alegria imensa.”

Avó da Semana: MARIA DO CARMO CABRAL DA CAMARA
03/09/2016
“Uma Avó é um poiso de amor para os netos”
Nasceu em Timor e veio para Portugal com seis anos, viver com uma tia com o mesmo nome que ela: Maria do Carmo Cabral da Camara. Só com 38 anos “voltei para (re)conhecer a minha mãe. Tive que ir a Haia onde havia uma embaixada de Timor e era mais fácil obter um visto. Foi uma viagem muito marcante como é óbvio!” conta comovida.
E à medida que os anos passam, o seu país de nascença, está cada vez mais presente na sua vida: há um ano, com o apoio da Embaixadora de Timor em Portugal e do gabinete da sociedade civil do primeiro ministro desse País, Carmo co-fundou a ‘Associação Uma Timor Salurik’, cujo objectivo é dar a conhecer a cultura timorense aos timorenses que se encontram há muito tempo em Portugal: “para os manter ligados às suas raízes, costumes e tradições.”, explica.
Com 60 anos, esta Avó trabalha no departamento de Comunicação da Fundação Calouste Gulbenkian e passa os seus tempos livres “a não trabalhar (risos), a ler – o livro da minha vida é “Nas tuas mãos” de Inês Pedrosa – ou a jardinar, uma atividade que descobri recentemente e que me distrai imenso.”
Descontraída e prática na maneira como se veste, no principio de cada estação, não dispensa uma visita à Mango, a sua loja preferida com cujas peças compõe elegantes “outfits”. Quanto a sapatos, quer acima de tudo sapatos cómodos mas nunca deixa de ir espreitar a Made In que tem “sapatos lindos, confortáveis e especiais.”
No dia-a-dia gosta de uma maquilhagem leve “com um risco, rímel, um batom discreto e blush mas nunca deixo de limpar a pele e aplicar antes um creme de dia da Dior.”
O cuidado com o corpo não se fica por aqui, e, se bem que ela odeie fazer ginástica, “obrigo-me a fazer! No final de cada aula até é bom, fico sempre mais descontraída, mas de facto, detesto! O que eu gosto é de andar a pé e todos os dias vou a pé para a Gulbenkian – mais ou menos 25 minutos – e volto também a pé para casa.” Um exercício fundamental porque a nossa Avó desta semana adora comer, nomeadamente costeletas de borrego e caril, que “me sai sempre bem quando sou eu a cozinhá-lo.”
Carmo que ainda se emociona ao recordar o momento em que soube que ia ser Avó: “Foi durante um jantar de família. O Tomás e a Madalena – meus filho e nora – chamaram-me à parte para me contar. Não sei descrever o que senti, sei que desatei a chorar de alegria, de nervoso, de ansiedade, de felicidade, de sei lá que mais!”
E quando a Matilde, a sua segunda neta nasceu, apenas há sete meses, foi como se tivesse sido a primeira:“principalmente porque os meus três filhos são rapazes já tinha um neto e finalmente tive a oportunidade de ‘ter’ uma rapariga. Já me estou a ver a enchê-la de laços e fitas!” ri, encantada.
Agora com dois anos e meio, o Tomás (tem o mesmo nome que o pai) é uma criança enérgica, independente, barulhenta, descarada, decidida e muito ternurento que adora despejar-lhe a carteira e, quando encontra os óculos dela, pergunta muito sério: “pechisa?” o que a desarma completamente.
Ele e a Avó Carmo passam horas entretidos à procura do peixinho que se esconde nas páginas do o livro do peixinho, o livro que ele mais gosta. Ela bem tenta impingir-lhe a história da Bela adormecida, a sua história preferida, mas ele não vai nisso!
Quanto à Matilde “ainda é pequenina para a conseguirmos definir mas como qualquer bebé e sendo minha neta, é absolutamente deliciosa!!”
A creche nunca foi uma realidade na curta vida dos netos da Avó Carmo: “A Madalena, mãe deles, tomou a decisão de ficar com eles até aos dois anos. Hoje em dia é um privilégio. Só agora é que o Tomás foi para o jardim infantil. Confesso que estava com algum medo da adaptação dele, mas foi como se sempre tivesse estado naquele colégio, com aquelas educadoras!” afirma, muito orgulhosa ‘dos feitos’ do seu neto mais velho.
Esta Avó tem algumas peculiaridades, como por exemplo não dar presentes nos dia de anos e no Natal porque: “são dias em que eles são inundados de presentes. Dou-lhes tanto brinquedos como roupa – gosta especialmente das lojas Nós e Tranças e Os Patinhos – mas dou-lhos quando os compro, o que acontece normalmente na época dos saldos (risos).” Por outro lado é incapaz de se meter na educação que os pais de Tomás e Matilde lhe dão: “Eu tenho meu papel, completamente diferente e muito mais fácil do que o dos pais. Há toda uma série de decisões, às vezes difíceis, que uma Avó não tem que tomar. Ser Avó é muito mais leve, é ser um poiso de amor para os netos.”
E como ‘Ser Avó é ser Mãe com açúcar’ é a melhor definição de avó que Carmo já leu, ela pretende ser exactamente assim para os seus netos!

Avó da Semana: ELSIE QUINTELA
27/08/2016
"À nossa maneira, e tendo em conta que não somos pais, devemos, sim, educar ou ajudar a educar os nossos netos”,
Com um estilo marcadamente contemporâneo, que se reflecte na maneira moderna mas prática e confortável com que Elsie Duarte Silva Savage da Costa Quintela, se veste, esta elegante Avó de 66 anos é casada e vive em Lisboa, cidade onde também vivem as suas duas netas, Caetana, de 12 anos, e Francisca, de 10. Uma aproximação que a deixa feliz, já que Elsie considera que “as tecnologias não conseguem substituir a distância caso ela exista. Minimizam, quando muito, as consequências desse facto. Por outro lado, os pais também têm de ajudar na facilitação das relações para gerarem os equilíbrios desejáveis”.
No dia-a-dia, Elsie prefere não se maquilhar, mas não dispensa os produtos de cosmética da marca Carolina Herrera nem umas gotas do seu perfume favorito, Chloé. Contudo, não é com cremes que mantém a forma: a nossa Avó da Semana pratica regularmente hidroginástica e pilates, não só pelo bem que fazem à saúde, mas também porque gosta de facto destas actividades. E (também) por isso, pode “fazer asneiras” e deliciar-se com um cozido à portuguesa, o seu prato preferido, sempre que quer!
O curso de Turismo que tirou no ISLA adapta-se perfeitamente a Elsie, uma vez que adora viajar. Embora tenha gostado de todas as viagens que fez, as que mais a marcaram foram ao Brasil e à Turquia. “Istambul é uma cidade linda, com muito para ver e gostar. O Rio de Janeiro é absolutamente maravilhosos e todas as cidades brasileiras que conheci são igualmente lindas. Este ano quero ir a Praga e a Budapeste com algumas amigas. O meu marido tem pavor de aviões. Quando os meus filhos eram pequenos não ia a lado nenhum nem os deixava ir com ninguém! A mim, viajar faz-me bem, principalmente desde a morte do meu filho Salvador. Distraio-me, parece que penso um bocadinho menos nesse triste acontecimento”, confessou.
Entusiasmo e satisfação foram os adjectivos empregues por Elsie para descrever o que sentiu quando soube que ia ser Avó. Já quanto aos sentimentos que a invadiram quando o primeiro neto nasceu, é-lhe difícil traduzi-los em palavras: “Talvez um sentimento de plenitude, quase como se fosse de novo mãe.” Com um sorriso, acrescentou: “Achei complicado manter-me no lugar de avó e não invadir o espaço dos meus filho e nora... até porque há noras e noras... Mas tento ter bom-senso sempre que dou a minha opinião quanto às decisões que os filhos tomam em relação às minhas netas... De vez em quando, como é natural, há divergências...”
A nossa Avó desta semana tem uma ideia muito concreta sobre se as Avós devem ajudar na educação dos netos. “Há avós que pensam que não devem educar os netos, o que é um disparate! À nossa maneira, e tendo em conta que não somos pais, devemos, sim, educar ou ajudar a educar os nossos netos”, sublinha. E, apesar dos tempos serem outros e de tudo ter evoluído e mudado, na sua opinião “o essencial da relação entre avós e netos é muito semelhante”, refere Elsie, para quem “as crianças de hoje em dia são educadas com um excesso de ideologia educacional, o que o que nem sempre dá bons resultados. Tudo o que se lhes faz ou deixa de fazer pode ser um trauma. Antigamente haveria erros mas também mais pragmatismo, o que me parece mais equilibrado”.
