O ESPELHO DA MINHA IDADE
- Mafalda Belmonte
- 18 de jun. de 2016
- 1 min de leitura
"Os Ignorantes julgam a interioridade pela exterioridade" Giovanni Boccaccio

Característica da nossa época e apresentando-se como um valor fundamental na sociedade ocidental, a busca diária por um corpo perfeito, como que o engessou em padrões de beleza predefinidos que o associam à juventude, beleza e saúde e nos criou a sensação de que podemos, através de dietas e exercícios físicos, de tratamentos de beleza e cirurgias plásticas, parar o tempo e incrementar a vitalidade da nossa constituição orgânica.
Envelhecer é uma iniquidade, ter rugas tornou-se um crime de lesa-pátria, combatê-las é questão de honra e aparentar mais do que... vá 40 anos é razão para uma pena de prisão pesada.
No limite, o mito da eterna juventude, tende a produzir corpos sem história, dos quais se tenta apagar todas as marcas do passado ou impedir que elas apareçam.
Envelhecer fora destas regras acabou por se tornar uma arte que requer talento e habilidade. Olharmos para nós num espelho e não nos julgarmos fora de forma, fora de moda, fora do que “está escrito”, termos a capacidade de aceitar as mudanças e a degradação que a nossa aparência física vai sofrendo à medida que os anos passam por nós e estar em sintonia com elas, é o segredo de, com muitas ou poucas rugas, com um corpo mais ou menos decadente, transmitir muita beleza.
Porque de facto, não existe um padrão de corpo; todos são perfeitos quando lhes é dado o devido valor.
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