DIETA: UMA DÚVIDA EXISTENCIAL
- Mafalda Belmonte
- 25 de jun. de 2016
- 3 min de leitura
Um inferno! Não há outra palavra para descrever esta coisa impossível das dietas.
Mal o sol espreita, olho para o espelho e começo a reparar em todos aqueles “pequenos rolinhos” de gordura que se acumularam à volta da cintura no Inverno, período durante o qual, curiosamente, eu nunca dei por eles.
E na celulite que parece que, do ano passado para cá, decidiu invadir a celulite que já se encontrava instalada nas minhas pernas.
E os joelhos? Eu até nem tinha percebido que havia sinais de envelhecimento nos joelhos, até uma amiga minha (amiga, Manita??) me ter apontado a prega que descai no fim das minhas coxas para os joelhos (agora ficam todas a saber...).
E não vamos falar no pescoço que dobrou de tamanho. Penso sempre que foi para se proteger do frio, que acumulou... não sei bem... gordura? O facto de eu ter cachecóis e camisolas de gola alta, não conta, parece.
Por isso, mais ou menos por esta altura entro em pânico e começo a fazer dieta.
Já experimentei imensas maneiras de fazer dieta, desde as nutricionistas, àquelas dietas em que nos fornecem toda a comida em que, em resumo, só se come umas bolachas que sabem a palha. Também já comprei vários livros sobre o assunto, livros muito completos uma vez que até trazem receitas; Já fiz a dieta da supressão de proteínas; a dieta da supressão de qualquer alimento que contenha carbohidratos para que o corpo entre em acidose e vá buscar gordura onde ela está a mais; a dieta em que se pode comer tudo mas não se podem misturar determinados alimentos com outros. Sei tudo sobre quantas calorias tem cada alimento de maneira a não ultrapassar umas 1200 por dia. E mesmo assim aposto que me estou a esquecer de alguma, se bem que ninguém queira ler uma descrição exaustiva das dietas que eu fiz. Ah, em todas elas é proibido beber álcool!

Devo dizer que todas resultam. Todas fizeram com que se fossem os quilos que me tinha proposto perder. No fim senti-me sempre a própria Bo Derek.
E o Verão vai passando, eu com uma figuraça; os dias vão encurtando, eu com algumas carências; a hora muda, eu com uma vontade louca de comer todos os palmiers que estão na montra da pastelaria ao pé de minha casa; o Natal é já amanhã, eu decidida a não repetir uma única vez cada sobremesa... mas são muitas... ; Janeiro começa, eu determinada a voltar a perder os quilos que ganhei no Natal... e depois que se lixe, tem que haver uma altura do ano em que uma pessoa possa comer doces, fritos, massa, arroz, pão, pão quente que agora há a qualquer hora, em todos os supermercados e a que eu não resisto.
Mas eis que o sol reaparece e tudo recomeça.
O que quer dizer que, de há uns anos para cá, o meu corpo é um harmónio que encolhe e dilata conforme as estações do ano. Já pensei até em mudar de país para “saltar” o Verão, mas houve um verdadeiro motim na minha família que adora exactamente essa estação.
Assim, a minha dúvida, que certamente partilho com muitas mulheres, é existencial: Que é que faço?
Hipótese 1: esqueço a dieta e assumo que a menopausa mudou o meu corpo e fiquei e vou ficar para sempre, gorda (fico um bocadinho arrepiada com esta palavra), e compro todo um guarda roupa novo onde o meu corpo caiba, ou:
Hipótese 2: sofro cada vez que vou beber um café a uma pastelaria e olho para a montra dos bolos, que vejo arroz no prato dos outros, que não posso comer uma patanisca de bacalhau, que me é proibido beber um copo de vinho branco gelado ou ir ao fim da tarde ao rio, com as minhas amigas, beber aquela bomba calórica que é uma caipirinha?
Aceito sugestões.
Commenti