Nesta curta mas franca conversa, Elsie revelou que adora estar com as netas, “que estão numa fase em que já fazem imensa companhia. A Caetana é alegre, tem um humor incrível e é giríssima como personagem. A Francisca tem um feitio mais difícil mas tem um óptimo coração e uma verdadeira loucura por mim!”.
Os dias de férias que as netas passam consigo na Ericeira são recheados de agitação. “Elas têm muitos primos e amigas, formam grupos muito divertidos. Ainda por cima agora são as festas da terra e como as duas são óptimas ginastas, vivem nos ‘elásticos’ a dar saltos mortais e piruetas, e a andar nos carrinhos de choque...”, conta, divertida.
Quando estão em Lisboa, têm por hábito ir “lanchar todas as quartas-feiras, scones e areias, que elas adoram, e vêm almoçar a minha casa aos sábados”. O Avô Francisco, tão “babado” quanto a Avó Elsie, participa e diverte-se tanto quanto ela e é ele quem muitas vezes leva as netas à ginástica ou à equitação.
Elsie termina a nossa entrevista com uma afirmação convicta: “A minha vida é muito simples. O que me dá maior prazer é estar com a minha família, que me completa inteiramente.”

Avó da Semana: CONCHA DELGADO...
20/08/2016
"Como avó senti-me uma avó desnaturada"
Olá a todos, eu sou a Concha e sou avó há 3 anos.
Tenho 4 filhos mas, ao contrário das múltiplas avós de quem vou ouvindo histórias, eu tive filhos em 2 revoadas e juntei tudo. Tenho o Bernardo e a Mariana com 31 e 30 anos e depois o Gonçalo e a Teresinha com 12 e 10 anos.
Tinha a Teresinha 7 anos quendo nasceu o meu primeiro neto, o Tomás, filho da Mariana. Um bebé que não podia ser mais amoroso! O único senão foi que eu tinha acabado de ter 2 filhos. O Tomás foi mais um, só que, bebé. Os tios Gonçalo e Teresinha sentiram-se importantíssimos e tomaram o seu titulo de "tios" muito a sério. Em compensação eu, como avó, senti-me uma "avó desnaturada" porque não conseguia gerir bem o ainda ter dois filhos tão pequeninos e aparecer já um novo elemento “da mesma faixa etária". O meu irmão Vasco também nasceu ao mesmo tempo que os meus filhos e eu lembro-me de ter a maior pena que o meu pai não se “sentisse avô” na altura. Adorava os netos mas não vibrava! Como eu o percebo hoje em dia :)
A minha filha Mariana, que me achava uma mãe actualizada e experiente, contava antecipadamente com a minha ajuda e, apesar de nas aflições estar sempre presente e os meus "conselhos" serem sempre pedidos e ouvidos, não consegui ajudá-la tanto quanto eu imaginava que faria quando fosse avó.
Mas com o tempo tudo se foi ajustando e o Tomás criou uma verdadeira paixão pelos tios e, inexplicavelmente, por mim.
Eu era, ao contrário dos avós paternos para quem ele foi realmente o primeiro neto, uma avó educadora e a quem ele tinha respeito, igual aos os tios. Endiabrado e divertido, aberto e de uma alegria desmedida, foi conquistando o seu lugar.
No ano passado entrou na escola dos tios e duas vezes por semana ia buscá-lo. Ia para sua casa de seguida, mas tinha tempo de me contar o seu dia, inclusive que a prima Kikita Gaivão, diretora da escola, lhe tinha dado uma "ralhetada" ( gargalhada geral) .
Este ano, há 3 meses nasceu a Benedita a minha segunda neta. Foi completamente diferente a sensação de ser novamente avó. Já tinha saudades de bebés e tratei de lhe fazer um enxoval em tricot, ajudei a Mariana a fazer a mala da maternidade, gozei a sério o novo bebé que aí vinha! E a Benedita, que o Tomás adora, é igualmente bem disposta e conquista tudo e todos à sua volta.
Agora sim, adoro ficar com a minha neta, para os pais poderem ir com o Tomás à praia, e para mim é como que uma continuação: nada mudou do tempo dos meus filhos mais novos para os meus netos. A diferença entre o Tomás e a Benedita, foi o tempo que eu precisava para separar filhos e netos.
O Tomás é muito simpático, e alegre, decidido, curioso, carinhoso, engraçado, ruidoso, eléctrico e tem uma energia imbatível. Vem muitas vezes para o Banzão, onde temos uma casa com jardim, o que para ele significa espaço e brincadeira com os tios. Adora de paixão mascarar-se e é raro o dia em que não o faz: tem uma série de máscaras numa caixa e qualquer lenço de pirata na cabeça serve para se divertir, mas de facto, o programa máximo é dar uma voltinha de mota com o avô. Comigo, aprende novas palavras, ouve histórias, procura protecção e experimenta novos sabores.
Quando olho para os meus netos e para os meus filhos percebo que, apesar da proximidade de gerações, existem sem dúvida grandes diferenças na educação. Os horários rígidos desapareceram, para as crianças poderem estar com os pais, têm que se deitar mais tarde e, para os pais poderem sair, muitas vezes as crianças vão com eles. Nesta nova geração todos levam os filhos e as crianças brincam noite fora. Se calhar é isso que as torna mais sociáveis e mais abertas.
Como em tudo, há vantagens e desvantagens mas a verdade é que, quando se juntam todos, me lembro da quinta da minha própria avó, onde passávamos férias e muitos fins-de-semana, cheia de crianças que, tenho a sensação, brincavam noite fora. O que não me parece que seja real, porque apesar de todos adorarmos a minha avó, ela era bastante rígida no que diz respeito aos horários (e não só) das crianças :).

Avó da Semana: YARA RIZZO SOARES
13/08/2016
Com uma jovialidade que a faz parecer muito mais nova, Yara declara: " Não tenho nenhum segredo, mas sempre tratei da minha pele com marcas com que me dou bem."
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“Não vejo qualquer diferença entre a relação que partilhei com os meus avós e a que os meus netos têm comigo. Só vejo semelhanças, a maior das quais é o afecto”, declara, convicta, a advogada Maria Yara Almeida Rizzo Soares, de 79 anos, avó de cinco netos: Pedro, de 22 anos, e Guilherme, de 24, filhos da sua filha Mónica, Isabel, de três anos, do seu filho Cristiano, e ainda mais “dois do coração”, os gémeos Maria Beatriz e João Pedro, filhos do primeiro casamento da mulher de Cristiano, também ela Mónica.
Carioca de gema, a sua jovialidade destaca-se, reforçada pela forma despretensiosa como se veste, com peças simples e confortáveis mas com estilo, adquiridas em lojas de moda casual do Rio de Janeiro, cidade onde vive. Esta postura descontraída faz seguramente com que não pareça ter a idade que tem.
O seu segredo? Yara ri: “Não tenho nenhum segredo, mas sempre tratei da minha pele com marcas com que me dou bem, como a Natura e a Shiseido. Ainda hoje faço Pilates, embora agora seja por uma questão de saúde.”
No dia-a-dia, prefere “sair de cara lavada. Só me pinto em ocasiões formais ou festivas. Mesmo assim, o meu tipo de maquilhagem é simples e sem qualquer exagero”, revela Yara, cujo perfume favorito é o Chanel Nº 5 ou Nº 19.
Ler é o seu hobby de eleição, mas não consegue destacar apenas um livro. “Talvez a obra do escritor brasileiro Monteiro Lobato que, de modo geral, para mim é toda excelente, seja que livro for”. No entanto, é muito peremptória no que diz respeito ao seu filme favorito, “Danças com Lobos”, protagonizado por Kevin Costner. “Neste filme, o actor prova-nos que algumas coisa que parecem impossíveis, conseguem-se com jeito, doçura e perseverança”, explica. A nossa Avó da Semana tem a mesma certeza quanto à viagem que mais lhe tocou o coração: “Foi sem dúvida ao Santuário de Fátima, em Portugal! Nem a minha viagem de sonho — ir ao Japão ver as cerejeiras em flor — ‘baterá’ o que senti em Fátima.”
