Sem Regras... ou com as Minhas Regras
- Mafalda Belmonte
- 13 de mai. de 2016
- 2 min de leitura
No carnaval passado cruzei-me na rua com uma senhora que usava uma máscara tipo veneziana, encarnada, cheia de brilhos e plumas. Era uma pessoa completamente normal, vestida normalmente, mais ou menos da minha idade - idade de avó, portanto – se não fosse mais velha. Devia ter ido ao supermercado ou a uma mercearia porque vinha com um saco cheio de mantimentos e passeava-se com o ar mais encantado e natural do mundo.
Não resisti a ir ter com ela e a dar-lhe os parabéns pela descontracção. Ia a dizer "lata", mas de facto é só descontracção. Ela respondeu-me simplesmente: "É Carnaval, não é? De que é que serve haver Carnaval se não brincarmos?"
Claro! Tem toda a razão! Apeteceu-lhe andar com a máscara rua fora e pô-la. Mais nada! Como ia com a minha amiga Kika, que anda sempre de máquina fotográfica em punho, tirámos fotografias, que gostaria de encontrar no Fb onde a Kika as publicou, mas debalde (É por isso que a fotografia que pus a ilustrar este texto, não é a da própria).

Fiquei um bocadinho invejosa daquele à-vontade, eu que não sou exactamente tímida, mas isto fez-me pensar se não é altura de deixar de seguir as regras dos outros, para fazer as minhas. Ou seja, aquilo que me apetece.
Não estou, como é óbvio, a falar de empregos em que temos que nos sujeitar às regras do "jogo", mas daquelas regras a que sempre obedecemos instintivamente, como por exemplo a que eu quebrei ao ir ter com uma pessoa que não conheço na rua e pôr-me a conversar com ela. Ou a baixar os olhos quando entramos num elevador, mesmo que murmuremos um bom-dia envergonhado à única pessoa que já lá está.
Estas regras têm a ver com a nossa educação “vitoriana” e nós hoje, mais de meio século depois e com uma revolução pelo meio, continuamos a obedecer-lhes, sem pensar que é ridículo não podermos sorrir ou olhar de frente para alguém, que não podemos falar com quem não conhecemos sem que sejamos apresentados formalmente, ou que podemos dar gargalhadas no combóio quando estamos a ler ou a ver alguma coisa cómica. Eu por mim fiquei traumatizada de tanto engolir o riso em circunstâncias do género!
Por isso, Avós sem Nós, penso que nos devemos libertar finalmente do jugo das regras dos outros e lutar pelas que nós próprias inventemos para cada uma! Sejam elas o que forem. Porque andámos a vida toda a seguir as dos outros. Porque já temos idade. Porque merecemos. Porque podemos. Ou porque sim!
Ficou demasiado revolucionária esta última parte? É de propósito!
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