O facto de viver numa cidade insegura como o Rio de Janeiro, faz com que Yara se sinta preocupada ao andar pelas ruas, nomeadamente com os netos mais novos. “Tenho que estar sempre atenta e escolher os melhores caminhos e programas”, afirma com alguma tristeza, já que o Rio de Janeiro “continua lindo” e é uma pena que os seus cidadãos não possam gozar esta cidade como ela merece.
E quando o assunto remete para eles, os seus netos, Yara fala com um carinho especial. “Ser avó significa muita alegria e o prazer da participação. Não estou nada de acordo com a frase ‘os pais educam e os avós deseducam’. Pelo menos no meu caso isso não é verdade, eu acho que uma avó deve ser uma segunda mãe, e passar regras aos netos, embora com muito carinho e afecto.” Por isso, também não lhe faz sentido que haja qualquer espécie de cerimónia na relação com os filhos no que concerne ao seu relacionamento com os netos: “Respeito, sim, é fundamental. Mas sempre que acho que é preciso, faço sugestões sobre os meus netos. Por outro lado, entendo que a vida mudou para todos, portanto não é do meu feitio dizer que ‘no meu tempo era assim ou assado’ quando os meus filhos fazem o oposto do que eu penso. Aliás, penso que os pais querem sempre dar o melhor aos seus filhos, por mais diferente que seja a educação que hoje é dada às crianças. ”
Com netos com idades tão díspares, a disponibilidade da Avó Yara, que sempre trabalhou, era mais reduzida quando os mais velhos eram pequenos, pelo que a creche sempre foi uma realidade na vida deles. Na de Isabel também, embora, como hoje em dia está aposentada, a neta passe mais tempo com a avó, acompanhada com muito prazer pelo avô Jorge, que é muito participativo. A família junta-se, sempre que possível, em divertidos e ‘confusos’ almoços ao domingo, convívios esses que a Avó Yara não trocaria por nada neste mundo.
No momento de descrever os netos, a sua expressão adoça-se: “Os filhos da Mónica, ambos a estudar Arquitectura na PUC do Rio de Janeiro, são calmos, sensatos e bonitos, mas o Guilherme é mais observador e habilidoso e o Pedro mais responsável e diplomata. Quanto aos mais novos, ainda estão em formação, mas para mim, basta serem netos para serem as crianças mais maravilhosas do mundo!” termina Yara sorrindo.

Avó da Semana: ANA PAULA DOUWENS FERREIRA
06/08/2016
“Verem-nos através de um ecrã, do mesmo ecrã onde veem os personagens dos seus jogos, transforma-nos de certa maneira em mais um dos personagens..."
Ana Paula Douwens de Sousa Ferreira é divorciada e faz 60 anos no dia com a noite mais longa do ano, 21 de Dezembro. É mãe de Rita e Zé Pedro, e avó de dois netos, Bernardo e Rafael.
A nossa Avó da Semana vive em Londres, a sua cidade preferida: “Londres tem tanto mundo cá dentro, tanta gente diferente, que ‘nos obriga’ a todos a exercitar um nível de tolerância de que beneficiamos simultaneamente. É também uma cidade muito intensa, em tudo, facilmente se é ‘engolida’ por ela.”
A sua vida andou sempre entre a estética e a hotelaria, profissões às quais se dedicou de corpo e alma. “Se bem que hoje em dia já não tenha a paciência que tinha antes para me pintar, em determinadas ocasiões gosto até bastante de dar um jeito na cara e, conforme o resultado que quero obter, assim escolho a marca da maquilhagem. Por outro lado, sinto-me despida sem o meu perfume,”, contou-nos Ana Paula, que adora vestir-se de uma forma confortável, elegante e prática, dando prioridade a calças largas e vestidos compridos, misturando também peças baratas com mais caras.
Assumindo ter alguns vícios, o primeiro é viajar, afirma: “Adorei e adoro todos os lugares onde fui. Uns marcaram-me por umas razões, outros, por outras. O mundo é lindo e deveria ser obrigatório conhecê-lo. Tenho a certeza que haveria menos conflitos porque ao viajar aprendemos que somos todos gente”. Ler é o seu segundo vício: “Costumo dizer que leio tudo o que tem letras desde que descobri o que é ler e o que com o ler se aprende. Hoje, gosto de ler tudo o que me ensina sobre o que estou a fazer na altura, seja sobre um trabalho ou um país.” Ana Paula também gosta de escrever, pintar e de música. Por fim – já não são poucos vícios —, é um bom garfo e gosta muito de cozinhar: “Gosto de fazer tudo o que sei que os meus amigos e a família, nomeadamente os meus netos, gostam. Gosto de os mimar, e essa é uma das maneiras.”
E mimar os netos é, na sua opinião, função das Avós: “Crescer não é fácil e todos os pais querem o melhor para os seus filhos, daí seguirem as ‘instruções’ à risca... Os Avós existem para adoçar um pouco essa aprendizagem mútua.”
Quando o seu primeiro neto, Bernardo, nasceu, as emoções tomaram conta de si. “Rendi-me, como é natural. Com um bebé ao colo ninguém pensa em nada que não seja lindo e doce. E quando fiquei com ele pela primeira vez, senti-me muito à vontade, talvez de uma forma até um pouco presumida: Como iria ele estranhar-me? A mim, a avó dele, a mãe da mãe dele?” Com o Rafael a sensação foi igual, apenas uma confirmação do que sentiu da primeira vez. À medida que os netos foram crescendo as suas características foram-se evidenciando. “Ambos ‘sofrem’ da impaciência comum a todas as crianças de hoje, que já nascem a ver que tudo ‘mexe’ a uma velocidade estonteante, mas o Bernardo é uma criança enérgica, responsável e ingénua. O Rafael é ‘doido’, alegre e muito especial”.
Ao contrário de tantas outras, a Avó Ana Paula nunca foi adepta de contar histórias: “Gosto mais de falar com eles um bocadinho, que me contem coisas deles, o que gostam, o que sentem. Uma das coisas que eu mais gostava quando dormia em casa deles, era de ambos virem ter comigo de manhã. Com um de cada lado, conversávamos e eles diziam o que lhes ia na alma, no coração e na cabeça. Estes são momentos de ternura únicos, dos quais tenho a certeza que também se irão lembrar, momentos propícios a expressões e comentários, que chegam a comover, mesmo os que tanto nos fazem rir.”
Hoje os seus netos vivem longe dela, em Portugal, e Ana Paula acha que a distância faz muita diferença: “Verem-nos através de um ecrã, do mesmo ecrã onde veem os personagens dos seus jogos, transforma-nos de certa maneira em mais um dos personagens com que interagem, daí a facilidade com que nos ‘deletam’ e mudam de interesse. Não temos nem a importância nem o ‘tempo de antena’ que teríamos se estivéssemos presentes fisicamente.”
Numa conversa franca, Ana Paula ainda teve tempo de recordar o passado. “Com os meus Avós a minha relação era de respeito e consideração”. “Em qualquer evento familiar era impensável eles não estarem. Hoje isso não acontece. É um pouco se der deu, se não der, paciência... E como os meus netos vivem no ‘hoje’, só os vejo quando dá ou quando eu consigo fazer com que dê... Morando em Londres... está tudo dito”, revelou, acrescentando: “Por outro lado, hoje há maior abertura para dialogar, somos Avós mais atualizadas, e acho que podemos ser um complemento enriquecedor da educação que os pais lhes dão, para além de todos os outros papéis importantíssimos que temos. Obviamente, respeitando sempre o lugar de cada um de nós na família, eu não deixo de dizer nada que sinta que devo dizer. Faço-o é com tato e sensibilidade, procurando muitas vezes uma altura que sinto ser a mais conveniente. É claro que de vez em quando sai a famosa frase: ‘No meu tempo...’ Mas penso que mais de uma forma unicamente comparativa, e não com a tal conotação negativa.”
Quando está com os netos, a Avó Paula não resiste a mimá-los com alguns presentes: “Se há coisas em que podemos ceder um pouco, é no tipo de brinquedos que lhes damos. Por isso, dou-lhes ‘gadjets’, sim, mas como também sou ‘teimosa’ dou presentes mais personalizados e mais de acordo com os seus interesses ou preferências já manifestadas, como um instrumento musical ou um equipamento de desporto que eu sei que eles gostam.”
No final da entrevista, Ana Paula sublinhou o seu amor incondicional por Bernardo e Rafael: “Os meus netos são como os meus filhos, há também um pouco de mim dentro deles, são também um pouco de mim. Que posso dizer mais? Que os adoro e que me fazem falta!”
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Avó da Semana - TERESA MATA
01/01/2020
"Deseduco mais do que educo. Faço-lhes as vontades todas!"
Maria Teresa Minas da Mata, divorciada, vive em Campo Maior, no Alto Alentejo. Na generalidade, gosta de se vestir de forma prática e, dependendo das circunstâncias, opta por um estilo mais sofisticado e elegante, ocasiões em que também aproveita para se maquilhar com produtos da Estée Lauder, os seus preferidos. O El Corte Inglés e os “mercadillos” de Badajoz são lugares onde gosta de comprar roupa. Nos tempos livres, esta empresária agrícola gosta de “estar com os amigos, ir a centros comerciais, cuidar dos netos e passear o cão. E adoro jardinar!”. As viagens são um dos seus passatempos prediletos e, como revelou, aquela que mais a marcou até hoje foi “ao Brasil com um grupo de amigas.”
Mãe de uma filha, Teresa é Avó de três netos, uma rapariga e dois rapazes. “A Teresinha é frenética, enérgica, curiosa e um pouco difícil. O Miguel é tranquilo, meigo e amoroso. O Manel é independente, curioso e por vezes um pouco diabólico”, contou-nos esta Avó, que partilha com os três uma relação muito próxima, “às vezes até com alguma falta de respeito”, o que em muito difere do relacionamento “mais distante e respeitoso” que a própria mantinha com os avós quando era pequena.
Recordando ter sentido uma grande alegria em cada nascimento dos netos – apesar da emoção ter sido mais intensa quando soube que ia ser Avó pela primeira vez.
Teresa foi criada por uma mãe permissiva e próxima, transmitindo essa mesma educação à filha. O facto dos netos terem convivido consigo diariamente desde que nasceram, intensificou os laços que os unem e sempre se sentiu “completamente à vontade” logo nos primeiros dias de vida dos pequeninos. É também Teresa que fica com eles quando ficam doentes para os pais poderem trabalhar.
“Ser Avó é sinónimo de muita alegria mas também de muito trabalho e responsabilidade. O rombo financeiro também é grande (risos)”, afirma Teresa, que se considera uma Avó que “deseduca, mais do que educa": “Faço- lhes demasiado as vontades todas!”
Durante as férias, a Teresinha, o Miguel e o Manel passam a maior parte do tempo com a avó, ou na casa onde esta vive ou na sua casa de praia. Nesta altura, Teresa gosta de lhes contar histórias tradicionais. Já cozinhar, é algo que não fazem em conjunto, até porque esta Avó “detesta cozinhar”. “Muitas vezes levo-os a restaurantes, onde se portam pessimamente. Juro-lhes que nunca mais voltam e, no dia seguinte, lá estamos de novo (risos)”. Coisas de Avós.
Preferindo ver os netos vestidos “de igual e de forma mais clássica”, Teresa não destaca nenhum episódio particular vivido com cada um, até porque a sua vida com os três “é uma história permanente. O seu maior medo em relação a eles “é não estarem eventualmente preparados para enfrentarem as dificuldades”. Apesar de tentar influenciar constantemente as decisões da filha em relação aos netos, “raramente sou bem-sucedida”, como nos disse, com um sorriso. O que é certo é que a nossa Avó da Semana partilha diariamente com a família momentos únicos e tem nos netos a sua maior paixão.
Avó da Semana: ANA ATALAYA - AVÓ NINI
23/07/2016
Ter netos “é indescritível, até nos falta o ar!”
Ana Atalaya, a Avó Nini, é educadora de infância e tem um ginásio apenas para crianças onde de momento trabalha, mas o seu hobby, a costura, vai tornar-se em breve na sua profissão: “Abri, com uma amiga um atelier, “Luana”, e fazemos vestidos por medida. É tão criativo e diferente de tudo o que fiz até agora e tem corrido tão bem, que a partir de Setembro vou abraçar este desafio a tempo inteiro.” explica entusiasmada esta Avó ao lado de quem é impossível estar, sem se ficar bem disposto. Para ela a vida é para ser vivida sem complicações e se puder ser a fazer o que gostamos, melhor ainda.
Com 56 anos e um estilo elegante, moderno e prático, que combina com a sua loja preferida, a Massimo Dutti, Ana é daquelas pessoas que só se maquilha quando tem um jantar ou uma festa. O que não quer dizer que não trate de si: “Limpar a pele, tonificá-la e pôr creme na cara e nos olhos, tornou-se um ritual matinal que não dispenso. A Clinique é a minha marca de cosméticos preferida e sou muito “leal” ao meu perfume, L'eau D'issey, que não troco por nenhum outro!”, revela.
Adora ler — o livro da sua vida é “O Meu Pé de Laranja Lima” de José Mauro de Vasconcelos que leu e releu uma série de vezes — e tem sempre um romance na sua mesa de cabeceira, porque é incapaz de adormecer sem ler pelo menos algumas páginas, e se pudesse viajava mês sim mês não. Ou todos os meses...
Ter netos “é indescritível, até nos falta o ar!” é como a avó Nini conta o que sentiu quando a Helena nasceu, um sentimento que se repetiu com o nascimento da Matilde. “As duas são filhas do meu filho Lopo e da Teresa, a minha nora. Fiquei louca de contentamento quando soube e, , comecei no dia a seguir a fazer o enxoval para o bebé, todo ele cueiros e laços de cetim à antiga, casaquinhos de todos os feitios, camisinhas com golas bordadas... mesmo ainda antes de saber se ia ser rapaz ou rapariga! Deu-me imenso prazer e quero acreditar que também deu muito jeito à Teresa e ao Lopo!” conta. “Ainda lhes faço mil e uma toilettes mas como a Helena é uma maria-rapaz, anda sempre com o laço à banda ou o folho descaído para o lado errado... “, acrescenta a rir.
Para uma pessoa como esta Avó, que adora e sempre trabalhou com crianças, foi um bocadinho complicado ser “apenas” avó, mas ela fez questão de se pôr nesse lugar: “É inevitável, a bem da relação com os nossos filho e nora. Nunca fui, por exemplo, a casa deles sem primeiro perguntar se lhes dava jeito, e ainda hoje, sempre que faço qualquer coisa com as minhas netas, pergunto primeiro a opinião da minha nora. Por outro lado, ela foi sempre impecável comigo, chamou-me desde o primeiro dia para a ajudar em tudo! Inclusive fui eu quem deu o primeiro banho à Helena!” acrescenta, orgulhosa.
A insegurança que sentiu a primeira vez que ficou com a neta em casa, era ela bebé, há muito que desapareceu: “Hoje só quero que elas venham cá para casa, principalmente porque até há bem pouco tempo viveram com os pais em Bruxelas. Apesar de eu ir visitá-los muitas vezes e do skype e facetime serem uma ajuda fantástica, tê-las aqui, na mesma cidade, a ‘cinco minutos’ é bem mais fácil para estar com elas.”
A animação é a imagem de marca do tempo que a Avó Ana passa com as suas netas: “mas há principalmente muito mimo, mesmo muito!” diz Ana que acha que as crianças crescem tão depressa que essa coisa de os estragar com mimos, não faz sentido. Simpática, alegre, engraçada, atrevida, independente, decidida, interessada e muito maria-rapaz, são apenas alguns dos adjectivos com que, descreve a sua neta mais velha, Helena, de 2 anos, “mas havia muitos mais que poderia usar!”. A Matilde, a sua outra neta de 9 meses, é uma boneca, sempre a rir, simpática e alegre e mais uns meses e de certeza que também serão intermináveis as palavras para a descrever. ”E claro, as duas são lindas e muito especiais!” afirma.
Grandes passeios, andar de baloiço no jardim, ir à praia, são alguns dos programas favoritos de avó e netas e já está programada uma ida ao jardim zoológico, um programa que a Avó Nini só ainda não concretizou porque o tempo não tem ajudado. Quando ficam em casa, como “a Helena e a Matilde gostam imenso música, ponho muitas vezes uma a tocar e elas desatam a ‘dançar’, cada uma à sua maneira, mas no ritmo certo!” conta, encantada com as habilidades das netas. Também as histórias, que é especialista a inventar, são uma parte importante do fim do dia, quando Ana tem as netas consigo: “as duas ouvem com imensa atenção, mesmo a Matilde que não percebe nada de nada, só pelo tom da minha voz .” E como em pequena adorava os livros da Anita já está a pensar em fazer às suas netas esta colecção de livros para quando elas começarem a ler: “Pode parecer ridículo pensar nisto já, mas todas nós, avós, sabemos como o tempo passa depressa. Não tarda, em vez de livros de histórias, elas vão ter os calhamaços da faculdade para estudar!” termina, divertida.

Avó da Semana: MARIANA CRAVO - NUCHA
16/07/2016
“Alice no País das Maravilhas” é a história predileta desta mãe de cinco filhos e Avó de três netos: Rodrigo, de 29 anos, Arthur, de sete, e Filipa, de dois.
Mariana Cravo, de 75 anos, saiu de Portugal há 41 anos e vive há 22 em São Paulo, Brasil mas sempre se sentiu bem portuguesa! Assumindo-se uma mulher com um estilo contemporâneo, tem na Zara a sua loja de eleição. Incapaz de sair de casa sem maquilhagem “nem que seja para ir ao supermercado”, é fã dos produtos de cosmética das marcas Dior e Clarins e o seu perfume preferido é Un Jardin sur Le Toit, da Hermés.
Obras sociais, programas de lazer e viagens são algumas das ocupações desta Avó, que, estando aposentada, tem também como hobby “andar atrás de antiguidades e coisas curiosas de outros tempos”.
Apesar de ter tido uma educação “muito rígida e severa”, considera ter sentido muito amor nas atitudes que a sua mãe teve consigo. “Dei aos meus filhos uma educação baseada na ‘rédea curta’, mas com mais compreensão e diálogo.”, descreve. Já os netos, na sua opinião, “recebem uma educação de alguma forma vulnerável. Os pais trabalham e quando chegam a casa, e aos fins-de-semana, tentam compensar a falta da sua presença com concessões que me parecem perigosas para uma boa formação e educação.”
“Alice no País das Maravilhas” é a história predileta desta mãe de cinco filhos e Avó de três netos: Rodrigo, de 29 anos, Arthur, de sete, e Filipa, de dois. Quando soube que ia ser avó pela primeira vez, Nucha, como todos na família a tratam, confessa que teve “uma sensação muito estranha”, pois o facto de ter filhos com sete e nove anos nessa época, distanciavam-na, e muito, da hipótese de ser avó. “Estava acostumada a ter filhos e não netos, mas senti muita ternura pela pequena criatura com que Deus me estava presenteando. Fui eu que lhe dei o nome, Rodrigo”, recorda.
Apenas 23 anos depois veio o segundo neto. Nessa altura, Nucha sentia-se “mais madura” e reagiu de forma diferente. “Esperei o pequeno Arthur como uma grande novidade, pois fazia tempo que não havia bebés em casa”.
“Ser avó é uma delícia, um estado de graça. Posso fazer com os meus pequenos tudo o que não podia fazer com os filhos, pois com eles tinha a responsabilidade de educar”, conta-nos esta Avó dedicada, que partilha com o marido a sua grande paixão pelos netos, apesar deste “não ter grande paciência para programas de criança”.
A viver longe dos seus netos mais novos, que residem em Brasília, a Avó Nucha confessa que consegue manter uma boa relação à distância, usando o telefone, o Skype ou falando através de Whatsapp. “Falamos quase todos os dias”. Na altura de descrever os netos, esta Super Avó não poupa elogios. “Rodrigo é calmo, amoroso, responsável e alegre. Já Arthur, é ruidoso, divertido, frenético, difícil e engraçado. Por sua vez, Filipa é alegre, bonita e independente”.
De todos os programas que fez e faz com os netos, ter ido à Disney, em Orlando, nos EUA em família foi, definitivamente o que mais gostou!
Mariana termina a nossa entrevista com um pequena história do seu neto, Artur: tanto ele como Filipa, nunca conheceram o bisavô materno, Vasco, uma figura para toda a família, pelas histórias, cada uma mais engraçada do que a outra, que protagonizou. Este facto sempre causou algum desgosto à Avó Nucha: “Um dia pensei que seria bom que o Arthur conhecesse a figura do bisavô, autor de tantas peripécias. Procurei uma fotografia do meu pai e mostrei-lhe. O Arthur olhou muito para a foto, ficou uns dois minutos calado observando, e, depois desse tempo, começou a falar com o meu pai, abanando a cabeça: “Ai biso, biso, como você é engraçado. Pena que eu não posso conhecer você...”

Avó da Semana: ANA MARIA SLEWINSKI
09/07/2016
“Para além duma enorme alegria, senti alguma estranheza quando a minha neta mais velha nasceu: por um lado era 'minha', mas por outro não era... “
A Avó Ana Maria Slewinski, soube que ia ser avó quando o seu filho mais velho, Bruno e a nora, Ana, lhe mostraram a primeira ecografia da Joana. Para além da alegria e entusiasmo habituais, Nico, como é conhecida entre a família e os amigos e também pelos netos, confessa que sentiu alguma estranheza quando a neta nasceu: "Não sei se consigo explicar: era um bebé que tinha tudo a ver comigo, que por um lado era ‘meu’ mas por outro não era...".
Se calhar foi por isso que lhe foi difícil pôr-se no lugar de “apenas” avó: "Tive que fazer um grande esforço, mas mesmo assim parece-me que houve momentos em que o meu filho e nora, sentiram o espaço deles invadido."
A primeira vez que ficou com a Joana, ela tinha 6 meses, não teve ‘medo’, e, embora reconheça que não estava completamente à vontade, correu tudo bem porque “tanto ela como eu portámo-nos impecavelmente!”
Quando o segundo neto da avó Nico, o Tomás, nasceu, a sensação foi completamente diferente: "A alegria não foi maior, mas como já não era a primeira vez, não tive aquele primeiro sentimento de estranheza à mistura, por isso houve muito mais proximidade e ternura."
Dos seus quatro netos, dois, a Joana de 11 anos e o Tomás de 8, vivem em Portugal e os outros dois, o Tayo de 6 anos e o Kai de 3, vivem em Londres…..por agora. Estar com eles é uma das suas maiores alegrias: "Com os dois mais velhos, fazemos imensos programas, praia, parques e jardins, museus, pavilhão do conhecimento, experimentamos transportes colectivos, kidzania, piqueniques com os primos... e há uma coisa que gosto muito de fazer com eles: visitar pessoas mais velhas. Acho importante as crianças conhecerem mundos variados e este, o da terceira idade, é um deles e, para mim, muito importante e rico. Mas enfim, no fundo fazemos sobretudo coisas muito simples e sem stress e tiramos o maior partido possível de tudo."
O avô Miguel às vezes acompanha-as mas, nas palavras da Avó Nico, “ele não tem jeitinho nenhum para crianças e é tão chatinho (ri-se) que a Joana que, com cerca de 7 anos já escrevia muito bem, um dia veio-me ler uma história que tinha acabado de inventar. Começava assim: “Era uma vez um bruxa chamada Alice que tinha um marido muito chato….. “. Comentário do Avô que estava ao meu lado: “Parece-me que estão a falar de mim!!“ Foi numa sequência tão engraçada que ainda hoje choramos a rir quando falamos nisso. Também ainda damos gargalhadas com gosto com a história do Tomás e do sushi: um dia passámos pelo Sushi da Praia de Carcavelos que eles conheciam bem porque estiveram na Escola de Surf, no mesmo edifício. O Tomás, que era cioso, gritou: — Olha o Sussi! Todos nos rimos o que o fez ficar furioso: — Eu não disse Sussi, disse Sussi!! Mais gargalhadas e de novo: Sussi para cá, gargalhadas para lá...
Com os dois netos mais novos, o Tayo e o Kai, a relação foi durante algum tempo menos próxima:"Sobretudo porque os pais não ligavam o Skype para as crianças interagirem comigo. No entanto, e apesar de ter havido uma vontade grande da parte da Mãe deles de os afastar de mim e de tudo que é família/amigos portugueses, consegui criar uma relação muito boa com eles, nos períodos — poucos — que eles passam em Portugal. E como entretanto o meu filho se separou, hoje em dia liga o skype muitíssimo mais e a aproximação com os miúdos é grande. Tanto que eu sinto que, quando estão comigo, é como se estivesse sempre estado continuamente desde que nasceram, com eles. As crianças, duma maneira geral sentem-se confortáveis e seguras comigo. E é notável como é suave a nossa relação, o à vontade com que estamos uns com os outros depois de termos estado tão afastados e com tão pouco Skype. Principalmente com o mais velho, o Tayo. Quando tinha 4 anos veio passar 10 dias a Portugal depois duma ausência de 2 anos. Um dia, já em Londres, do nada disse aos Pais: “I love Avó!” Espantados eles perguntaram: “Do you miss Avó?” a resposta foi arrebatadora: “Yes!!!” com muitos pontos de exclamação. Aliás, agora já com 6 anos, já me disse que quando for maior quer estar mais tempo em Portugal. Entretanto vai pedindo ao Pai para o trazer..."
Com eles um dos jogos que mais os faz rir quando estão juntos, é a brincadeira do Mr. Yes e do Mr. No: "Quando me dizem não a alguma coisa eu pergunto: - Are you Mr. No? E o Tayo, responde “No”. “Then you are Mr. No”! O Tayo percebeu muito depressa qual era o objectivo do jogo mas o mais novo, o Kai, precisou de muitas explicações do irmão para finalmente conseguir dizer “Yes” e não ser o Mr No, porque diz Yes! – conta animada, para logo a seguir acrescentar mais triste – Neste momento estes meus netos vão viver para Cape Town com a Mãe, por isso parece que vou estar um ano ou mais, sem estar com eles, apesar do Pai dizer que isso não vai acontecer..."
As histórias de família são as preferidas da Joana e do Tomás e a avó Nico tem um repertório interminável delas porque sempre se interessou pela memória comum da sua enorme família. Por isso um dos seus hobbys foi ter colaborado com um jornal de família uma “A Gazeta d’Orey” em que pede aos primos, sobrinhos e tios que lhe descrevam histórias de que se lembram, para que não se percam no tempo. "Muitas destas histórias serão para mais tarde porque com a idade que têm, a Joana e o Tomás gostam de histórias mais próximas, histórias do Pai e do tio, dos primos e avós quando eram pequenos.", explica.
Já os mais novos gostam das histórias comuns para crianças que a Avó lhes conta com muitos pormenores e graça.
Se tivesse que descrever os seus netos, a avó Nico usaria uma enorme lista de adjectivos como: Curiosos, Seguros, Simpáticos, Ruidosos, Interessados, Impacientes, Engraçados, Independentes, Atrevidos, Doces... e mais houvesse! Nas férias que passam juntos ou quando estão em sua casa, há alguns “acepipes” que não podem faltar à mesa: para a Joana, salada, para o Tomás, azeitonas pretas e para o Tayo e Kai muito à inglesa, Ice Cream e Panquecas! Eventualmente apenas as azeitonas pretas seriam difíceis de arranjar no programa de sonho da avó Nico com os netos: ir à Disney —Paris ou Orlando.
Com os mais velhos também gostaria de fazer uma viagem pela Europa — Paris, Itália, Holanda, — ou ir à India e com os dois mais novos... bem, com estes gostava de estar mais tempo, aqui mesmo em Portugal, não era preciso ir mais longe.

Avó da Semana: PITUXA UVA
02/07/2016
“Espero sempre poder ajudar, quando e como puder, esta e todos os netos que Deus me venha a dar.”
Desde que, no final de Fevereiro, quando o meu filho veio cá a casa dar-me a notícia que ia ser avó, passei a viver novamente em estado de graça, como aconteceu enquanto estava à espera dos meus filhos.
Com 3 filhos rapazes, sabia que nunca iria ter um neto de uma filha, coisa que eu sempre achei que seria diferente. Até por experiência, sabia da forte ligação que nós, mulheres, temos com a nossa mãe, com a casa dela, onde muitas vezes passamos uns dia à saída da maternidade, a mãe que nos acompanha nas ecografias, que nos ajuda a fazer o enxoval, etc … e claro, quando precisamos de deixar os nossos bebés, nem nos ocorre outro sítio sem ser com as nossas mães.
Mas como a minha nora tinha a mãe em Luanda, fui uma futura avó muito presente na fase da gestação e preparação do enxoval da minha neta. Estive presente nas ecografias, vi-a a crescer na barriga da mãe.
Talvez a primeira vez que senti o quão importante e essencial aquela coisinha ia ser na minha vida foi um dia, em que estava no Algarve e tinha ido buscar o meu marido à estação do comboio. Era Maio e a minha nora estava grávida de quase 5 meses. Faltava ainda um bocado para o comboio chegar e toca o telemóvel. Era o meu filho. Tinham ido essa tarde fazer a primeira ecografia morfológica e eu pedi que me ligassem para saber se estava tudo bem com a Teresa, como sempre tinha estado.
— Mãe, talvez haja um problema com a minha filha.
Durante 5 segundos pareceu que o mundo ia acabar. Tentando manter a calma, pergunto:
— Que problema? (tudo do que de pior pode acontecer me passou pela cabeça)
— A posição dos pés da Teresinha podem sugerir que ela tenha uma coisa chamada pé boto.
A voz dele era triste e preocupada mas ao mesmo tempo não querendo preocupar-me. As lágrimas já me corriam cara abaixo.
— Ó meu querido filho, isso não é nada importante! Com tantas coisas que podem acontecer a um bebé na sua formação, e que são graves, um pezinho boto não tem qualquer problema, João, é uma coisa que se resolve rapidamente sem qualquer problema! Diga à sua mulher que esse problema passa a ser da responsabilidade da avó. A avó trata.,. Ainda hoje vou tratar disso. Não se preocupem. A minha neta terá o melhor pediatra da especialidade a vê-la no dia em que nascer e o que for melhor para ela será feito. Eu cuido disso.
Senti logo um alívio na voz dele. A mãe estava ali, apesar de a 300 Kms, a dizer que tratava — a mãe ia tratar.
— Obrigada, mãe. Disseram-nos que não era certo. Podia ser que … mas assim ficamos mais descansados. E tem razão. O que é esse problema ao pé de tantos que podiam acontecer? Já estivemos a ver na internet e estamos mais descansados. Há casos graves e muito ligeiros. Mas, a medicina evoluiu muito...
Ainda fiquei, depois de desligar, processando o que tinha acabado de saber, por uns segundos. A minha neta podia não vir a ser a boneca mais perfeita a nascer. Ia ser a mais querida, a mais bonita, a mais desejada. Mas …. Pé boto ? Vinham-me à cabeça o nome dos especialistas de pés chatos … Sá Couto, Fernando Afonso … toing !!!!! o Fernando Afonso é pai da ex-mulher do meu marido. Ela é enfermeira. Há-de saber o que de melhor se faz nessa área. Ainda faltavam 15 minutos para o comboio chegar. Limpo a garganta das lágrimas e começo a tratar do assunto.
Resumindo, que tenho a mania de me alongar com pormenores, quando a minha neta nasceu não tinha o pé boto. Foi vista, nesse dia, por o melhor especialista, o Dr. João Goulão. O problema dos pés dela era postural e resolvia-se de 2 maneiras … devagar ou depressa. Com massagens ou com gesso. Logo. Na primeira semana, enquanto tudo está molinho.
E assim foi. Durante 3 semanas a Teresinha usou gesso para ficar com os pés direitos. Mudava todas as semanas, devido ao crescimento. Sem dramas, sem stress … correu tudo lindamente.
A avó tratou.
E a avó espera sempre poder ajudar, quando e como puder, esta e todos os netos que Deus me venha a dar. Como os meus avós fizeram comigo que fui viver com eles aos 5 anos. Era a 4ª de 6 e como moravam no prédio ao lado dos meus pais, fui uma privilegiada porque eles eram extraordinários! Mas se Deus quiser, a minha neta, vai sempre viver com os pais que hoje em dia são muito mais presentes informados e preocupados com tudo. E participativos, claro.
Para além desta ansiedade inevitável no momento do nascimento, o que senti quando ela nasceu, foi o que se sente quando acontecem coisas únicas, como ter perdido a virgindade, ou ter sido mãe pela primeira vez: senti-me muito Importante J.
E a minha nora que é 5 estrelas, não põe qualquer entrave à minha relação com a Teresinha, sempre que eu quiser posso ir vê-la ou ir busca-la para passar o dia comigo o que acontece mais ou menos 3 vezes por semana. Como ela ainda é pequenina basicamente passeamos num jardim ou eu vou às compras e levo-a comigo. Mas eu gosto de a passear e saber que aquela é a minha neta! Uma coisa que eu acho engraçado é vê-la quando estão outras crianças, percebe perfeitamente que são crianças, e fica encantada.
Confesso que estou morta por que ela cresça mais um bocadinho para poder fazer outras coisas com ela, como contar-lhe histórias. Adoro histórias principalmente histórias da carochinha!
Avó da Semana: ILIETE GONÇALVES
25/06/2016
“Para mim basta estar com eles”
Ser Avó... bem, Iliete Gonçalves acha que nunca vai conseguir descrever o que se sente, que é uma daquelas situações que é preciso viver para se poder entender. No entanto, se fosse obrigada, diria que é como “ser mãe outra vez mas duma forma mais descontraída”.
Casada há 42 anos, com Adérito, Iliete é mãe de três filhos Sérgio, Rita e Pedro e avó de dois netos: André de 9 anos e de Matilde de 5, ambos filhos de Sérgio.
É uma avó que faz questão de se cuidar e tem um ar muito jovem e dinâmico, não parecendo de todo a idade que tem. E não é só aparência, Iliete é uma daquelas pessoas que pensa “jovem”, está sempre em actividade nem que seja a jogar à bola com os netos.
Tinha 52 anos que soube que ia ser avó pela primeira vez:
— Quando a Silvana, a minha nora, nos deu a notícia a nossa alegria e emoção, foram enormes. – conta Iliete — Acompanhámos a gravidez do André de perto e como disse, não tenho palavras para descrever o que senti quando o André nasceu. Da segunda vez que a Silvana engravidou, quando soubemos que era uma Matilde que vinha a caminho, se calhar por ser rapariga, foi igualmente comovente. Mas mesmo se fosse rapaz, eu acho... o que queremos sempre é que, venha o que vier, seja saudável, não é?
A Avó Iliete detesta invadir a privacidade dos outros, incluindo a dos filhos, ou de se sentir a mais em qualquer situação, pelo que lidou muito bem com o seu papel de Avó, estando lá quando precisavam dela e esperando calmamente “no seu canto” que a convidassem a usufruir dos netos.
— E não tenho do que me queixar! – afirma peremptória – Por outro lado como adoro crianças e não tive qualquer dificuldade em ficar com os meus netos, quando eles eram bebés. Mesmo quando, como qualquer bebé, eles tinham momentos menos bons, nunca houve nada que não se conseguisse ultrapassar com muito amor. E é tão bom dar-lhes beijinhos e carinho! – conta com alguma saudade daquele tempo em que os netos eram bebés e lhes podia pegar, abraçar, dar mimos sem que eles quisessem “desembaraçar-se de nós” e ir a correr brincar com os amigos.
À medida que foram crescendo, as características do André e da Matilde foram-se definindo:
— O André é um rapaz nervoso e curioso, mas algo impaciente. Muito simpático e divertido é doido, amoroso e lindo de morrer! – descreve Iliete, muito babada – Já a Matilde é uma criança segura, independente e determinada, muito engraçada, linda e – ri-se – pirosa, mas muito querida!! Gosta muito de animais e adora brincar no jardim. Às vezes vou dar com ela a apanhar bichos-de-conta que acha “tão queridos, avó!”.
São muitas as vezes que a Avó Iliete, os vai buscar à escola na Areia, perto do Guincho e fica com eles até os pais chegarem do trabalho. Para além da escola onde o André se sai bastante bem, o neto mais velho da Avó Iliete pratica hóquei em patins e é um gosto vê-lo jogar! Pelo seu lado, a Matilde escolheu o ballet clássico como disciplina extra-curricular e adora!!
Para Iliete, estar com eles é sempre bom e compensador e quem diz que eles não nos ensinam nada, está, na opinião dela, redondamente enganado,:
— Eu estou sempre a aprender com eles, não só coisas do tempo deles, como mexer num ipad, ou num telemóvel, por exemplo, parece que eles já nasceram ensinados, mas também outro tipo de coisas mais espirituais, como dar este amor que transborda de nós, sem esperar nada em troca. Claro que também sentimos esse amor com os filhos, mas como avós somos mais velhos, conseguimos analisar melhor o que sentimos...
No ano passado, no Verão (2015) estiveram 3 semanas férias com a avó:
— Foi uma festa! – conta Iliete – Ainda por cima, ambos são “bons garfos” e gostam de tudo, de maneira que é fácil agradar-lhes no que diz respeito às refeições! Fizemos todos os programas que eles gostam, e todos os dias inventávamos novas maneiras de nos entretermos.
A praia foi um dos destinos mais frequentados por avó e netos, até porque vivem perto, mas qualquer programa que na rua, foi bem-vindo:
— Eu sou do Alentejo, de uma aldeia, Póvoa de S. Miguel no Distrito de Beja e quando era pequena as minhas brincadeiras eram invariavelmente na rua, por isso estar com os meus netos na rua é muito natural. Uma das coisas que o André e eu gostamos muito de fazer é de jogar à bola. Ele tem uma noção de justiça apurada e nunca faz batota com a Avó!! – ri Iliete
E quando ficam em casa, como é que se divertem?
— Um dos jogos com que nos costumamos distrair é o dominó, mas também adoramos jogar damas ou ao micado. E como qualquer criança, eles também gostam de ver desenhos animados na televisão. Para dizer a verdade, para mim basta estar com eles. Não é preciso grandes programas, ou muitas complicações. Gosto simplesmente de estar com os meus netos, e adoro os meus netos! – conclui Iliete uma Avó que, entre o seu trabalho de costureira, a sua família e o apoio inegável que dá aos netos, é e aparenta uma juventude notável

Avó da Semana: CONCEIÇÃO REBELO DE ANDRADE
18/06/2016
— A minha infância foi bastante diferente da dos meus netos, muito mais familiar e mais restrita nos lugares e círculos fechados que frequentava — conta Conceição Rebelo de Andrade, a Avó sem Nós desta semana — Mesmo o tipo de brincadeiras eram completamente diferentes: hoje passamos o tempo a mandá-los brincar para a rua, no meu tempo os nossos pais passavam o tempo a mandar-nos voltar para casa, porque passávamos o dia (se não estivesse a chover) a brincar na rua.
Com 6 netos, "em escadinha", Inês de 5 anos, Duarte de 4, Vasco de 3, Carmo e Luísa de 2 e Marta de apenas 6 meses, a Avó Ceição considera-se uma avó completamente realizada no seu papel "tendo em conta que avó é ser mais velha em idade, coisa que não me sinto nem um bocadinho”.
A alegria que sentiu quando nasceu a Inês, a neta mais velha, é, nas suas palavras "inexplicável" e a cada neto que foi nascendo, a emoção e a alegria foram sempre em crescendo.
A Inês, a sua neta mais velha, tinha 6 meses quando a Conceição ficou com ela pela primeira vez:
— Foi uma sensação esquisita de responsabilidade redobrada. Mas foi só com a Inês por ser a primeira, com os outros foi mais fácil. Além disso sempre se portaram muito bem, quando estão comigo.
Hoje, nem acredita como o tempo passou depressa:
— Agora, quando a Inês fica a dormir em minha casa, vem sempre enfiar-se na minha cama, de manhã e começa a contar-me a vida dela e a pedir-me conselhos. Quando se dá por satisfeita abraça-se a mim, enche-me de beijos e diz muito séria: Querida Avó são tão bons os conselhos que a Avó me dá!
O segredo de, com tantos netos, não ter “invadido” o espaço dos seus quatro filhos, Estevão, Duarte, Teresinha e Zé foi a sua natural discrição e a espera consentida:
— Nunca apareci em casa de nenhum dos meus filhos, sem avisar que ia, sempre esperei que eles me “chamassem. E resultou muito bem.
E como a vida hoje em dia não nos permite estar parados, das seis netas da Avó Ceição, duas delas, a Carmo e a Marta, filhas da sua filha Teresinha, vivem em Londres por isso as viagens a Inglaterra, são uma constante na vida desta Avó, enquanto o skype lhe permite interagir e criar uma relação diária e presente com as netas:
— A relação é obviamente diferente mas as relações entre as pessoas são sempre diferentes porque as pessoas são diferentes, cada uma com as suas características.
E por falar em características, a Avó Ceição descreve a Inês como uma criança decidida e muito interessada no que se passa à sua volta, o Vasco como sendo calmo, tranquilo mas também independente, o Duarte muito curioso, a Luisa como a doçura e a alegria em pessoa, e a Carmo como a diplomata da família, sendo também a mais concentrada. Todos são, na opinião da Avó, lindos!
— Claro que também têm “defeitos”, como o facto do Duarte— Titos como lhe chamamos — ser um benfiquista ferrenho. Ele adora-me e está sempre a repetir que gosta muito da Avó Ceição. Até ao dia em que me perguntou de que clube eu sou: “Do Sporting” respondi. Os olhos deles encheram-se de tristeza e ainda deve ter pensado em convencer-me a mudar quando eu lhe disse que “O Sporting é o meu clube de coração e a avó não vai mudar agora”. Nesse dia foi para casa muito desconsolado mas no dia seguinte já tinha uma solução:
— Posso pedir uma coisa, Avó ?
— Claro Titos, se a avó puder a avó faz
— A Avó hoje a avó pode ser do Benfica? Só hoje?
Eu cedi:
— Só hoje está bem, meu querido.
E valeu a pena porque a alegria dele compensou a minha pequena traição ao meu clube de sempre! Aliás, as traições, porque de vez em quando, quando estou com ele e ele me pergunta se eu sou só um bocadinho do Benfica... eu respondo sempre que sim!
Passear no Parque da Serafina ou Eduardo VII, este em especial por ter o barco dos piratas, é o programa que os seus netos mais gostam, mas quando ficam em casa também se divertem a pintar livros e telas com aguarelas, a construir cabanas e montanhas com almofadas e “Playmobil”, ou a cozinhar o jantar. Ouvir a Avó ler e contar histórias que muitas vezes são inventadas por ela como a história do Pedro e o Fly, uma história que a Avó Ceição já contava aos filhos, é um programa que os netos não dispensam. Aliás a Avó Ceição é exímia a inventar actividades e brincadeiras que os netos adoram... assim como ela.
— Passar um fim de semana com todos os netos juntos é uma coisa que eu quero muito que aconteça — comenta — um fim de semana completamente dedicado a eles, e a fazer só o que eles querem, (ri) mais ou menos o oposto da minha infância, em que os pais tinham mais certezas e por isso nós tínhamos mais limites e regras, obrigações e deveres para cumprir. A ideia é a dar-lhes douradinhos, o prato preferido deles, a todos os jantares, à revelia dos pais!— remata divertida.

Cópia do: Avó da Semana: RITA BOBONE SPÚLVEDA
20/11/2016
"Preocupa-me o mundo em que os meus netos viverão, tão sem valores humanos, com tanta miséria, tanta guerra."
Com um estilo elegante e moderno, Rita Bobone Sepúlveda, a nossa Avó desta semana, não sai de casa sem estar arranjada: "Pinto- me sempre, pelo menos rímel e blush. Até para ir ao supermercado! Sou fã da Kiko ou qualquer marca low price, mas claro, as boas marcas são sempre bem vindas, se oferecidas! Também não tenho uma loja de roupa preferida, compro onde calha e onde encontro qualquer coisa que goste, que seja em conta e que me fique minimamente bem."
Porém, os perfumes são indispensáveis na sua vida e neles, não se importa de gastar mais dinheiro: “No dia a dia uso o Light Blue da Dolce & Gabana. Para casamentos e baptizados o ‘Escalade à Portofino’ da Dior.”
Rita trabalhou 30 anos como secretária de Direção e Administração com vários tipos de funções, “mas quando tinha 50 anos deixei de trabalhar, para poder acompanhar mais o meu marido. O que não tinha maneira de saber, era que dois anos depois ficaria viúva. Em plena crise, já não consegui arranjar trabalho. Não foi fácil e só agora as coisas estão a começar a endireitar-se… Seja como for, hoje em dia sou mais ou menos a bombeira de serviço dos meus filhos, uma vez que o meu entretém principal é acudir-lhes quando eles precisam.”, conta.
Mãe de quatro filhos, o Nuno, o Vasco a Vera e o Luís e Avó de seis netos, tem todos a viver perto de si, em Santarém: a Carmo de 14 anos a Rosarinho de 11, e o Luis de 7, são filhos do Nuno; a Teresa de 9 anos, a Vera de 7 e o Vasco de 2, são filhos do Vasco. “Mas espero vir a ter mais, uma vez que a Vera ainda não tem filhos e o Luís está para casar, para o ano…”
Tinha 49 anos quando foi avó pela primeira vez: “O Luís tinha apenas 12 anos por isso ainda me lembrava bem do que era ter bebés em casa, mas, claro, fiquei muito emocionada. E quando nasceram foi... enfim, eu sabia que era diferente ser Mãe de ser Avó, mas é uma sensação inexplicável: por um lado um neto é um bocadinho de nós, por outro não é nosso filho... É um misto de sensações mas o sentimento é sempre o mesmo, seja o primeiro seja o sexto.”
No entanto, como foi verificando ao longo dos anos, as relações entre Avós e netos, hoje, são muito diferentes do que acontecia quando ela própria era neta: “Eu fazia toda a cerimónia com os meus avós e os meus netos não fazem nenhuma comigo...até de menos, eu acho!!! . Eu sou uma Avó bastante presente e disponível para eles, ao contrário da minha avó paterna que, como tinha dezenas de netos nos ligava muito pouco. A minha Avó materna de quem tenho as melhores recordações, era quem nos dava mimos e tinha sempre em casa o que nós gostávamos. Talvez por isso, eu mantenha esse habito de ter o que cada um dos meus netos gosta e de combinarmos cada semana o que vai ser o almoço da semana seguinte de maneira a agradar a todos.”, declara a Avó Rita que tem sempre na dispensa “mimos que eles não têm em casa: bolachas, ou batatas fritas, porcarias portanto !!!!”
Mas, mesmo adorando os netos, a Avó Rita é daquelas Avós que não deseduca “uma transgressão ou outra, vá lá...”; pelo contrário, acha que os Avós devem educar sempre que se justifique ou caso os Pais não estejam presentes, até porque “muito sinceramente acho que os pais de hoje não educam muito os filhos a pretexto de terem têm pouco tempo com eles, de estarem cansados, uns e outros.”,
Também acha que dar presentes por tudo e por nada, não faz sentido: “Dou presentes aos meus netos nos anos deles e no Natal e esporadicamente se houver alguma razão, de resto não, não dou. Normalmente compro livros e brinquedos didáticos mas tento pensar em coisas que eles gostem. Às mais velhas compro roupas claro!”
Ter a sua família reunida é, para ela, muito importante, por isso muitos domingos organiza almoços de família, se bem que odeie cozinhar “mas quando tem que ser, dizem que até nem cozinho mal...” e todos os anos escolhem um fim de semana para passarem juntos: “As crianças levam o ano inteiro a querer saber aonde vai ser e o que vamos fazer. É sempre muito divertido e todos adoramos. Normalmente tem sido à volta de barragens para fazerem sky.”
E desde sempre vai buscar os netos, primeiro aos infantários para irem a sua casa lanchar e depois, a partir da primária, para almoçarem “a meu pedido, não por ser preciso, ou dar jeito. Acho que eles, tal como eu, acham estes momentos importantes e o que é facto é que, atualmente, me aparecem espontaneamente, para me visitar.” Explica visivelmente orgulhosa da relação que foi construindo com os netos.
Para ela, ser Avó, “é ser acima de tudo um porto de abrigo. Alguém que os netos sabem que podem sempre contar para desabafar, para boleias, para os fretes de ir com eles aos torneios de trampolins sempre que os Pais não podem, ir pôr, ir buscar, sempre que necessário.”
Para terminar a nossa entrevista, Rita não esconde que sente alguma ansiedade em relação ao futuro dos seus netos: “O meu maior medo em relação a eles, é este nosso mundo que caminha tão sem valores humanos, com tanta miséria, tanta guerra. Preocupa-me o mundo em que viverão, mas enfim, o futuro a Deus pertence e eu espero poder ajudá-los, transmitindo-lhes valores estruturais, a fazer frente às dificuldades do futuro.
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